Hoje, o
fim da vida publica de Eduardo Cunha, que pode não acabar
HELIO
FERNANDES
As
trapaças, mistificações e masturbações políticas, começaram em novembro. 10
meses até chegar, sem terminar, a este 12 de setembro. Durante esse tempo, os
Três Poderes foram motivados e mobilizados em função dele, de suas
desonestidades e irregularidades. A partir do primeiro emprego publico, e das
acusações provadas e comprovadas, era difícil, praticamente impossível
acreditar que fizesse a carreira publica que fez.
Demitido
dos cargos, se tornou lobista. Tão conhecido e assumido, que morava num hotel
privativo desses sem profissão. Pois o lobby é proibido no Brasil. Embora seja
vastamente exercido, principalmente no âmbito da politicalha. E para Eduardo
Cunha, passar da politicalha para a política legitima e necessária, nenhum
esforço. O inacreditável, é que tenha ido tão longe e vindo até hoje.
Foram 10
meses em que mobilizou as atenções. Pertencia a um Poder, o Legislativo, que
dominou sem contestação. Desafiou o Executivo de tal maneira, que conseguiu
derrubá-lo, formalizando a posse dos que o “apadrinhavam". Pois sabiam os
altíssimos dividendos que receberiam com a promoção de vice a presidente.
Primeiro
como provisório. E agora como indireto e sub-judice. Até o momento em que um
dos Poderes, o Judiciário, caminhe em direção ao povo, e determine: quem com
Cunha se favorece, com Cunha será desfavorecido. Esse é o Poder Eleitoral. Pois
o mais alto tribunal do país, o Supremo, embora lentamente, não tenha feito o
jogo do ex-presidente corrupto da Câmara.
Réu duas
vezes perante esse Poder, ha meses não é julgado. Já deveria ter condenado o
réu corretíssimo, que sem liberdade, não poderia entrar com vários recursos,
diante do próprio Supremo. Na ultima semana, por duas vezes, fulminado por
Ministros, perdeu definitivamente a obsessão de não ser julgado hoje.
Numa
sessão que começará ás 7 da noite, sem previsão do tempo de duração. Se
terminar com a cassação e a perda dos direitos políticos, podem contar o mínimo
de duração de 5 horas. Indo portanto até á meia noite. Mas esse calculo
tem o máximo de indefinição, podendo entrar pela madrugada.
O tão ambicionado quórum de 257 votos
Esse é o
numero que precisa ser atingido para cassar o corrupto réu. A Câmara abrirá ás
7 da manhã, sem plenário funcionando. Mas com as dependências á disposição dos
513 deputados. 300 deles têm compromisso com o Presidente Rodrigo Maia, de
comparecer. Começarão a chegar a partir da hora do almoço, dependendo da
distancia dos estados. Mas estarão presentes.
Rodrigo
Maia avisou que chegará bem cedo, pela ansiedade e pelos contatos. Seu gabinete
é ligado diretamente á "chapelaria", ponto de entrada. Assim saberá
quem e quantos estarão. Nesses 300, não estão incluídos os 80 ou 90 do PT, PC
do B e PDT, com os quais tem relação apenas formal. Praticamente 400, o que
corresponde á sua afirmação: "Só abrirei a sessão com 420 deputados
presentes, não quero correr riscos desnecessários".
A expectativa
é que estarão na Câmara os 513 deputados, ou bem perto disso. Embora muitos se
retirarão na hora decisiva. Pelo menos essa é a intenção e a estratégia do próprio
acusado. Mas contando com 390 quase certos, o presidente Maia deixa supostos
120 ou 130 a favor de Cunha. Para ganhar, é pouco. Para tumultuar, é muito. E
sem duvida: conhecendo como conhecem o regimento interno, levantarão o maximo
de questões de ordem.
Rodrigo
Maia tem avisado: "Muitos desses recursos, posso indeferir diretamente.
Mas quero interferir pessoalmente, o mínimo possível. Então recorrerei para o plenário".
Imaginem assim, quantas vezes o plenário terá que ser chamado a decidir sobre protelações.
Impossível calcular o tempo desperdiçado por cada consulta. E projetem sobre a
duração da sessão. Como calcular o tempo gasto inutilmente. E concluir.
Provavelmente,
por volta das 11 da noite, Eduardo Cunha estará cassado. A hora pode ser
duvidosa e incerta, o resultado, não. Se os maiores partidos representados na Câmara.
E os 3 que apoiavam Dona Dilma e agora a oposição. Não conseguirem os 257
votos, seria ótimo que abandonassem a vida política, não disputassem mais
eleição.
Quanto ao
presidente indireto, se também não conseguir completar os 257 votos, pode mudar
de indireto para renunciante. Haverá então eleição direta. Que o TSE já deveria
ter determinado ha muito tempo. Cunha será cassado, mesmo que isso contrarie
Temer. Mas se a base do governo, com ou sem a colaboração geral, não obtiver no
mínimo 360 votos, é porque essa base, "teve liberdade para decidir".
E isso é gravíssimo para o país.
A grande decisão, só depois de meia noite
Cassado
Cunha, vem à votação que não deveria haver de modo algum. Pela aprovação do
"fatiamento", como aconteceu no Senado. Preservando os direitos de
Dona Dilma. Querem utilizar o fato e reproduzi-lo a favor de Cunha. Podem
dizer: se o senhor garante que conseguirão os 257 votos para cassá-lo,
conseguirão também, para eliminar seus direitos políticos por 8 anos. Realmente
parece rigorosamente verdadeiro. Mas não é.
