A importante pauta do Supremo, amanhã
HELIO FERNANDES
Tudo o que está
acontecendo no Brasil, no Executivo, Legislativo e Judiciário é de alta relevância.
Não existe prioridade e sim necessidade e atualidade, que os Três Poderes cumprem
e descumprem com previsível irregularidade e contradição. O Executivo é o mais
presente nessas questões, chegando ao ponto de substituir e contrariar a
vontade do próprio eleitor.
Aparecendo como
presidente sem eleição, presidente provisório. E agora como presidente
indireto. Que pela inércia e a falta de compromissos, não consegue ultrapassar
a impopularidade. E não tendo sido eleito, só imagina um futuro para ele: a
reeleição.
O
Legislativo, (Câmara e Senado) é o mais desprezado da Republica. Sem nenhuma
duvida. Até mesmo o Congresso de 1889 a 1930, a chamada Republica Velha, do
partido único, o Republicano, tinha valores, em numero pequeno, mas mesmo sem
eleição, razoável representatividade.
Esse
Congresso que está aí, e que ficará até 2018, foi definido, rotulado e
achincalhado pelo próprio povo. Que diante de suas instalações luxuosas e de
manutenção caríssima e absurda, retumbou: "Vocês não nos
representam". Não melhoraram nada.
E
tentando federalizar a eleição municipal, deixaram até de trabalhar. E pelo que
se depreende dos nomes que vão surgindo, o grito de protesto do povo, não será
ouvido pelos novos 5 mil e 500 prefeitos. E 62 mil vereadores.
Que já
ganharam, antes da eleição, antecipadamente, o direito de praticarem irregularidades,
enriquecerem de forma ilícita, e não serem julgados pelo Tribunal de Contas. Como
acontecia até agora, e foi modificado absurdamente pelo plenário do Supremo
Tribunal Federal.
O mais
alto tribunal do país determinou ha 2 meses: "Os governadores só poderão
ser julgados pelas Assembléias Legislativas. E os prefeitos, pelas Câmaras de
vereadores". Houve comemoração em quase todos os estados e municípios, o
Supremo, afastara da vida deles, o fantasma do Tribunal de Contas.
Como
governadores e prefeitos, têm sempre maioria nos legislativos estaduais e
municipais, em vez de julgados, serão exaltados. Ou como escrevi 24 horas depois
da decisão: "O Supremo deu a eles, governadores e prefeitos, "licença
para roubar". Com a participação financeira e corrupta da
cumplicidade.
A importância do Supremo, o perigo e o medo do
retrocesso
Se os
Ministros decidissem acabar com esse "privilegio da impunidade", de
governadores e prefeitos, seria reconsideração positiva, proveitosa, altamente elogiosa.
Retrocesso indefensável, inaceitável, incompreensível: se o Supremo voltar
atrás, na admirável decisão de Fevereiro. Quando ficou estabelecido por 7 a 4: "Réus,
condenados em segunda instancia, serão imediatamente presos. Continuarão a
defesa, mas não em liberdade".
Pânico
total, principalmente dos maiores favorecidos das empreiteiras da roubalheira. Houve
imediata mobilização.Já condenados em primeira instancia,tendo perdido recursos
no STJ e no STF,mudaram de estratégia.Decidiram distribuir dinheiro, que
acumularam com a depredação das maiores estatais do país.Fortunas fabulosas
como é publico e notório.
Contrataram
o mais famoso e caro advogado do Brasil, amistosamente chamado de Cacai, prinpalmente
pelos clientes do antigo e falido restaurante. Continuou com outro tipo de
cliente, alimentado pelas roubalheira da Petrobras.Amanhã,a partir das
14,30,estará falando para o plenário.2 ministros que mudaram de posição,
mandaram soltar indevidamente presos.
O
advogado terá que explicar a razão do seu cliente, ser o Partido Ecológico, sem
voto e sem representatividade. E o que liga suposta Ecologia, com a verdadeira
e provada roubalheira.E para terminar :quem é que financia o recurso e paga os honorários.Se
esta fosse uma analise gramatical, poderia ser dito, que " o sujeito está
oculto por elipse".Mas como não é, o advogado tem todo o direito de cobrar
e receber,sem limite, mas com total transparência.
