Nossa justiça é cara,
ineficiente e morosa
(...) “Nunca
se fala, ou sequer discutem que um processo na justiça, dentro do universo de
108 milhões, custa aos cofres públicos R$ 2,2 mil cada/ano”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
O judiciário brasileiro está na beira do abismo, as medidas
adotadas pelo estado, vem se revelando ineficaz para conter a elevada demanda
de novas ações e o congestionamento de processos, e ainda a ineficiência da
maioria dos seus juízes. Se não atende aos pré-requisitos ínsitos do direito de
acesso a justiça, e nada se faz para que isso ocorra, o que fazer diante dessa
anômala situação? Em 2014 o sinal vermelho acendeu no judiciário.
Vozes da comunidade lançaram ferrenhas criticas aos seus
atores, o que levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a instituir a Política
de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição. Naquela altura o Relatório
Justiça em Números já indicava uma
taxa de congestionamento do segundo grau de 48%, enquanto que a do primeiro é de
73%. No primeiro grau da Justiça Estadual (excluídos os juizados especiais), o
congestionamento era de 80%, contra 46% do segundo grau.
Sem
dúvida temos a ineficiente à justiça, cara, insolente com os advogados e por
isso navega em “águas turvas”.
Bem
lembrado, em 2012 a Força Sindical realizou uma Convenção num estádio e, na
cidade de Santo André – SP, e para mobilizar a categoria, anunciou o sorteio de
carros “zero”.
O
objetivo: aprovar uma pauta de reivindicações e outros pontos do direito do
trabalhador e sua organização institucional. Recente a Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJSP), publicou a Portaria nº 9.327/16, que detalha o programa
Judiciário eficiente, com objetivo de reconhecer a produtividade das unidades
judiciais de 1º Grau com a entrega de selos nas categorias Ouro, Prata e
Bronze.
Além disso, o programa distribuirá prêmios (inclusive em dinheiro)
entre os servidores das unidades judiciais que receberem o Certificado
de Unidade Judicial Eficiente, conferido àquelas que obtiverem dois
selos Ouro consecutivos.
Pretendem com a medida, (evidente fora dos padrões até então adotas), estancar
o alto congestionamento de processos.
Piero
Calamandrei ensina que “não basta que os magistrados conheçam com perfeição as
leis tais como são escritas; seria necessário que conhecessem igualmente a
sociedade em que essas leis devem viver” (Eles, os juízes, vistos por um
advogado).
Afinal o que aconteceu com a nossa reforma
trabalhista? Porque ela está congelada no Congresso? A redução da jornada de trabalho
de 44 para 40 horas semanais nunca será aprovada? Desde os governos de FHC, e
Dilma praticamente há três décadas, nenhuma conquista, ou resposta a pontos
cruciais da relação capital-trabalho.
Ninguém consegue responder por que um direito
líquido e certo do trabalhador leva anos para ser entregue? São questionamentos
que dilaceram milhões de trabalhadores ávidos por resultados que atendam com
celeridade a sua demanda. Fazendo um
upload da justiça especializada teremos uma imagem projetada onde por certo,
estará contabilizado o triplo do atual número de ações em demanda, ou seja, em
20 anos, possivelmente 80 milhões de processos estarão tramitando na JT.
Enquanto a reforma não decola, discutimos a
terceirização que abrange atualmente 11 milhões de trabalhadores, o trabalho
temporário, 65 milhões de informais, contra 43 milhões de formais, dos quais
11,5 foram desempregados nos últimos cinco anos.
Agora o empossado presidente Michel Temer, já a frente de uma
comitiva de parlamentares e empresários, rumo a China, declarou: "Temos
que modernizar a legislação trabalhista para garantir os atuais e gerar novos
empregos".
Irônico, hipócrita, e desumano tal afirmação, justamente no
momento em que assume por decisão do Senado a presidência da República. Nunca se
fala, ou sequer discutem que um processo na justiça, dentro do universo de 108
milhões, custa aos cofres públicos R$ 2,2 mil cada/ano.
As reformas a
trabalhista tem sido um grande desafio para os governos. A fracassada alteração
do artigo 618 da CLT, para flexibilizar e cortar direitos pretendidos pelo
governo FHC resultou no seu arquivamento no Senado.
O núcleo sindical fechou questão para não abrir mão de
conquistas, e da mesma forma, a promessa da “Era Lula” em concluir a reforma,
desagradou o segmento. No governo Dilma, o assunto passou longe.
Lá na China, entregará nossos metais, a riqueza do solo
brasileiro, em troca de dólares, que serão mal aplicados, neste processo débil
e nebuloso que impera no Planalto.
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