Revejam
ou relembrem o impeachment da ex-presidente. Foi cassada por 61 a 20. 25
minutos depois, uma votação autorizada pelo Ministro do Supremo, o placar
totalmente diferente. 19 senadores, ( quase um terço do total) inverteram o
voto e a "convicção", deram ganho de causa a ela.
Na segunda
votação na Câmara, muitos deputados têm a mesma disposição dos senadores. Estão
dispostos a cassar Cunha, mas mantê-lo com os direitos políticos. Se a mudança
de voto ocorrer na mesma proporção, Cunha e seus apaniguados estarão salvos.
Haverá
uma guerra de questões de ordem, de horas. Quero que não aconteça. Será terrível
para o país, para a comunidade, para o Supremo. Que teve uma semana para
impedir que isso acontecesse. Minha crença e total esperança: que 10 Ministros,
usem todas as datas venias que não têm usado, se unam, e considerem o
"fatiamento" inconstitucional. Como de fato é.
Temer desgoverna
Enquanto não decide o que o agrada ou desagrada, no julgamento de logo mais, o presidente indireto desestrutura totalmente. Pessoal, administrativa, econômica e politicamente. Teve tempo para isso. No caso Cunha, esgotou os dias, de quinta ate hoje. Agora tem que esperar o final da noite desta segunda. Ou o desenrolar da madrugada, já na terça. Aproveitou para demitir ou repreender ministros.
Enquanto não decide o que o agrada ou desagrada, no julgamento de logo mais, o presidente indireto desestrutura totalmente. Pessoal, administrativa, econômica e politicamente. Teve tempo para isso. No caso Cunha, esgotou os dias, de quinta ate hoje. Agora tem que esperar o final da noite desta segunda. Ou o desenrolar da madrugada, já na terça. Aproveitou para demitir ou repreender ministros.
O
Advogado Geral da União, pensou (?) que era mesmo Ministro independente, tentou
se libertar do domínio de Eliseu Padilha.Foi demitido, com ressalvas e receios.
È difícil garantir quem é mais poluente e incompetente.
O
Ministro do Trabalho desagradou o Chefe da Casa Civil, foi desconsiderado, com
todo mundo sabendo.
Imediatamente
até o inefável Paulinho da Força se irritou, telefonou para Temer: "Temos
que conversar com urgência". Será recebido amanhã, terça, no meio da
incompatibilidade do momento. Assunto: reforma trabalhista.
Tem que
resolver as exigências dos senadores Jucá e Renan. O primeiro quer voltar ao
Planejamento.O segundo exige a nomeação do Ministro do Turismo,indicado por
ele.Desde o mês passado.Como se julga genial, pediu aos dois, certificado de
"nada consta", nos arquivos da Lava-Jato.Temer é incógnita completa.
Política,
econômica, pessoal. Menos na Lava-Jato. Adoraria que ela não existisse ou
acabasse. Só não tem coragem de combatê-la. E chega ao pânico, só em imaginar
até onde ela pode chegar. Os caminhos do Jaburu são conhecidos. Pela Lava-jato
e pelo saudoso amigo, Eduardo Cunha.
PS- No
meio de tanta noticia negativa, depreciativa, nociva, pelo menos uma positiva. Posse
de Carmem Lucia como presidente do Supremo. Consciente, respeitada, impregnada
do verdadeiro espírito do magistrado.
PS2- Assume
sem festa, foguete, comemoração. Mas com a presença de "quem é quem".
E até de quem não é. 24 ou 48 horas depois da posse, já receberá recurso de
Eduardo Cunha. Cassado depois de muitos artifícios e mobilizações espúrias, tentará
mais uma vez, "comover" o mais alto tribunal. Procurando anular o que
a Câmara decidirá hoje ou na madrugada de amanhã.
PS3- Alem das questões constitucionais que o
supremo tem deixado para trás. Terá que se dedicar intensamente, a unir o que
se constitui hoje,em fortíssima desunião.O plenário, vencedor, coletivamente.È
desrespeitado e desconhecido,individualmente
PS4- No
limiar de domingo (11) o ministro Luiz Eduardo Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF), negou pedido do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para
suspender a votação na Câmara que pode levar à cassação do mandato dele.
Marcada para esta segunda (12), que promete mais um capitulo com muito frenesi
político. Este foi o sexto pedido feito por Eduardo Cunha desde o início do
processo contra ele na Câmara, o quinto negado pelo Supremo. Ele conseguiu
autorização apenas para comparecer à Câmara para se defender pessoalmente na
Comissão de Constituição e Justiça.
PS5- Os argumentos do
advogado de Cunha, são os mesmos, das vezes anteriores, citação, prazo entre
outros pretextos de uma justiça que é mais conivente que combativa. Eduardo Cunha responde por quebra de decoro
parlamentar sob a acusação de que mentiu na CPI da Petrobras sobre existência
de contas na Suíça em seu nome. Além do processo na Casa, ele é alvo de ação
penal no STF e a Procuradoria-Geral da República afirma que ele usou
contas no exterior para lavar dinheiro desviado da Petrobras.
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