Rumores
de que pode haver adiamento, por causa da divisão sem data venia. Confirmada a
pauta, garantem: os 7 a 4 positivos, se transformarão em 5 a 6, lógico,
negativos. Teriam mudado 2 votos. Não acredito. Mas,igualmente ruinosa,a
decisão de manter a prisão na segunda condenação,mas não como JURISPRUDENCIA.E
sim obedecendo a "critérios" ocasionais.Aí retrocesso, acinte á
opinião publica, complacência com criminosos culpados, condenados,e defendidos
por marajás da criminalidade,distantes de simples causídicos.
A prisão,
esperadissima de Palocci
O fato não
"abalou Brasília", como costumam dizer, e aconteceu com a prisão do também
do ex-ministro Mantega, por dois motivos. Primeiro, que Mantega teve uma
carreira sempre em ascensão, como mostrei com exclusividade.Jamais acusado de
qualquer irregularidade.Exatamente o contrario de Palocci.
Prefeito de
importante município de São Paulo, foi pra Brasília, envolto em acusações. Ministro
da Fazenda do primeiro governo Lula,surpresa total,o "escolhido" era
Mercadante, que se elegera senador.Prestigiado,Lula dizia e repetia,quero
que" o Palocci me dê sinal verde para baixar os juros".O "sinal
verde" chegou para demiti-lo ainda no primeiro mandato.Com denuncias
aviltantes e que não pôde responder.Tentou,usando o pobre do caseiro, que revelara
tudo.O ex-presidente não quis nem conversar.
Mas como
naquela época, nos governos no poder, não havia "fanatismo" pela moralidade,
nem identidade e união entre Lula e Dilma, ela assumiu e nomeou imediatamente
para a Casa Civil, quem?Lógico, Palocci. Durou pouco mais de 7 meses, foi
demitido por causa de bens enormes, que não conseguia explicar.Tentou mostrar
que era consultor, não adiantou.
Ha 2 anos
surgia a Lava-Jato, Palocci, sempre lembrado O casal de marqueteiros das 3 últimas
campanhas do PT, citou Palocci, como tendo recebido dinheiro de propina das empreiteiras.
Principalmente da Odebrecht.E como vários outros,"para campanha eleitoral
de Angola".Um país em guerra civil de 30 anos, e dominado pelo mesmo
personagem ha 34 anos.
Quando
Marcelo Odebrecht começou a falar, Palocci sabia que estava a caminho de Curitiba.
Foi preso ontem pela manhã, nas condições que o decano do Supremo,Celso de
Mello,declarou "legitimas de acordo com o Código de Processo Penal".O
juiz Sergio Moro mandou "bloquear" 128 milhões em contas particulares
e bens moveis.Facilmente encontrados, mas não explicados.A situação de Palocci
é insustentável, não houve ninguém para defendê-lo.
A não ser
os que sabem que serão ou deverão ser os próximos. E o carreirista e
oportunista Ministro da Justiça, que passou o dia se exibindo e se repetindo
nas mais variadas televisões: "A Lava-Jato não será atingida de jeito algum.
Ela é imprescindível no combate á corrupção".
A única
duvida ou equivoco da operação, foi chamá-la de "omertá". È uma
palavra auto explicável, principalmente entre os mafiosos da Sicilia e adjacências.
Mas lembra imediatamente a Itália, onde a operação "mãos limpas" foi
trucidada por parlamentares.O mesmo que querem fazer aqui.Na Itália, a guerra
contra a corrupção, levou ao poder, o corretíssimo Berlusconi.Nem quero fazer
suposições a respeito de uma repetição no Brasil.
Porta-voz do Planalto (Exclusivo)
O
presidente indireto, está procurando alguém que unifique as diversas opiniões
divulgadas por com ministros faladores. Todos os Presidentes têm um,embora
mantenham dialogo pessoal com os diversos órgãos.Temer não encontrou.Mas no fim
de semana, surpreendentemente, convidou o jornalista Nelson Hoinef.
