Muita coisa depende do Supremo. Mas
até o dia 12
HELIO FERNANDES
A fragilidade
das Instituições não podia deixar de atingir o judiciário. Principalmente a sua
maior expressão, o Supremo Tribunal Federal. Omisso, hesitante, dividido, contraditório, chega ao máximo da identificação
surpreendente: periclitante. E nessa palavra não habitual, compromete a sua
mais importante função: preservar a Constituição. Inicialmente perde tempo
examinando questões que deveriam ser extintas em instancias iniciais.
E que
advogados espertos, alegando vagos e inexistentes sinais de competência
superior, elevam até o exame do Supremo. Recursos protelatórios, apenas para
ganhar tempo, numa decisão, que não têm a menor duvida qual será. Com isso,
roubam o bem mais precioso dos 11 Ministros: o tempo irrecuperável para julgar
questões fundamentais.
Ha 8
meses, abusando do personalismo, divergindo lamentavelmente, totalmente
esquecidos do outrora tão utilizado data-venia, se hostilizam, por enquanto
apenas com a hostilidade verbal. Para não ir muito longe, começo com o problema
que jamais foi examinado, a não ser pelo relator: a possibilidade do
ex-presidente Lula ser ou não ser Ministro da então presidente Dilma. O relator
não tinha isenção para relatar o caso.
E depois
não teve profissionalismo. Relatou uma porção de incompatibilidades que não
entregou. Mas revelou para jornais e televisões. Imediatamente viajou para o exterior,
meses se passaram. Já que aceitou o recurso,deveria julgá-lo com prioridade. È
evidente que Lula podia ser Ministro, mas se admite que Gilmar votasse pela
negativa. Jamais pelo "engavetamento".
Lula não
foi Ministro, o relator "desconfiou" que ele pretendia fôro
privilegiado. Em suma: o Supremo nem se preocupou. Mas ficou valendo a
presunção e não o fato, examinado e julgado.
1 mês
depois, fevereiro, recuperação e reabilitação, com uma decisão que já era
exigida ha muito tempo. Os que respondiam a processos,só podiam ser presos
depois de condenados em segunda instancia. Mas com a decisão TRANSITADA EM
JULGADO. Isso levava anos e anos.
Um
só exemplo, mas outros podem ser repetidos, ininterruptamente. Um senador
cassado, foi processado por vários crimes, incluindo corrupção. Condenado há 12
anos, na primeira instancia entrou com 46 recursos. (No que continuou sendo
chamado de primeira instancia). Ganhou um tempo enorme, em liberdade. Esgotados
os recursos PROTELATORIOS, passou para a segunda. Já com dezenas de recursos, teve
a condenação confirmada, também confirmou a "estratégia”, para se manter
em liberdade, enriquecendo advogados avaros. (E tão perdulários, que eram donos
de restaurantes, que acabaram indo á falência).
Inesperadamente,
o Supremo decide,recebendo aplausos gerais: na segunda condenação, o réu deve
ser imediatamente preso. Embora continue com direito a mais recursos. Muitos
foram presos, incluindo o ex-senador. Essa decisão provocou pânico geral. Principalmente
entre os poderosos donos das empreiteiras roubalheiras. Já condenados na
lava-jato. E na iminência da segunda condenação e da prisão imediata.
Movimentaram
seus prodigiosos recursos, contrataram o mais caro advogado do país, com o
objetivo de mudar o resultado da votação do Supremo. Apresentou como autor do
pedido, um partido "nanico". Sem qualquer representatividade ou importância.
Sem interesse na questão. E sem dinheiro para pagar o advogado que aparece
patrocinando a causa. A questão do partido, não interessou a ninguém. O financiamento, resolvido
pelas Odebrecht e a OAS, que estão aí para abrir o cofre cheio de dinheiro
"propinado".
Enquanto o recurso caminhava, surpresas no supremo
dividido. 2 ministros, derrotados no julgamento COLETIVO, agiram
INDIVIDUALMENTE, e mandaram soltar presos condenados em segunda instancia. Depois
de 6 meses, o julgamento para mudar o já decidido por 7 a 4. Novamente entrou em
pauta, quarta feira passada. Deve continuar na quarta, dia 7.
