Gilmar
agride e estarrece o Supremo. Renan assume: é CONTRA a Lava-jato
HELIO FERNANDES
Logo
depois de terminada a votação do impeachment, surgiu o inesperado e
inapropriado "fatiamento", determinado pelo Ministro Lewandowski. Com
essa decisão, Dona Dilma não perdeu os direitos políticos. Quer dizer: sua pena
foi mínima, ficou sem o resto do mandato, que praticamente já não exercia. Mas
ganhou sobrevida política, continua livre para disputar e exercer cargos, pelo
resto da carreira política, que foi mantida surpreendentemente.
A
repercussão do julgado foi espantosa, por dois motivos. O primeiro, foi o
descumprimento ou o desconhecimento praticamente impossível do artigo 52 da
Constituição, que determina apenas uma votação. E liga indissoluvelmente a cassação,
com a perda dos direitos por 8 anos.
O segundo
motivo, recebido sem a menor explicação: o julgamento, de acordo com o artigo
86, da Constituição, era presidido pelo Ministro Lewandowski, que presidia o
Supremo. No mesmo dia, comentei: "O fatiamento do julgamento do
impeachment da presidente Dilma, foi ESDRUXULO e EXTRAVAGANTE". O repórter,
que ha mais de 70 anos, pratica o jornalismo baseado na informação e na
opinião, tinha todo o direito e até obrigação de discordar.
As duas
palavras que usei, definidoras, mas não ofensivas ou agressivas. Respeitei a
pessoa e até o cargo do Ministro. Embora não concordando com a decisão que pode
ou poderia modificar o julgado até agora. Temia-se que o corrupto Eduardo Cunha,
poderia se beneficiar do fato.
Só que
votada à cassação, o presidente Rodrigo Maia, encerrou imediatamente os
trabalhos. E nem anunciou a perda dos direitos dele. Por 10 anos, incluindo os
2 do mandato de deputado. Não houve o menor protesto.
48 horas
depois, o Ministro Gilmar Mendes, na televisão: "A decisão do Ministro
Lewandowski, foi no MINIMO bizarra". Como ele mesmo colocou seu comentário
como o mínimo, se esperava o que seria, no entendimento dele, o MAXIMO. O que
não demorou a surgir. Pois como digo e repito ha muito tempo, o descompasso, a
incongruência e a contradição, são palavras utilizadas, no dicionário verbal e
escrito do AINDA Ministro.
Grafei em
maiúscula esse ainda, pois como tenho escrito muito sobre seus disparates nada
jurídicos e quase sempre raivosos, já perguntei publicamente: "Ministro do
Supremo pode sofrer impeachment?". Não houve resposta, mas estaria implícita.
Se qualquer presidente da Republica, pode ser cassado, o mesmo teria que acontecer
com membros do Judiciário. Apesar de pertencerem ao mais alto tribunal do país.
Só que
agora, complementando sua "bizarrice" praticada logo depois do
julgamento, Gilmar vai muito mais longe. E em vez de uma palavra, que é
estranha mas não destruidora, usa todo um vocabulário, dificilmente aceitável,
E certamente não publicável.
O
Ministro não pode agredir colegas, nem contribuir para desmoralizar o próprio
Tribunal. Que foi visivelmente atingido. Esse Gilmar Mendes, de tão tumultuada
e estranha atuação, é o Gilmar Mendes que tem sido criticado aqui com insistência.
Não tem
nem a vocação ou a convicção do magistrado. Como presidente do TSE, fala na TV,
que freqüenta assiduamente: "Não decidi sobre a volta do financiamento
eleitoral. Decidirei depois da eleição municipal”. O TSE é ele.
O mesmo
comportamento nada jurídico, que exibe na questão do julgamento da chapa Dilma
- Temer. Sempre colocando o "eu", com total prioridade. E sem a menor
cautela, tentando favorecer e proteger o presidente indireto. Cada vez mais próximo
dele. O que não acontecia quando ele era provisório.
Informaram mal, sobre Lula
Não adianta negar: é complicada a situação do
ex-presidente. Mas não está á beira de ser preso. Isso pode acontecer, só que
não agora. Ou imediatamente. Também é impossível fazer um levantamento sobre
suas possibilidades na eleição presidencial de 2018. Uma analise com 2 anos e 4
meses de antecedência, já é dificílimo. Ainda mais com a confusão implantada na
política brasileira.
Só um farsante como o presidente indireto, tem a audácia de afirmar como
fez no discurso da ONU: "A estabilidade da política brasileira é
extraordinária". Ele é capaz de dizer qualquer coisa para se beneficiar.
Apesar dos recursos que utiliza sem a menor resistência, não consegue sucesso.
Nem mesmo para aprovar projetos misteriosos, ocultos e tenebrosos como o da
"anistia".
A "estabilidade" política é tanta, que embarcou para Nova
Iorque, sabendo do que tramavam. E "contaminou" até o presidente da
Câmara, que foi informado de tudo, mesmo sendo presidente da Republica
interino. Nesta condição, Rodrigo Maia tentou interferir para a aprovação.
