PSDB do Rio perde com FHC. Temer
foge das ruas. Dilma e Jandira, hoje na Cinelândia
HELIO FERNANDES
Em quase todos
os municípios com mais de 300 mil habitantes, haverá segundo turno. Esta é a
eleição da "maquina", por falta de tempo e de dinheiro. Em municípios
importantes, duas exceções. Em Salvador, ACM neto, tem a reeleição garantida. Está
com 70 por cento nas pesquisas. E os votos são dele, é muito mais forte do que
a legenda. Teve propostas para outros cargos, preferiu terminar o trabalho.
Em
Manaus, Artur Virgilio Neto me disse em 2012, antes da eleição: "Serei
prefeito, e em 2016 disputarei a reeleição". Incrível, está cumprindo a palavra,
não têm adversários. Excelente senador, um dos equívocos de Lula foi jogar tudo
para derrotá-lo. Diplomata de carreira, pediu posto foi para o exterior. Voltou,
retomou a vida política, não interrompe mais.
São Paulo e Rio
Os dois
grandes municípios já têm candidato garantido para o primeiro turno. Russumano
e Crivela. Marta, Doria, e remotamente Haddad, tentam o segundo em SP. No Rio
ao contrario de outras vezes, Crivela não parou, é o vencedor do primeiro
turno. Descobrir quem irá para o segundo turno, praticamente impossível. 3 ou 4
tentando ser apoiado por personalidades nacionais.
Jandira
Feghali, além de uma carreira política e eleitoral de 30 anos, tem o apoio de
Lula e Dilma. Ele gravou com ela. Dilma já foi ao programa duas vezes. E hoje, quarta,
estarão juntas num comício na Cinelândia. Resta saber como isso se transforma
em votos.
FHC e Aécio
Neves, vieram ao Rio apoiar (?) o candidato Osorio do PSDB. O candidato não tem
votos e muito menos o partido. O PSDB, nas ultimas eleições, só elege um
deputado, sempre Otavio Leite. Os votos são dele. E FHC não favorece, só
prejudica.
O filho de
Bolsonaro, acredita no patrocínio do pai. Que nunca perdeu eleição. Tem de se
garantir, longe do pai. Este já elegeu um filho vereador, outro estadual. E até
um outro, federal, por SP. Só que na eleição majoritária, é a estréia, sem
vitoria,
Bolsonaro
pai, se diz candidato à presidente da Republica, em 2018. Deve estar querendo
abandonar a vida publica.
Pedro
Paulo, com todas as restrições, é fortíssimo candidato ao segundo turno. De
forma surpreendente é quem mais arrecada, e quem mais gasta na campanha. Não
explica de onde vem o dinheiro. De qualquer maneira, mesmo se chegar ao segundo
turno, não chega á prefeitura. Apesar do esforço do amigo Eduardo Paes, que
revela uma rejeição inesperada.
E
finalmente, a fuga de Michel Temer. Aqui no Rio, 5 candidatos da chamada base partidária
pedem seu apoio. Recusou, argumentando: "Tenho um trabalho intenso assim
que voltar da ONU, não posso perder 1 minuto". Mistificação, como sempre. Só
a possibilidade de aparecer em publico, leva o indireto e impopular, ao mais
completo desespero.
Gilmar
protege Temer
Ha 9 meses, o
TSE foi recebendo ações para cassar a chapa Dilma - Temer. Primeiro, o PSDB
pedia a cassação e a sua posse como presidente. Por ter sido o segundo
colocado. Depois entrou com mais 3 recursos, aí se restringia á perda do
mandato da presidente e do vice. O então presidente do TSE, Ministro do Supremo
Dias Toffoli, reuniu todos, e indicou a Ministra Maria Tereza Moura, como
relatora.
Estranhei,
pois a Ministra,sem a menor duvida, era reconhecida como um voto a favor da não
cassação. Investiguei, me disseram: "O presidente usou de estratégia. Colocando
como relatora a Ministra a favor de Dilma, arrastava Temer para a
impunidade". Não concordei, mas apoiei a cassação pelo TSE. Pois tinha uma
conseqüência altamente positiva: eleição DIRETA em 90 dias.
Apesar de
não ter a menor confiança no Ministro Toffoli, continuei defendendo
intransigentemente a solução pelo TSE. Argumento irrefutável: com o voto
direto, viria alguém que não poderia ser pior do que Dilma e Temer, juntos ou
separados. Só que o tempo passava, nada acontecia, ninguém cobrava. A não ser
este repórter, que não abandonava o assunto.
Em maio, terminaram
os 2 anos de Toffoli, ele é substituído pelo também Ministro do Supremo, Gilmar
Mendes. Do ponto de vista do interesse publico, um retrocesso igual ou pior. Toffoli
e Gilmar votam sempre juntos. Apesar da discordância total com os métodos e os
votos do novo presidente do TSE, não mudei de posição. Apesar de ter criticado
sua proximidade cada vez maior, incoerente e comprometedora com Temer.
Da posse
de Gilmar em maio, até agora, quase fim de setembro, os recursos
"continuavam sendo investigados", sem nenhum resultado. Apenas um
fato, que independe da vontade do presidente. Acabou o mandato da Ministra
Maria Tereza Moura. As ações foram transferidas para novo relator, que pretende
reexaminar o que foi investigado (?) em 9 meses. Nesse tempo nasce uma vida. No
TSE de Gilmar, morre uma ideia moralizadora.