O Supremo diante da prioridade
das prioridades
Agora, na
pauta da opinião publica dois julgamentos importantíssimos. Na pauta do
Supremo,
apenas um. Não tem saída. Julga os dois na quarta, admitindo continuação na
quinta, nada impossível. Julga imediatamente os recursos a respeito da decisão
do Senado sobre o impeachment e a não cassação dos direitos de Dona Dilma.
Ou será cúmplice
de uma decisão que representa a maior violação da Constituição. Excetuados
naturalmente os tempos ditatoriais, que a historia do Supremo conhece muito
bem. E registra de forma lancinante. Colaborou satisfatoriamente com a
ditadura. Embora, felizmente, nenhum Ministro de hoje, tivesse
nascido.
Corrupto, bravateiro, fanfarrão, Cunha se julga grande vencedor
Assim
que terminou a segunda votação, na quarta feira, a noticia chegou logo ao
apartamento "funcional" do ex-presidente. Meia hora depois, engarrafamento
total. No lado de fora e de dentro. Nenhum local para estacionar, nem cadeira
para sentar. Mas a champanha jorrava ininterruptamente. E Cunha não parava de
relembrar o que dissera antes: "Falei que em 33 dias que Temer e Rodrigo
Farias me concederam de prorrogação, muita coisa aconteceria".
Passou
a mostrar seus planos. No dia 12 não serei cassado, voltarei á Câmara no mesmo
dia. Estas conversas e reuniões, acontecerão no meu gabinete. Não quero
participar de nenhuma Comissão. Dominaremos a Câmara e o governo, como antes. Ia
continuar, alguém perguntou: "Muito bem, você não perderá os direitos políticos.
Mas se for cassado, o que fazer de agora até 2018?".
A
movimentação continuou da quarta até agora. E garantem que irá até chegar o dia
12. Cunha reafirma: "Nessa segunda feira, tentarão me cassar. Mas não conseguirão
os 257 votos necessários. Quem controla o quorum, sou eu". Alguns não
acreditam que permanecerá com o mandato. Mas não dizem nada.
10 a zero, no Supremo, nas duas votações do Senado
Ao
contrario do que muita gente pensa ou admite, o mais alto tribunal do país, não
cometerá a leviandade de se omitir. Examinará as duas votações da ultima
quarta. E apesar do lugar comum jurídico, "o Supremo tem sempre a ultima
palavra", isso se confirmará, com ligeira modificação. O Supremo decidirá,
mas rigorosamente cumprindo a Constituição. Na questão do impeachment
propriamente dito, é poder exclusivo do Congresso. O supremo ratificará o
decidido por 61 a 20. Os 10 ministros, unânimes na decisão.
No
fatiamento, autorizado, validado e transformado em fato pela concordância e a
participação INCONSTITUCIONALISSIMA do Ministro Lewandowski, os mesmos 10
ministros não têm saída ou opção. Não existe discordância: depois da cassação,
a perda dos direitos políticos. Como aconteceu com o presidente Collor, no único
impeachment que foi até o fim no Brasil.
Dezenas
e dezenas de cassados, á movimentam advogados para entrarem no supremo. O
primeiro foi o senador Delcídio. Quer a anulação da cassação. E a recuperação
dos direitos políticos. Na verdade o que interessa é a segunda pretensão.
O
Ministro Lewandowski não votará em nenhum dos recursos que já chegaram. Na
questão do impeachment, está impedido TECNICAMENTE. No absurdo voto, mantendo
os direitos da presidentA já cassada, seu impedimento é ETICO. Rumores que
Lewandwski se aposentaria, assim que passasse o cargo a Carmem Lucia. Apenas
rumores.
O
processo que determina a prisão de quem for condenado pela segunda vez, será
apreciado depois. Esperou 6 meses, pode esperar mais alguns dias. Mesmo porque,
os 7 a 4 do primeiro julgamento, não se transformarão em insanos e irresponsáveis
6 a 5.
PS-
De Michel Temer da China: “Não estou preocupado com as manifestações das ruas, Estou
preocupado em governar'.
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