Competente,
corretíssimo, eclético, ha anos dirige a Skay. Ontem telefonou para o presidente,
pediu desculpas: "Presidente, infelizmente não posso aceitar”. Uma
perda,Temer terá que insistir na procura.
Contradições
sobre economia
Os números podem
ser mesmo conflitantes ou distribuídos á vontade. E até sendo contraditórios. A
Moodys, prevê crescimento para 2017, de 047. Para todo o ano.Órgãos do governo
falam em alta de 3,37.O Banco Central mais cauteloso, quando era abertamente
otimista,e previa atingir o centro da meta ainda "neste ano de
2016".Agora se limita a dizer que a "inflação não vai subir".Ha
4 meses, era claríssimo, mudou muito.
Nem o
presidente do BC, nem o ministro da Fazenda, que já presidiu o BC, (fracasso
total, não foi reconduzido por Lula em 2006), falam sobre juros. Que continuam
em vergonhosos e decepcionantes 14,25.Mês passado o presidente do BC,deixou
escapar:"Gostaria de impor uma política agressiva na questão dos
juros".
Para
"política agressiva", é preciso coragem, convicção e autenticidade. Quando
Dilma era presidente, escrevi varias vezes:"Os juros, que já
estiveram a 7 por cento, estão em 14,25 ha muito tempo".E insistia:"È
preciso um choque de autenticidade, trazer os juros para 10 por cento, DE UMA
VEZ SÓ".Isso seria fundamental. Nem Ilan, Meirelles e muito menos o
presidente indireto têm conhecimento ou conhecimento da realidade, para fugir
da rotina.
A incógnita da Colômbia
O
intitulado maior acordo da America Latina, pode até redundar em alguma coisa.
Mas não agora ou imediatamente. Ontem foi a assinatura, entre representantes
das Farcs e dos governantes da Colômbia.Havia entusiasmo, até vontade que desse
certo.Mas existem montanhas de obstáculos, que levarão anos para serem
removidos.
Haverá o
plebiscito-referendo, que será aprovado. Mas com muita resistência e restrição.
Maioria? Sem duvida. Dos que têm esperança de RECUPERAÇÃO do que foi perdido. Vão
tentar esquecer os 300 mil mortos, os 100 mil desaparecidos? Tentarão. Mas os 8
ou 10 milhões que foram expulsos de sua região de sua casa, e aos quais foram
garantidas indenizações, mais do que razoáveis? De onde virá o dinheiro se
quiserem cumprir mesmo o prometido?
E a
integração ou reintegração dos guerrilheiros na vida política? Disputarão
eleições, terão partidos, poderão fazer oposição? E a GARANTIDA punição por um
tribunal militar especial para os que alem de guerrilheiros, foram criminosos
que nem precisam de confissão? Tudo muito vago, incerto, pode ser esperançoso,
mas difícil de atingir.
Alem do
mais, existem dois grupos de guerrilheiros, não tão forte quanto as Farcs. Mas
um deles, bem organizado. Não aderiram. Continuarão nas selvas. E se o acordo
começar a não dar certo, muita gente poderá voltar para a antiga vida. Fizeram
festa, assinaram um papel, que precisa ser mantido sempre á vista para não
"envelhecer". Estamos em plena era da tecnologia. Com o papel, mesmo cheio
de assinaturas, perdendo rapidamente o valor.
PS- Até o
momento em que escrevo, o Ministro da Justiça, não foi demitido, nem pediu
demissão. È o governo Temer, ele era desorientado como secretario de segurança de
São Paulo, não melhorou nada.
PS2-
Deixou bem claro, na quinta feira: "A lava-jato entrará em nova
fase". A oposição quer que ele explique como sabia. Saiu pela tangente de
quase todos que falam por falar: "Fui mal interpretado". O presidente
indireto, nem interpreta, logo concorda e se omite. É mais tranqüilo.
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