Votaram
contra a Lava-Jato. Foi um enorme acordo, globalizado. E a tentativa de salvar
Eduardo Cunha
HELIO FERNANDES
Em menos
de 1 hora mudou tudo na quarta feira. Marcada a votação do impeachment, em 15
minutos, o resultado estava no painel eletrônico. Nenhuma divergência, de um
lado e do outro. Tudo o que se esperava, se admitia e aconteceu. 81 senadores
presentes, ninguém fugiu do script ou do roteiro aprovado tranquilamente. 61
senadores a favor do impeachment.20 contra.
A partir
daí, um novo roteiro, contraditório, diferente, estraçalhando a Constituição. E
criando precedentes, que produzirão conseqüências ruinosas e criminosas. E não
levarão muito tempo para se transformarem em fatos, realidade, de acordo, com o
imaginado e concretizado por Renan Calheiros.
Enquanto
senadores se devoravam, Renan coordenava. Para começo de conversa, de forma inacreditável,
conseguiu do Presidente do Supremo, autorização e concordância, para que o
processo fosse decidido em votações separadas. Primeiro, o impeachment. Depois
de proclamado o resultado. A segunda votação, para decidir a punição a ser
aplicada á presidente cassada. E aconteceu assim, na mais grosseira violação da
Constituição. Praticada pelo próprio presidente do Supremo. Que não pode
desconhecer o fato e deixar de tomar providencias drásticas.
Livre e
autorizado, o presidente do Senado, começou a caminhada pelos gabinetes. Primeira
parada: liderança do PT. Nem haviam imaginado essa "solução", ficaram entusiasmados.
Depois, dentro do seu próprio PMDB. 19 haviam votado favor do impeachment. Conseguiu
que 16 mudassem de voto, ficassem a favor de não perder os direitos políticos. Eunicio
de Oliveira não mudou de voto. Logo ele, que será o próximo presidente do
senado. Ou foi por causa disso com medo de rejeição?
Com o
plano, completamente assegurado, Renan falou no ouvido de
Lewandowski,
os dois riram. Era a alegria de se concretizarem e se colocarem, audaciosa mas
satisfatoriamente acima da Constituição. Muitos se perguntavam, depois da
segunda votação, como Renan conseguira aquele "milagre". Não era
milagre, com ou sem aspas.
Conhecendo
seu eleitorado e referendado antecipadamente pelo presidente do supremo, foi
recitando para cada um ou para cada grupo, as "doces palavras" que os
acalentavam. Eduardo Cunha, o primeiro contatado, através de amigos fieis:
"Você não perderá os direitos políticos". Jamais alguém imaginou
isso. Perguntou de volta: "Mas serei cassado?". Renan, "não
posso garantir, vai depender do quorum. Mas não perderá os direitos isso é o
maximo. Em 2 anos tudo foi esquecido, volta deputado ou até senador, são duas
vagas".
Conseguiu
montanhas de indiciados da Lava-Jato. Dizia a todos: "Vamos acabar com
esses arrogantes de Curitiba". E completava: "Meu projeto contra o
abuso de autoridade, será aprovado rapidamente". Na verdade o projeto é
contra a Lava-Jato, mistificado como defesa da coletividade. Logo depois esteve
com Rodrigo Maia, antes de assumir a presidência da Republica. O mesmo tom das
outras conversas. Promessas, que pode cumprir, em troca de acordo.
Neste
caso, a garantia de que será líder do governo Temer, a partir de fevereiro. Quando
acaba seu mandato de presidente da Câmara. Eduardo Cunha e o "centrão”, garantiram
publicamente, que não concordariam. Rodrigo gostou do compromisso de não haver
veto, ficou satisfeito. Como já imagina ser candidato a governador em 2018,
acha que a liderança do governo é importante.
Renan
deixou para conversar com Temer em ultimo lugar, já tendo muita coisa para
contar. Logo de inicio, mostrou que teria maioria ampla no Congresso, incluindo
o PT. E quase imediatamente, parlamentares do PT, afirmavam: "Podemos
votar projetos do governo, desde que sirvam ao país". Temer se fingiu de
irritado, mas na posse riam muito, juntos. E embarcaram para uma viagem de 20
horas. Juntos.
O PSDB e
o PMDB, decidiram: não recorrerem ao Supremo. Cassio Cunha Lima, "intransigente
defensor do povo", declarou: "Sou contra, mas não protestarei". Na
hora de votar, Renan afirmou: "Votei a favor do impeachment, mas votarei
contra a punição, não somos maus".
Às 4 da
tarde, depois de uma reunião tumultuada, o PSDB, mudou de ideia: entrará no
Supremo, com um Mandado de Segurança. Só contra a segunda parte da decisão do
Supremo. Aceita a primeira, quer a anulação da segunda.
O PT
entrou no Supremo. Não concorda com a primeira decisão, a cassação. Não toca na
segunda. Bobagem e primarismo. O Supremo não tem poderes para anular a primeira
votação, do impeachment. E é obrigado a anular a segunda, rigorosamente
inconstitucional.
Nem Dona
Janaina seria capaz de assinar este segundo recurso. Apesar de estar
respondendo a 20 processos na OAB. Por infringencia das normas profissionais. A
OAB, considera que ela é muito “pragmática". Como se viu em todas as suas
espalhafatosas aparições.
PS -O
Senado amaldiçoou a lava-jato. Abençoou corruptos como Eduardo Cunha, que
agora, está á beira da impunidade. A salvação é o Supremo, anulando a segunda
votação do Senado.
PS2-Mas
tem que ser antes do 12 de setembro. Nesse dia, o corrupto ex-presidente da Câmara
será julgado, depois de 9 meses. Se valer o "julgado"do Senado,
estará livre e impune. Isso quanto ao deputado.
PS3-Em
relação á punição de Dona Dilma e Michel Temer pela fortuna ilícita que
gastaram nas campanhas eleitorais. A responsabilidade é do TSE. Se o Supremo e o TSE, falharem, como
confiar na justiça?
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