Dona
Dilma fingiu que resistia, mas concordou logo com a demissão do ministro da
Justiça
HELIO FERNANDES
Ontem,
terça publiquei: a presidente resistiu o mais que pôde, mas acabou concordando
com a demissão de José Eduardo Cardoso. Não demorou, mensagem de um grande
informante, desde os tempos da Tribuna impressa. Informadíssimo, sempre em
ponto estratégico. Diz para o repórter, textual: "Helio, você tem um
enorme saldo de acertos na informação e na analise, mas está tudo tão confuso,
principalmente entre o Planalto e o Lula, que qualquer um pode se
equivocar".
E
continuou, retificando, mas para minha satisfação, com informação realmente de
primeira mão. "Durante um tempo a presidente realmente resistiu, não
queria demitir o seu mais antigo e intimo Ministro. PT e o próprio Lula
insistiam, mas ela não se incomodava. Até que o Ministro Jaques Wagner começou
a doutriná-la, ha meses sobre o relacionamento de Cardoso e a Policia
Federal".
O
ex-governador da Bahia é insinuante, não agressivo, gosta de penetrar em todos
os setores, fazendo amigos e com o prazer de não ter inimigos. Sobre a
presidente, a ofensiva do Chefe da Casa Civil, atingiu o auge com a prisão do
marqueteiro Santana. O pânico de Dilma é ser atingida com a recusa das contas
da campanha da reeleição e o dinheiro ficar chancelado como tendo origem na
Petrobras. Aí poderia ser arrolada e incluída na Lava jato, suspeita de conivência
com o marqueteiro.
Sabe que
a situação dele é periclitante e pode contaminá-la. Está assustada, angustiada,
atormentada, desde os depoimentos de Santana e da mulher. Wagner se aproximou,
ficou mais perto, foi ela que tocou no assunto: "Se eu tirar o Cardoso,
como confiar em alguém, nem pensei num substituto". Wagner deu o golpe
final: "Tenho um amigo de total confiança, foi Procurador Geral do meu
governo, vou telefonar para ele". Estava tudo terminado, a partir daí,
rigorosamente verdadeiro o dialogo entre eles da forma como publiquei.
Jaques
Wagner está absoluto com Dona Dilma. E consolida sua posição do outro lado, não
deixando escapar oportunidade de exaltar, elogiar e defender Lula. Sabe que
assim pode ficar "na vez”. Já tem ouvido que se Haddad se
reeleger prefeito e houver problema com Lula, pode ser chamado. Estava sendo
preparado para 2022, mas os tempos não são longos nem duradouros. A não ser na
ação e imaginação de Wagner.
A surpreendente e importante sucessão municipal do Rio e
SP
Pela
primeira vez, pelo menos depois dos últimos 50 anos, a eleição para prefeito
das duas grandes capitais, tem relevância e influencia sobre a corrida e a
disputa presidencial. Já contei minuciosamente o jogo, sujo, praticado na
sucessão de Eduardo Paes, até por ele mesmo, que quer fazer o sucessor, de
qualquer maneira. E esse pretenso ou suposto sucessor, será investigado pelo
Supremo. Decisão do Ministro Fux, que faz questão, sempre, de lembrar que é
carioca.
Em
São Paulo, foi guerra mesmo, mais ostensiva, aberta, violenta, sem pseudônimos,
com os nomes verdadeiros impressos nas cédulas. Na de João Doria, lia-se Alckmin.
Na de Trípoli, Aécio Nunes. Para brilhar no lugar de Andréia Matarazzo, dois
espaços ocupados por Serra e FHC. Foi
ministro indicado por Serra, nomeado por FHC. Como é Matarazzo, "sentiu
saudades" da Itália, foi nomeado embaixador lá. Voltou, reassumiu, não
comunicaram ao contribuinte.
