De factóides e Fantoches
FERNANDO CAMARA
09.09.15
Numa
semana curta, não há muito o que se esperar em termos de mudança de rumo no
governo. Ocorre que há um consenso no empresariado de que ou Dilma dá poder ao
Joaquim Levy ou ficará pior do que está. Levy foi convidado pelo Governo e
começou a "trabalhar" em outubro de 2014, mesmo antes de ser nomeado.
Deveria apresentar um dever de casa completo. Questiono: qual é a diferença
entre Joaquim Levy e Guido Mantega? Nenhuma. O "ministro" da Fazenda
é Dilma e se isso não mudar, os problemas tendem a crescer.
Semana
passada, Levy foi a São Paulo e ouviu dos pesos-pesados da economia nacional
que é preciso que o governo concorde com três pontos:
1.
Aumentar
os investimentos
2.
Melhorar
a gestão
3.
Acabar
com subsídios para determinados setores e cortar despesas de programas
governamentais.
No
mais...
Reunião
do PMDB na terça-feira. Oremos.
Quanto ao
Poder Executivo...
Para
ajudar o Governo, inauguro a chamada: "Dilma, você sabe disso?"
1.
Dilma!
Seu Governo deu anistia de mais de R$ 2 bi!!! Driblou as leis
e normas para prorrogar contrato!!!
2.
O governo
e o Grupo Libra assinaram semana passada o "termo de
compromisso arbitral" para por fim às pendências jurídicas relativas a um
arrendamento no Porto de Santos (SP). Com isso, a Secretaria de Portos (SEP)
aprovou o aditivo da antecipação do contrato da Libra em Santos por mais 20
anos, até 2035, mediante projeção de investimento de quase R$ 750 milhões.
A Libra
arrematou o T-35 em 1998, com a proposta de remuneração mais alta. Mas, já nos
meses seguintes, deixou de arcar com as tarifas alegando que a Codesp entregou
a área em desconformidade com o edital de licitação. Por isso, o tamanho da
dívida não está pacificado. Contudo, a Codesp, estatal ligada à Secretaria de
Portos, emite faturas até hoje dos valores devidos cheios, o que faz da Libra
responsável por mais de 90% dos valores a receber da Codesp. Em 2014, a Libra
respondeu por 94% desse montante, cerca de R$ 1 bilhão.
1.
Obras
abandonadas
2.
A) PROSUB
O
complexo onde tecnologia de alto grau é desenvolvida, que compreende um
Estaleiro, uma Base Naval e uma fábrica de submarinos, em Itaguaí RJ, já teve
cerca de sete mil operários. Hoje tem menos de mil, e está parando antes de
completar 50% do projeto.
1.
B) Unidade
de Fertilizantes Nitrogenados V (UFN V) da Petrobras, em
Uberaba Paralisada integralmente. Pesaram na decisão o atraso para início das
obras do gasoduto, de responsabilidade da GASMIG e falta de apoio da ANP, que
levaria matéria-prima até a planta para o funcionamento da unidade. Até o
momento, já foram investidos R$ 1,25 bilhão no empreendimento.
Abandonando
o projeto, a Petrobras cogita simplesmente sucatear os equipamentos e tubos
comprados por milhões de reais.
1.
Terceirizou
a gestão das FFAA!!!
Por
Decreto, o 8.515, de 3 de setembro de 2015, negando o artigo 84, inciso XIII,
da Constituição, a presidente da República passa a promover delegação
burocrática e política ao Ministro da Defesa, Jaques Wagner, para nomear e
exonerar oficias-generais para qualquer função ou cargo.
O decreto
> A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o
art. 84, caput, inciso VI, alínea "a", da Constituição, DECRETA:
Art. 1º
Fica delegada competência ao Ministro de Estado da Defesa para editar os
seguintes atos relativos a militares:
I -
transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários
e subalternos;
II -
reforma de oficiais da ativa e da reserva e de oficial-general da ativa, após
sua exoneração ou dispensa de cargo ou comissão pelo Presidente da República;
III -
demissão a pedido, ex oficio ou em virtude de sentença transitada em julgado de
oficiais superiores, intermediários e subalternos;
IV -
promoção aos postos de oficiais superiores;
Nada é
fácil
O governo
Dilma, baseado na gastança, simplesmente não consegue levar isso adiante. Se
cortar os programas queima o resto de popularidade que resta. Não tem recursos
para promover investimentos e, ao que tudo indica, para melhorar a gestão teria
que corar Ministérios, algo eu os partidos pedem de público, mas rejeitam nos
bastidores.
