Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Temer: governo indireto, desgoverno direto

HELIO FERNANDES

Desde o dia 12 de maio, quando Temer foi alçado á posição de presidente provisório, se passaram 4 meses e 10 dias. Um tempo que parece não existir, se tomarmos como referencia, o volume de realizações. Se a analise for fixada na formação, montagem, movimentação e coordenação da maquina administrativa, a conclusão é catastrófica.

Ninguém se entende. Desde os primeiros dias ou semana, a grande preocupação de Temer era desmontar e remontar o que deveria ser um ministério de notáveis. Foi constatado: era apenas um ajuntamento de comprometidos. Que criou dois problemas não resolvidos até hoje. 

Esquecer o "sofrimento" de ter que demitir, (se livrar) de grandes amigos. E a impossibilidade de substituições ou até de novas nomeações. Caso por exemplo da nomeação de ministros indicados e recomendados por potencias como Renan Calheiros. Que não pode e não quer contrariar.

Mas a discordância (parecendo e sendo mesmo contradição) se agravou. Nas 72 horas em que Temer ficou fora do país, vários Ministros se julgaram na condição de autônomos, e fizeram declarações absurdas. Acreditaram que estando longe, não tomaria conhecimento. Esqueceram: com a nova tecnologia, as informações são instantâneas. O presidente nem precisaria transferir o cargo. Como acontece nos EUA. O vice jamais assume, a não ser definitivamente.Vejamos

Temer pouco antes de sair do Brasil, falou sobre prioridades. Um delas: reforma trabalhista, ainda este ano. O Ministro do Trabalho, um desconhecido, não sabia do que o presidente indireto havia dito, falou na televisão: "Reforma Trabalhista só a PARTIR do segundo semestre de 2017". Esse Ministro vem de um fracasso total, queria que os trabalhadores fizessem "jornada de 12 horas diárias". Altamente repudiado. Menos por Temer.

O Ministro da Fazenda criticou TODOS os governadores, também na televisão, reprovando os que querem decretar "estado de calamidade". Não têm outra saída. Meirelles, implacável, concluiu: "Quem não fizer o dever de casa não terá empréstimo". O presidente indireto não respondeu a ninguém. Mas não resistiu e criticou duramente, a entrevista do Ministro Geddel Vieira Lima, totalmente favorável á ANISTIA aos corruptos.

Acontece que o doidivanas da Bahia é o encarregado da aglutinação chamada de coordenação política. Tentando manter unidos, o governo e a base da Câmara. E a maior reivindicação de grande numero de deputados, é torpedear de qualquer maneira Lava-Jato. O ministro-secretário apoiou integralmente a "anistia da madrugada", como ficou conhecida.

A reação do presidente indireto foi mais forte, pois sabia de tudo. Todos os que tramaram essa patifaria, negaram, da mesma forma: "Não sabíamos de nada”. Embora a conspiração fosse tramada e conduzida no gabinete dos lideres dos partidos numericamente mais importantes.Aí,Temer teve que desmentir em voz alta.Começou chamando a posição do ministro - secretario de PESSOAL.Mas logo passou para PESSOALISSIMA. Até na Tanzânia o ministro - secretario pediria demissão. Ou seria demitido.

A Venezuela imita o Brasil

O governo ditatorial de Nicolás Maduro,prende, condena, sufoca e persegue de todos os modos, os oposicionistas. Estes,em eleição direta, conseguiram dois terços do Congresso.Com esse total,podem, perderão,poderiam tomar medidas contra o ditador de verdade, que comanda tudo. 

Depois de infrutíferas tentativas, votaram o plebiscito REVOGATORIO, que está na Constituição. Aprovaram,o povo diria se quer novas eleições.Maduro vetou,a ultima palavra foi para o Conselho Eleitoral.

Controlado por Maduro, esse Conselho marcou o plebiscito para o primeiro trimestre de 2017. Aí não pode haver o plebiscito, o tempo determinado pela Constituição,se esgotou.A eleição para que o povo se manifeste CONTRA ou a FAVOR de Maduro,tem que ser realizada neste 2016.Então "marcaram" para 2017, antecipadamente anulada.

Copiaram a artimanha do TSE, perdão do Ministro Gilmar Mendes. Com a arrogância de quem se julga dono de tudo,vem manobrando desde maio, para que não haja eleição direta.Retardou o processo do exame dos gastos da campanha de 2014, da chapa Dilma - Temer.A utilização de dinheiro de propina, levaria invariavelmente á cassação dos dois candidatos.

A Constituição determina: "Vagos os dois cargos, haverá eleição direta, DENTRO de 90 dias”. Portanto,esgotado o prazo, a mesma Constituição,estabelece:"Se as vagas ocorrerem depois de ultrapassada a primeira METADE do mandato, a eleição será INDIRETA".