Agora, o fato que vem de Gilmar: não haverá eleição
direta este ano
O
presidente do TSE, falastrão e sempre utilizando os holofotes, revelou: "Acho
que depois do impeachment da presidente, o TSE não votará uma cassação isolada”.
Isso, inconcebível, mas rigorosamente verdadeiro, é a prova irrefutável da
cumplicidade de Gilmar com a impunidade de Temer.
"Justificativa"
do Presidente do TSE, para salvar o presidente indireto, de cassação: "A
presidente Dilma já foi punida com o impeachment, não pode ser punida uma
segunda vez".
Como
acreditar num Ministro que faz afirmação como essa. O impeachment, uma
conspiração parlamentar que combati, tinha como base, o crime de
responsabilidade, que não inclui o vice. No TSE o crime é pela utilização de
dinheiro de propina, que atinge os dois. Não acusando Dilma para não acusar
Temer, o próprio Gilmar, esquece: chamou de "bizarra" a decisão que
preservou os direitos de Dilma. Um presidente do TSE, comprometido e sem memória,
isso é inédito e inesquecível.
Mas
ha mais e muito mais grave: a esperada e esperançada eleição DIRETA, foi
eliminada solertemente. Gilmar lembrou uma realidade. Se o TSE CASSAR A CHAPA,
terá que haver eleição em 90 dias. Portanto a cassação teria que acontecer até
o fim de setembro. O que é impossível. Então não cassariam Temer. Mas se isso
acontecesse, haveria ELEIÇÃO INDIRETA, em fevereiro ou
março,
já de 2017.
E
uma conclusão dramática ou trágica: esse presidente indireto, seria escolhido
pelo congresso. Esse mesmo congresso, quase todo envolvido com a Lava-Jato. Renan
Calheiros, pelo numero de citações no supremo, seria um dos favoritos. A não
ser que fosse vetado por Eduardo Cunha. Essa é a indiscutível realidade
nacional.
Re: Meirelles contraditório, negado por Rodrigo
Maia
È outro
que não sabe ficar longe das manchetes, fora dos holofotes. Mesmo desdizendo a
ele mesmo. Ontem na televisão: "Estados declararem situação de calamidade,
prejudica o pais”. A seguir: "Estado que fizer a lição de casa, pode pedir
empréstimo". Precisava se explicar, pois praticamente todos estão em
situação de calamidade. Não declarada mas constatada.
E só
podem pedir empréstimo ao governo federal. Outro descontrole do Ministro: aconselhou
a Eletrobrás "a vender ativos, para fazer caixa". De forma competente,
a empresa recusou. Certíssimo, a hora não é de vender. O próprio Ministro tem
dito: "Empresários e consumidores estão recuperando a confiança. E a
economia dá sinais de crescimento". Ora, se isso é verdade, seu conselho a
empresas seria o de NÃO vender.
Só que
nada do que ele diz, faz sentido. Desenvolvimento e crescimento, só com
investimento. Que está longe de aparecer.
Já o
Presidente da Republica em exercício, não respeitou o "seu" Ministro
da Fazenda. Imediatamente refutou tudo o que ele disse. Textual e publicamente:
"A situação dos estados é dramática. A única saída é decretar a
constatação de calamidade publica".
Maia
podia demitir o Ministro da Fazenda, tem todos os direitos. Itamar era Vice de
Collor. O presidente viajou,ele assumiu,demitiu o Ministro da Justiça, coronel
Passarinho. Achava que não estava á altura do cargo. Collor voltou, o Ministro
reassumiu. Nenhuma inconstitucionalidade.
Sergio Moro aceita denuncia contra Lula
Mas não é
o fim do mundo para o ex-presidente. Lógico que ser considerado réu, pode
abalar Lula e principalmente sua mulher, Maria Leticia. E se considerar a
campanha presidencial de 2018, levar o PT ao desespero. Mas examinando
friamente, é o inicio de um processo, do qual o ex-presidente pode sair muito
bem, sem ser condenado ou culpabilizado.
Começa
uma nova fase da ação da Lava-Jato. E só os comprometidos ou despreparados, podem
chegar a uma conclusão tão apressada, apaixonada ou interessada. O Ministério
Publico fez uma denuncia. Era esperado que o juiz aceitasse. Acertaram,
aceitou. Agora Lula será notificado, terá tempo e condições de se defender,
pessoal e com quantos advogados entender.
Sergio
Moro, e só ele, nesta instancia, se manifestará. È um processo que não pode ser
chamado de normal, unicamente por envolver um ex-presidente. Que suposta ou aparentemente,
pretende voltar á presidência. Essa a questão fundamental nisso tudo.
Recebida
a defesa do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz Sergio Moro compara com o
relatório de 149 laudas do Ministério Publico e decide. Se considerar que o réu
ex-presidente conseguiu eliminar as razões da acusação, pode ABSOLVER o réu. Se
entender o contrario, que as razões do Ministério Publico, ficaram intocáveis, pode
condenar o ex-presidente.
Neste
caso, o processo vai para a segunda instancia, Porto alegre. Onde a
sentença
pode ser
anulada ou confirmada. Mas ainda não estará atingido pela "ficha
limpa". Portanto falta muita coisa. Preocupante, a começar pelo seu
projeto de participar das campanhas municipais. Terá que decidir. Esta é uma
analise sucinta mas rigorosamente indestrutível. Por enquanto.
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