Diante
desse cenário, Michel Temer simplesmente assumiu que com 7% de aprovação, não
dá! E está certo. Porém, isso dito de viva-voz pelo vice-presidente perante uma
plateia pró-impeachment soou como um sinal de "vamos derrubar a tia".
Os entusiastas da tese se alvoroçaram. Temer ainda tentou consertar, mas não
conseguiu. A desconfiança está instalada no selim do governo e nem a presença
do vice no 7 de Setembro foi capaz de arrefecer as desconfianças, uma vez que
os aliados de Temer também se afastaram do governo.
Afastamento
de Eliseu Padilha
Apenas
confirmando seu estilo, Padilha distribuiu sobras de campanha entre seus
aliados. Depois disse que desistiu da brincadeira. E agora, Padilha?
Com
tantos afastamentos, o que mais preocupa a presidente, entretanto, é o fato de
o Ministério Público ter deflagrado investigações sobre Edinho Silva e Aloízio
Mercadante. Ambos fazem parte do núcleo mais próximo da presidente e
investigá-los por conta dos gastos de campanha pode representar um problema a
naus a um governo desgastado e sem base parlamentar.
Nem Lula
salva!
Foi à BH
fazer protesto contra a política econômica e em seguida foi encontrar com
Dilma. Estaria ele contaminado com o estilo confuso da presidente? Parece. Lula
tem dito a Dilma que ela já deveria ter feito uma reforma ministerial. A
presidente, entretanto, espera o tempo passar e a cada dia perde substância.
Governo
sem comando
Até aqui,
a presidente continua sem respostas para solucionar os problemas econômicos
mantém a estratégia de criar factoides e apostas no "passar do
tempo". Na semana passada, a mentirinha foi a saída do ministro Levy.
Assim, o Poder Executivo dominou o noticiário a resposta do Governo, dando
conta de que o Ministro da Fazenda permanece no cargo, mesmo indo para Turquia.
Na economia os números só pioram e a expectativa é a de que esse último
quadrimestre será de rachar, ao ponto de os empresários pedirem ao governo que
Dilma empodere Levy, algo que até agora ela não fez. O ministro continua
isolado, num mar de desenvolvimentistas que resiste a cortes drásticos de
gastos.
Hoje eu
acredito que o presidente do Bradesco não queria mesmo era ter o Joaquim por
perto. Assim se livrou de um convite, cuja atuação seria um desastre e, de
quebra, livrou-se, também, de um aspirante. Levy se isolou. Não esta isolado.
Enquanto
isso, na PF...
As
notícias sobre Joaquim Levy meio que embaçaram a denúncia de José Dirceu, João
Vaccari Neto e outros enroscados na Lava Jato. O ex-ministro é o retrato do
abatimento. E tem motivos. O PT perdeu o ímpeto de defendê-lo. Afinal,
enriquecimento pessoal, aparente, isso o PT não perdoa. Ainda assim, ele tenta
fazer o papel de mártir e não se mostra disposto a partir para a delação
premiada, mesmo com indiciamento da filha, que pode lhe fazer companhia em
Curitiba.
Ele, com
todo esforço de comunicação, treinamentos com equipe milionária e estratégia
milimetricamente implantada, foi jogado aos leões.
7 de
setembro
O PMDB
vai com Levy e o muro de aço (foi construído um muro para evitar a proximidade
do povo com o palanque em Brasília) não evitou as vaias cada vez que o nome da
presidente era citado. E ainda teve a estreia da "Pixuleca" uma
boneca inflável de Dilma que fez companhia ao Pixuleco do Lula.
Antônio
João sem resposta
Antônio
João Ribeiro, em dezembro de 1864, há 150 anos, como tenente da arma de
Cavalaria, à frente de um pequeno efetivo de 15 homens, liderou a defesa da
colônia diante do invasor paraguaio, em número muitas vezes maior, sob o
comando do major Martín Urbieta. Ao tomar conhecimento da aproximação do
inimigo, mandou evacuar os civis e resistiu até sucumbir em combate, derrotado
pela fuzilaria paraguaia.
A localidade, situada na micro-região de
Dourados MS, se tornou o município de Antônio João, hoje um grande e próspero
produtor agropecuário e reivindicado pelos silvícolas oriundos do Paraguai.
Estão
aguardando sinais de segurança jurídica, artigo de luxo, escasso nesses tempos
de crise. Aliás, se tem algo que ninguém tem hoje, seja na economia, seja na
política é segurança. Tempos difíceis. E esta semana curta não trará refresco,
apesar da chuva que caiu em Brasília, depois de 100 dias de seca. Se será um
bom sinal, ainda veremos.
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