Temer: governo indireto, desgoverno direto
HELIO FERNANDES
Desde o dia 12
de maio, quando Temer foi alçado á posição de presidente provisório, se
passaram 4 meses e 10 dias. Um tempo que parece não existir, se tomarmos como
referencia, o volume de realizações. Se a analise for fixada na formação, montagem,
movimentação e coordenação da maquina administrativa, a conclusão é catastrófica.
Ninguém
se entende. Desde os primeiros dias ou semana, a grande preocupação de Temer
era desmontar e remontar o que deveria ser um ministério de notáveis. Foi
constatado: era apenas um ajuntamento de comprometidos. Que criou dois
problemas não resolvidos até hoje.
Esquecer
o "sofrimento" de ter que demitir, (se livrar) de grandes amigos. E a
impossibilidade de substituições ou até de novas nomeações. Caso por exemplo da
nomeação de ministros indicados e recomendados por potencias como Renan
Calheiros. Que não pode e não quer contrariar.
Mas a
discordância (parecendo e sendo mesmo contradição) se agravou. Nas 72 horas em
que Temer ficou fora do país, vários Ministros se julgaram na condição de autônomos,
e fizeram declarações absurdas. Acreditaram que estando longe, não tomaria
conhecimento. Esqueceram: com a nova tecnologia, as informações são instantâneas.
O presidente nem precisaria transferir o cargo. Como acontece nos EUA. O vice
jamais assume, a não ser definitivamente.Vejamos
Temer
pouco antes de sair do Brasil, falou sobre prioridades. Um delas: reforma trabalhista,
ainda este ano. O Ministro do Trabalho, um desconhecido, não sabia do que o
presidente indireto havia dito, falou na televisão: "Reforma Trabalhista
só a PARTIR do segundo semestre de 2017". Esse Ministro vem de um fracasso
total, queria que os trabalhadores fizessem "jornada de 12 horas diárias".
Altamente repudiado. Menos por Temer.
O
Ministro da Fazenda criticou TODOS os governadores, também na televisão, reprovando
os que querem decretar "estado de calamidade". Não têm outra saída. Meirelles,
implacável, concluiu: "Quem não fizer o dever de casa não terá empréstimo".
O presidente indireto não respondeu a ninguém. Mas não resistiu e criticou
duramente, a entrevista do Ministro Geddel Vieira Lima, totalmente favorável á
ANISTIA aos corruptos.
Acontece
que o doidivanas da Bahia é o encarregado da aglutinação chamada de coordenação
política. Tentando manter unidos, o governo e a base da Câmara. E a maior
reivindicação de grande numero de deputados, é torpedear de qualquer maneira Lava-Jato.
O ministro-secretário apoiou integralmente a "anistia da madrugada", como
ficou conhecida.
A reação
do presidente indireto foi mais forte, pois sabia de tudo. Todos os que
tramaram essa patifaria, negaram, da mesma forma: "Não sabíamos de nada”. Embora
a conspiração fosse tramada e conduzida no gabinete dos lideres dos partidos
numericamente mais importantes.Aí,Temer teve que desmentir em voz alta.Começou
chamando a posição do ministro - secretario de PESSOAL.Mas logo passou para
PESSOALISSIMA. Até na Tanzânia o ministro - secretario pediria demissão. Ou
seria demitido.
A Venezuela imita o Brasil
O governo
ditatorial de Nicolás Maduro,prende, condena, sufoca e persegue de todos os modos,
os oposicionistas. Estes,em eleição direta, conseguiram dois terços do
Congresso.Com esse total,podem, perderão,poderiam tomar medidas contra o
ditador de verdade, que comanda tudo.
Depois de
infrutíferas tentativas, votaram o plebiscito REVOGATORIO, que está na Constituição.
Aprovaram,o povo diria se quer novas eleições.Maduro vetou,a ultima palavra foi
para o Conselho Eleitoral.
Controlado
por Maduro, esse Conselho marcou o plebiscito para o primeiro trimestre de 2017.
Aí não pode haver o plebiscito, o tempo determinado pela Constituição,se
esgotou.A eleição para que o povo se manifeste CONTRA ou a FAVOR de Maduro,tem
que ser realizada neste 2016.Então "marcaram" para 2017,
antecipadamente anulada.
Copiaram
a artimanha do TSE, perdão do Ministro Gilmar Mendes. Com a arrogância de quem
se julga dono de tudo,vem manobrando desde maio, para que não haja eleição
direta.Retardou o processo do exame dos gastos da campanha de 2014, da chapa Dilma
- Temer.A utilização de dinheiro de propina, levaria invariavelmente á cassação
dos dois candidatos.
A
Constituição determina: "Vagos os dois cargos, haverá eleição direta, DENTRO
de 90 dias”. Portanto,esgotado o prazo, a mesma
Constituição,estabelece:"Se as vagas ocorrerem depois de ultrapassada a
primeira METADE do mandato, a eleição será INDIRETA".