A primeira metade da chapa Dilma - Temer se completa em 31 de dezembro de 20l6. Ou se quiseram,1 de janeiro de 2017.Assim,se a chapa for cassada,a eleição será indireta.O TSE ficará desautorizado diante da opinião publica.Mas Gilmar Mendes,maduro para o objetivo de proteger Temer.

A prisão de Mantega: CONTINENTE e CONTEUDO.

Apesar da Brasília política estar vazia, por causa do recesso branco, já pela manhã, a capital se movimentava e se apavorava com a noticia da prisão do ex-ministro da Fazenda. Mas nem mesmo o que vem acontecendo com o ex-presidente Lula,teve a repercussão e os mais diversos desdobramentos.(Apesar de muitos analistas apressados, terem retumbado por vários meios de comunicação:"Essa decisão da Lava-Jato visa atingir mais ainda o ex-presidente".Isso pode acontecer.Mas não como objetivo principal).

Começou pela prisão ter sido efetuada num hospital (o famoso Einstein, de SP), onde a mulher do ex-ministro seria submetida à cirurgia. Assim que soube dessa circunstancia, o juiz Sergio Moro, determinou a sua libertação.E foi criticado,pelas duas ordens.Indiretamente criticou a policia, "eles não deveriam prender o ex-ministro naquela situação".Mas nas redes sociais, disseram logo:"Se fosse um cidadão comum, continuaria preso".

(Essa é uma discussão colateral, mas importante, para mostrar como tentam criminalizar a Lava-Jato. De todas as maneiras, aproveitando ou fabricando oportunidades. A corrupção tem muitas faces, todas poderosas e criminosas. E rumorosas, quando se toca num personagem que foi Ministro da Fazenda).

A situação foi se alterando o dia todo, encerrado, praticamente á espera das conseqüências, que irão surgindo a partir de hoje. O mais importante,ou melhor, importantíssimo, é que nas manchetes estão dois Guido Mantega. Com a diferença irrefutável de envolverem, exibirem ou esconderem o mesmo personagem. Como coloquei no titulo,um que foi sempre criticadissimo.

Outro que só é revelado e conhecido agora. E que avassaladoramente expulsa o outro das manchetes apenas negativas.Substituídas pelo "novo" Mantega, atolado
 na corrupção, ou suposta corrupção.

Como vastamente registrado, Mantega foi Ministro da Fazenda por 9 anos, de 2006 a 2015. Mas o que não disseram:chegou lá penosamente,ocupando espaços inesperadamente vazios, de degrau em degrau.Na formação do primeiro governo Lula, não sobrou lugar para ele.

A ultima hora, um desvio acidental, chamado para Ministro do Planejamento. Nenhuma importância, o governo que se iniciava"estava todo na cabeça do Lula".Sem planejamento, só vontade, audácia,convicção crença no destino.

Ficou quase 15 meses, esperando ou desesperando. Outro descaso e desprezo pelo espírito publico, ficou vago o BNDES.O presidente desse financeiramente poderoso órgão, foi acusado de "emprestar dinheiro alto, a 4 por cento, que imediatamente era "reemprestado a 8 por cento". 

O que fazer, chamaram Guido Mantega. Ficou pouco tempo.Não demorou, o Ministro Palocci mostrou que era o mesmo "prefeito do interior", foi demitido sumariamente.
Mantega atingiu a fase final, que duraria os 9 anos citados ontem. Ficou todo o tempo de Lula,atravessou os 5 de Dilma, exerceu a política econômica mais depredada desses anos do PT.Mas jamais alguém fez a menor referencia a desacertos morais, acordos imorais, atos praticados ou criados para favorecer a ele mesmo ou a grupos interessados.Ninguém pronunciou a palavra corrupção, nesses 9 anos de Ministro da Fazenda.

Criticado pela orientação, não por irregularidade ou enriquecimento

Implantou a "política econômica Mantega" absoluta, intangível e inatingível. Fazia o que bem entendia, não pedia conselhos nem dava satisfações.E todos acatavam. As primeiras e mais acentuadas restrições, vieram do exterior. Foram aumentando de forma significativa.

A revista "The Economist", foi sempre contundente. Duas capas, com o Cristo Redentor como referencia(original), mas Mantega  alvo e objetivo de combate.Sempre no limite,duro, mas da discordância.Unicamente do ponto de vista econômico.

Dizem que se encontrava muito com empresários. Querem que um Ministro da Fazenda converse com quem ? Falam agora que foi autor das "desonerações” facilitando a vida de grandes empresas. È verdade.Mas era política do governo.Permanece até hoje, prejudicando a coletividade.


Não quero defender Guido Mantega, nem tenho elementos para isso. Jamais falei com ele, nem soube de algum fato desabonador que o atingisse.Se ficar provado que Mantega é corrupto,grande decepção.Por causa da cumplicidade de personagem tão importante.

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