Projetado
pelas ruas, protesto impulsiona saída da presidente Dilma
HELIO FERNANDES
Consagração
completa, reconhecida por unanimidade, a maior da Historia, superando até mesmo
as "diretas, já". A manifestação de domingo, empolgante. Com duas
faces. A primeira, exaltação total a Sergio Moro e á Lava-Jato. (Positiva e necessária).
A segunda, aval para que o Congresso mais desmoralizado da Historia, aprove o
impeachment. (Positiva num sentido, aviltante no outro, quando fortalece
Eduardo Cunha, Renan, e quase uma centena de parlamentares enquadrados na
Lava-Jato). A manifestação se fortaleceu ainda mais, quando vaiou e repudiou
Alckmin e Aécio, muito justamente.
A
realidade, agora aparentemente insuperável, teve e continuará tendo repercussão
quase exigência pela saída de Dilma. Mas não precisa ser obrigatoriamente pelo
Congresso e através do Impeachment. A manifestação das ruas foi clara: saída de
Dilma, sem o fortalecimento de Eduardo Cunha, Temer, Renan e dezenas e dezenas de
outros, incluindo Ministros desonestos dos mais variados partidos,
principalmente PMDB e PT. È lógico que a partir de hoje, o Congresso irá se
considerar mandatário das ruas, tudo comandado pelo execrável, desprezível e
encurralado Eduardo Cunha. Réu pelo Supremo (unanimidade), acusado de corrupção
e lavagem de dinheiro, naturalmente fora o resto.
A
multidão não pediu uma só vez o impeachment. A palavra de ordem, sempre
repetida com entusiasmo, satisfação e convicção: "Fora, Dilma". Se
quiserem repercutir a voz das ruas, o melhor que pode acontecer neste momento
tem que vir do TSE, e a cassação da chapa Dilma -Temer. Nas circunstancias, a
verdadeira solução. Eleição em 90 dias, com a "ultrapassagem"
condenação do presidente da Câmara e do senado. Presidida pelo presidente do Supremo,
com o afastamento de Dilma e dos cúmplices ocultos ou impunes pelos altos cargos
que ocupam. Limpeza e eleição, com possível renovação sem traumas.
A "delação" de Delcídio.
Depois do
aparato da inesquecível manifestação de anteontem, nenhum ato ou fato obteve
maior repercussão do que o depoimento - entrevista-delação do senador. È uma
novela, em vez de diária, semanal. A cada capítulo, os mesmos personagens,
tratados de forma diferente. E atores de enorme audiência, como Lula, Dilma, FHC,
Michel Temer. Os dois primeiros conhecidos pelas grandes atuações de sempre. O
ex-presidente e o atual vice, citados - acusados pela chamada "operação
etanol", estranhíssima. O depoimento do repórter.
Ainda na
Tribuna impressa, comentei o que se falava nos corredores da empresa. A Petrobras
comprava quantidades enormes de etanol pagando o dobro do preço do mercado. E
logo revendia todo o produto para empreiteiras. Pela metade do preço do
mercado. Não citei nomes como faz agora o senador, era impossível
localizar. Mas, líder do governo no Senado, diretor da Petrobras, intimissimo
dos bastidores de Lula e Dilma, acumulou esse material espantoso, que assusta e
apavora a atual presidente e o ex. Amanhã o Ministro Zavascki deve homologar a
"delação". Se quiser pode mandar para o plenário, ou demorar mais
alguns dias.
De
qualquer maneira, aumenta a ansiedade e a angustia. Principalmente de FHC e Temer.
Ninguém acredita que Delcídio navegasse por mares nunca dantes navegados, se
não estivesse a bordo de um contra - torpedeiro de alta segurança. Tudo o
que tem sido publicado voluntariamente, tem o tom indisfarçável da comprovação.
Impossível "inventar" tanta coisa, semanalmente. A única pergunta
ainda não respondida, talvez por não ter sido colocada. Qual a razão que levou
Delcídio a tomar essa decisão? Qual o objetivo ou vantagem que obterá? Lógico
que tudo será conhecido. Manifestação contraditória, a respeito de São Paulo.