A
primeira metade da chapa Dilma - Temer se completa em 31 de dezembro de 20l6. Ou
se quiseram,1 de janeiro de 2017.Assim,se a chapa for cassada,a eleição será
indireta.O TSE ficará desautorizado diante da opinião publica.Mas Gilmar
Mendes,maduro para o objetivo de proteger Temer.
A prisão
de Mantega: CONTINENTE e CONTEUDO.
Apesar da Brasília
política estar vazia, por causa do recesso branco, já pela manhã, a capital se
movimentava e se apavorava com a noticia da prisão do ex-ministro da Fazenda. Mas
nem mesmo o que vem acontecendo com o ex-presidente Lula,teve a repercussão e
os mais diversos desdobramentos.(Apesar de muitos analistas apressados, terem
retumbado por vários meios de comunicação:"Essa decisão da Lava-Jato visa
atingir mais ainda o ex-presidente".Isso pode acontecer.Mas não como objetivo
principal).
Começou
pela prisão ter sido efetuada num hospital (o famoso Einstein, de SP), onde a
mulher do ex-ministro seria submetida à cirurgia. Assim que soube dessa
circunstancia, o juiz Sergio Moro, determinou a sua libertação.E foi
criticado,pelas duas ordens.Indiretamente criticou a policia, "eles não
deveriam prender o ex-ministro naquela situação".Mas nas redes sociais,
disseram logo:"Se fosse um cidadão comum, continuaria preso".
(Essa é
uma discussão colateral, mas importante, para mostrar como tentam criminalizar
a Lava-Jato. De todas as maneiras, aproveitando ou fabricando oportunidades. A
corrupção tem muitas faces, todas poderosas e criminosas. E rumorosas, quando
se toca num personagem que foi Ministro da Fazenda).
A
situação foi se alterando o dia todo, encerrado, praticamente á espera das conseqüências,
que irão surgindo a partir de hoje. O mais importante,ou melhor, importantíssimo,
é que nas manchetes estão dois Guido Mantega. Com a diferença irrefutável de envolverem,
exibirem ou esconderem o mesmo personagem. Como coloquei no titulo,um que foi
sempre criticadissimo.
Outro que
só é revelado e conhecido agora. E que avassaladoramente expulsa o outro das
manchetes apenas negativas.Substituídas pelo "novo" Mantega, atolado
na
corrupção, ou suposta corrupção.
Como
vastamente registrado, Mantega foi Ministro da Fazenda por 9 anos, de 2006 a 2015.
Mas o que não disseram:chegou lá penosamente,ocupando espaços inesperadamente
vazios, de degrau em degrau.Na formação do primeiro governo Lula, não sobrou
lugar para ele.
A ultima hora,
um desvio acidental, chamado para Ministro do Planejamento. Nenhuma importância,
o governo que se iniciava"estava todo na cabeça do Lula".Sem
planejamento, só vontade, audácia,convicção crença no destino.
Ficou
quase 15 meses, esperando ou desesperando. Outro descaso e desprezo pelo espírito
publico, ficou vago o BNDES.O presidente desse financeiramente poderoso órgão,
foi acusado de "emprestar dinheiro alto, a 4 por cento, que imediatamente
era "reemprestado a 8 por cento".
O que
fazer, chamaram Guido Mantega. Ficou pouco tempo.Não demorou, o Ministro
Palocci mostrou que era o mesmo "prefeito do interior", foi demitido
sumariamente.
Mantega
atingiu a fase final, que duraria os 9 anos citados ontem. Ficou todo o tempo
de Lula,atravessou os 5 de Dilma, exerceu a política econômica mais depredada
desses anos do PT.Mas jamais alguém fez a menor referencia a desacertos morais,
acordos imorais, atos praticados ou criados para favorecer a ele mesmo ou a
grupos interessados.Ninguém pronunciou a palavra corrupção, nesses 9 anos de
Ministro da Fazenda.
Criticado pela orientação, não por irregularidade
ou enriquecimento
Implantou
a "política econômica Mantega" absoluta, intangível e inatingível. Fazia
o que bem entendia, não pedia conselhos nem dava satisfações.E todos acatavam.
As primeiras e mais acentuadas restrições, vieram do exterior. Foram aumentando
de forma significativa.
A revista
"The Economist", foi sempre contundente. Duas capas, com o Cristo
Redentor como referencia(original), mas Mantega alvo e objetivo de
combate.Sempre no limite,duro, mas da discordância.Unicamente do ponto de vista
econômico.
Dizem que
se encontrava muito com empresários. Querem que um Ministro da Fazenda converse
com quem ? Falam agora que foi autor das "desonerações” facilitando a vida
de grandes empresas. È verdade.Mas era política do governo.Permanece até hoje,
prejudicando a coletividade.
Não quero
defender Guido Mantega, nem tenho elementos para isso. Jamais falei com ele,
nem soube de algum fato desabonador que o atingisse.Se ficar provado que
Mantega é corrupto,grande decepção.Por causa da cumplicidade de personagem tão
importante.
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