JT possui 18 milhões
de ações travadas
(...) “Em 2012 mais de 92 milhões de processos tramitavam na
Justiça, e a taxa de acúmulo era de em 70%. Neste mesmo ano foram 28 milhões de casos novos, dessa
forma a maioria dos tribunais, com exceção da Justiça Federal,
não conseguiu dar vazão aos processos em relação ao estoque existente”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Com
18 milhões de ações travadas a justiça especializada do trabalho é hoje um
fenômeno jurídico sem precedente no judiciário mundial. O Judiciário brasileiro
também é o maior do planeta, pesquisando 208 países, o Brasil lidera o ranking
de ações ajuizadas tendo atingido o número de 108 milhões de processos em 2015.
Os
dados refletem a base de dos registrados na estatística do programa “Justiça em
Números”, divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ desde 2006. Em
2015 o número de ações trabalhistas teve um aumento de 12,3% em 2015 (dados do
TST), que foram distribuídos nas 1, 4 mil Varas do Trabalho, 2,6 milhões de ações
registrando um recorde de toda a série histórica, iniciada em 1941.
Os
atores do judiciário não se preocupam com o seu desgaste junto à comunidade. E
quando reagem no sentido de aplacar o embuste jurídico, tomam medidas (vide
inciso 4° do art. 139 NCPC) a exemplo da 2ª Vara Civil de São Paulo, que
cancelou a CNH do devedor, passaporte, e seus cartões de crédito. Decisão
drástica, de efeito moral, porém ineficaz.
Em
2012 mais de 92 milhões de processos tramitavam na Justiça, e a taxa de acúmulo
era de em 70%. Neste mesmo ano foram
28 milhões de casos novos, dessa
forma a maioria
dos tribunais, com exceção da Justiça Federal, não conseguiu dar vazão aos
processos em relação ao estoque existente.
Segundo
os dados do relatório, as despesas do Judiciário somaram R$ 57,2 bilhões no ano
passado, o equivalente a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa
que, para cada cidadão brasileiro, a Justiça tem um custo de R$ 300,48.
Dos
gastos, R$ 50,7 bilhões (88,7% da despesa) são com recursos humanos. Entre todos os fatores, para os técnicos em RH,
um é determinante: a alta do desemprego em 2015. “A crise econômica fez com que
mais trabalhadores despedidos procurassem a Justiça do Trabalho para reparar
algum direito”, afirma o professor da FGV e da PUC-SP Paulo Sérgio João.
“Quando há uma situação econômica mais estável, não há um fluxo tão grande de
reclamações trabalhistas. A Justiça do Trabalho é uma Justiça dos
desempregados. É a última tábua de salvação.”
“Os
efeitos da crise se mostram duradouros. Isso afeta todo o mercado de trabalho.
Se há um número expressivo de demandas, em 2016 ele vai ser ainda
maior". - Claudinor Barbiero, professor do Mackenzie Campinas.
O
novo presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, em seu discurso de posse,
declarou que há uma preocupação com o grande volume de processos. "O que
explica o crescimento desmesurado das demandas trabalhistas e a pletora de
recursos, atolando e paralisando todos os nossos tribunais? Como tirar do papel
a garantia constitucional da celeridade processual?
O
ministro afirmou que "trabalhará para contribuir com a racionalização
judicial, a simplificação recursal e a valorização da negociação coletiva,
fazendo do processo meio e não fim, prestigiando as soluções que tornem mais
célere e objetivo o processo, reduzindo ao mesmo tempo as demandas
judiciais".
Para os especialistas, o aumento de ações também é resultado de uma conscientização maior dos trabalhadores em relação a seus direitos. Para Claudionor Barbiero, “o trabalhador hoje não é tão passivo.
Tem
uma instrução melhor e recebe orientação. Senão por meio do sindicato, por
iniciativa própria vai buscar informações. E quando uma irregularidade acontece
fatalmente, vai desaguar numa reclamação
na Justiça”, afirma Barbiero.
Segundo
ele, o que não pode acontecer é o trabalhador ter receio de entrar na Justiça.
“Muitos ficam com medo por conta de cadastros, listas negras, de ficarem
marcados, estigmatizados. A Justiça tinha, em 2012, 17.077 juízes, dos quais 14.410
na primeira instância, 2.379 desembargadores e 82 ministros dos tribunais
superiores. Ao todo, o Judiciário tem 390 mil funcionários, sendo 269 mil
efetivos e comissionados e 121 mil terceirizados, estagiários e conciliadores
sem vínculo.
Em 2015, este numero
praticamente dobrou, porém, a morosidade e a solução dos conflitos engessaram.
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