Agora, os
que distribuíram as cédulas e acreditam que são mesmo candidatos, caíram na
realidade. Alckmin, Serra e Aécio só se interessam pelo possível espaço que
esperam conquistar para 2018. Até na data, existe conflito. O governador quer ficar
até o fim, ser presidenciável pela segunda vez. Aécio quer o mandato "entregue
a ele pelo TSE, por ter sido o segundo", ou então eleição já. Serra não se
incomoda, a data não é o mais importante.
De
qualquer maneira, a sorte não está lançada, nenhum dos presidenciáveis pode se
considerar vencedor. Utilizam o mesmo jogo vergonhoso do Rio, querem
"cassar" o que teve 43 por cento dos votos. Este repórter só quer
informar, comentar, debater. E deixar bem claro, que a capital merecia melhores
candidatos. Diante disso seria realmente uma vitoria, a reeleição de Haddad.
Sergio
Moro não deixa o marqueteiro Santana (e a mulher) fora das manchetes
A
descoberta, a prisão e os depoimentos dos marqueteiros, a grande sensação dessa
ultima fase da Lava-Jato. Inacreditável, o aparecimento deles. O que contaram
ou esconderam, extraordinário. O juiz mandou bloquear 32 milhões na conta dele,
o dinheiro estava lá. Isso foi ontem, antes já havia mandado retirar 50
milhões, 25 dele, 25 dela.
A partir
de amanhã ou depois, sexta feira, Sergio Moro decidirá o futuro do casal. Não
pode mais prorrogar a prisão temporária. Mas pode passar à preventiva ou até o
momento do julgamento, condenação ou absolvição. Temos que esperar. Mas
ansiosos do que o casal ainda revelará de importância e de estarrecimento. Como
esta afirmação: "Fiz a campanha da reeleição da presidente Dilma, de
graça, me dá muito prazer".
Para desespero do Planalto, as empreiteiras
enquadradas na Lava-jato, decidiram fazer delação premiada, para poderem
participar de licitações publicas. A primeira, Andrade Gutierrez. Afirmação:
"Na campanha de 2010, contribuímos com 6 milhões". Logo contestaram a
utilidade, "2010 era outra campanha". Só que quem recebia em 2010, lógico,
receberia em 2014. A intranqüilidade aumentou.
Novamente a Comissão da
falta de ética.
Reunida ontem, quando Eduardo Cunha comemorava 141
dias desde a primeira reunião, sem nenhuma decisão. Ontem, o mesmo roteiro:
quando está perto da votação, o acusado abre a "Ordem do Dia”, todas as
Comissões encerram os trabalhos. Ontem, uma novidade que pode ser positiva: o
presidente convocou sessão para hoje, ás 9 e meia da manhã. Se não votarem e se
o Congresso como um todo, não tomar providências, fica valendo
prioritariamente, o que foi dito na primeira e mais autentica das
manifestações: "Vocês não nos representam".
Eleição nos EUA: Hillary
consolidada e avalizada, Donald
Trump, vitorioso e recusado no próprio partido
Não existe possibilidade mais de alteração nas
previas. Nos Democratas, a surpresa do senador Saunders, com mais de 70 anos,
conquistando uma parte do eleitorado jovem. Será Secretario de uma pasta
com influencia social. Hillary vence fácil as previas, consagrada no
partido.
Trump, sem rumo, um aventureiro, sem credibilidade,
assusta o país, o Partido Republicano e o mundo. Qualquer que seja a posição em
relação aos EUA, Trump presidente será maldição para todos. O Partido
Republicano não admite Trump presidente. E trabalha para impedi-lo com uma
rejeição inesperada, traduzida nesta frase: "Não queremos ganhar previas e
sim eleger um presidente". Sabem que Trump não vence Hillary. Podem
estraçalhar o partido, mas não aceitam Trump.
PS - Hoje, quarta feira, posse do novo Ministro
da Justiça. A falsa oposição, impugnou a nomeação. Tolice. Tentará criar
problemas para a Lava-jato, mas sem estardalhaço. Não
demitirá ninguém, fará cortes constitucionais, embaraços vários, com cobertura
do Chefe da Casa Civil, que o indicou.
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