Os cálculos
a respeito de eleições ou de levantamento sobre concentrações de rua, sempre
divergem. È natural quando a diferença é pequena. Mas os números disparatados
dos protestos de São Paulo, exigiriam explicação. Datafolha: 500 mil. Organizadores:
2 milhões e 500 mil. Policia Militar: 1 milhão e 400 mil. A diferença entre o
calculo menor e o maior, absurdo. Fico com a PM. Desde1945, quando Prestes saiu
da prisão e fez um surpreendente comício no estádio do Vasco, eles acertam,
mesmo quando não havia tecnologia.
O
Datafolha, especializado em pesquisa, não podia se expor dessa maneira. A mesma
coisa que aconteceu na Argentina. Garantiram que o candidato da presidente
Kirchner, venceria no primeiro turno. Perdeu mas foi para o segundo turno. Insistiram que venceria. O candidato que
desprezaram e "derrotaram" duas vezes, governa ha meses.
Lula e Dilma
deveriam ter ficado em silencio
A presidente repetiu na segunda, ontem, o que disse
no domingo: "A manifestação ocorreu de forma tranqüila. Os protestos foram
contra a classe política, que é impopular". Suas falas são sempre trôpegas,
desajustadas e desorientadas. Se o governo e o PT, convocassem manifestação digamos
para domingo. Talvez obtivessem 20 por cento do total que estava nas ruas. O
protesto foi coletivamente contra o governo, atingindo individual e
deliberadamente, Dilma e Lula. O protesto foi contra o governo, coletivamente,
atingindo, deliberada e individualmente Dilma e Lula.
O ex-presidente também falou, só que tem apenas um
assunto ou objetivo: ele mesmo. Não deve ter visto as manifestações, nem ligou
a televisão. Garantiu: "Já disse á Policia Federal, que serei candidato a
presidente em 2018. E todos terão que me pedir desculpas”. Como acredita que
não acontecerá nada, é quase uma confissão ou antecipação: será ministro,
coordenará um grande projeto de recuperação e realização da presidente Dilma.
Tudo que disse dela, nos últimos e longos tempos, esquecido. O relacionamento
entre eles, começa, ou recomeça a partir da “detenção coercitiva”.
Assim que acabou seu discurso para os militantes,
(chatíssimo e com o auditório meio cheio) Lula, surpreendido recebeu a noticia.
A juíza Federal de São Paulo, resolveu não julgar o pedido de prisão preventiva
do ex- presidente, se deu por incompetente. (È um direito jurídico dos
magistrados, nenhuma confissão verbal). Mandou o processo para a Lava - Jato.
Sergio Moro, o grande herói da manifestação de domingo, Lula grande vilão, nenhuma
conexão ou influencia.
Os dois lados fazendo
contas sobre o impeachment
A partir
de agora, é o grande assunto, apesar da situação política e econômica ser tão
contraditória e tormentosa, que muda a cada momento. Prioridade: tempo de
duração das preliminares, até chegar á votação. A contagem começa, quando o
Supremo decidir o rito do julgamento. O Supremo informou que amanhã, quarta,
divulgará o acórdão. Confirmado, a contagem começa na sexta feira.
Eduardo Cunha
tem dito a íntimos, perdão, apaniguados, que no máximo em 45 dias, a Câmara
estará fazendo a votação. Quer dizer: se a oposição obtém os badalados 342
votos e derruba a presidente. Ou ela consegue os 172 e impede a oposição de
chegar ao seu numero chave. Praticamente decidido que Lula assumirá o
Ministério da coordenação política, isso será inegavelmente um reforço para o
governo. Ele é ex-presidente, e muita gente se sentirá satisfeita e honrada, de
conversar com ele.
Lula
poderá ser fundamental para evitar a debandada dos diversos partidos, se o PMDB
resolver deixar a base aliada. E deixará na certa, se os levantamentos e as
pesquisas derem vantagem para a aprovação do impeachment, e a posse imediata de
Temer. È a ética do partido e do vice. Lula está na iminência de assumir
extraordinária projeção no processo do impeachment.
PS- O Procurador
Lima e Silva, confirmou: deixou de ser Ministro sem nunca ter sido. Quando o
Supremo decidiu que só poderia ser confirmados no cargo, abandonando a
carreira, dei uma nota, comparando a sua situação com a novela famosa de Dias
Gomes. Não adivinhei nada como gostava de dizer Carlos Lacerda. Como acreditar
que ele ficasse num cargo que pode durar 4 meses trocado por outro que vai
durar para sempre, é a sua carreira.
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