Basta conferir com o desmentido do deputado Beto Mansur, que presidia a sessão
da "madrugada". (Como foi rotulada).
Quando o deputado Miro Teixeira, sem informação mas com
intuição,questionou a pauta, Mansur, veemente, quase gritando, explicou numa
confissão visível: "Eu não sei de nada, me entregaram o projeto, só
coloquei na pauta, sem ler". Era a vitoria da "farra parlamentar".
Afinal, Miro Teixeira se elegeu deputado pela primeira vez em 1970,
repetiu em 1974 e 1978, até agora. Depois da conspiração parlamentar que levou
Temer ao poder, nada melhor do que a farra parlamentar, para inocentar os que
roubaram. E jogaram na fogueira, até o ingênuo Maia. (O único ingênuo da
família).
Estou contando esses fatos, para mostrar o lamaçal da politicalha, que
Temer tanto admira. E é nela, que Lula tem que se defender para sobreviver. Não
para 2018, mas para 2016 mesmo, que ainda não acabou. Principalmente para ele.
O PT mais desesperado, sem Lula não haverá 2018.
O partido não acabou, como disse a carreirista Martaxa Suplicy. Ao
abandonar o PT, apaixonada pelo PSDB-PMDB. E agora, desgarrada e desorientada,
garante: "Eu nunca me identifiquei como uma pessoa de esquerda".
Ninguém jamais imaginou isso.
Carreirista não tem convicção ou ideologia, apenas objetivos e ambições.
Ela é a versão feminina de Temer, um dos patrocinadores da sua tentativa de
voltar á Prefeitura, 12 anos depois das derrotas.
È preciso esperar. Os advogados de Lula estão cometendo equívocos. Não
se favorece o réu, atacando o juiz. È fundamental desmontar e desmentir, o
relatório do Ministério Publico. O próprio Sergio Moro já disse, "pode
absolver o ex-presidente". E Moro não é o ponto final. Em caso de
condenação, cabem 3 recursos. Para Porto Alegre, colegiado. Depois STJ,
(Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal). Não como foro
privilegiado e sim ultima instancia. Aí esse processo "transita em
julgado".
Problema real, é se houver uma segunda condenação.
Constrangimento, no depoimento pessoal com o próprio Moro. Apesar de ter tido
durante 8 anos, contatos, conversas e relacionamento com grandes personalidades
do mundo, nada parecido com fato de ter que responder perguntas fundamentais.
Com um personagem que ele já acusou varias vezes de perseguidor. No
momento, é o que existe nesse processo. Do qual depende o presente e o futuro
do ex-presidente.
Renan assume o combate á Lava-jato
Pouco mais de 2 horas antes da decisão do juiz Moro, o presidente
do senado, leviana e audaciosamente, produziu um libelo contra a Lava-Jato.
Teve ida e volta, disse e se desdisse, tudo o que pode ser chamado de
"estratégia de vida e de política de Renan".
Tudo se resume numa frase, que ele foi dizendo e contradizendo, de
acordo com seus objetivos. Textual: "A Lava-Jato precisa acabar com o
exibicionismo". Ai, foi seguindo o roteiro, "ninguém defende tanto a
continuação da Lava-Jato quanto eu". E numa outra reviravolta: "Por
causa desse EXIBICIONISMO, somos obrigados a tomar providencias, em defesa dos
direitos democráticos".
Já passava rapidamente para a justificativa do vergonhoso projeto, que
sem o menor constrangimento, engavetado desde 2007 e que desenterraram para ser
votado com urgência. Sem qualquer sentimento do crime que praticavam,
CRIMINALIZAVAM o caixa 2 a partir de agora. Mas ANISTIAVAM todos os que, em
eleições passadas usaram esse recurso.
Já ia ser aprovado, com os "grandes" partidos fingindo que não
sabiam de nada, como já fizeram antes. Surgiu a denuncia inesperada de Miro
Teixeira. Houve um movimento, não de revolta, mas de repulsa, rapidamente tudo
foi jogado no lixo. O que foi fácil. O projeto voltou para a lata do lixo, perdão,
para o arquivo, onde estava ha 9 anos.
PS1- Já tratei do discurso de Temer na ONU, da sua mediocridade. Agora
tratarei rapidamente da sua infelicidade.
PS2- Discursar antes de Obama, nem mesmo um presidente indireto merece
isso. Obama era aplaudido a cada momento, dialogava, um espetáculo.
PS3- E para desfigurar ainda mais a comparação, o presidente dos Estados
Unidos no seu discurso, deu prioridade total ao COMBATE Á CORRUPÇÂO. Nem parece
coincidência.
PS4- A cobertura que a TV do Brasil deu ao discurso de Temer, exagerada.
Na terça de manhã até á noite. Na quarta ontem, continuaram.
PS5- "Criativo" e "original", Renan usou 3 ou 4
vezes a expressão popular, separar o "joio do trigo". Mas não se
definia, ora querendo parecer uma coisa, ou mudando para outra.
PS6- Mas como a sua reputação é mais do que conhecida, não conseguiu
iludir ninguém. E terminou mesmo como joio. O que confirmou, mantendo na pauta
a "anistia" para os acusados da Lava-Jato.
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