Dilma aumentou o tom
FERNANDO
CAMARA
Ainda que de hoje em diante Dilma Rousseff fizesse tudo certo, ela não teria mais condições – políticas e emocionais – para governar. Até as emas do Alvorada sabem que o impeachment é um instrumento jurídico previsto na Constituição e que a peça em discussão tem, sim, elementos suficientes para demovê-la do cargo. Afinal, o julgamento do impeachment é político, feito por um colegiado parlamentar e não jurídico.
Contra os
fatos, ela resolveu aumentar os decibéis fazendo do Palácio do Planalto um
palanque com uma claque combalida e sem nenhuma força política. "Não cabem
meias palavras o que está em curso é um GOLPE! . Não renuncio em hipótese
alguma! ", tem repetido à exaustão, talvez para convencer a si mesma.
A sangria
de votos da base aliada está anunciada pelo PMDB e, enquanto isso, nenhum dos
partidos se mostra preocupado com o que é dito todos os dias pelos dados e
índices econômicos. Há um consenso não declarado publicamente que é preciso
primeiro decidir o futuro político para depois cuidar do econômico.
Um
caminho político perigoso
Dilma
solitária no cenário político, durante a cerimônia patética em que anunciava
"o Golpe", ouviu nesta semana vários ministros do STF detalhando que
o processo de impeachment é um instrumento legal. Entre eles o ministro Dias
Toffoli, advogado que prestou vários concursos públicos, e chegou ao STF após
ter sido advogado do PT, afirmou: "Não é Golpe". Significa que ela
caminha para a total solidão e isolamento.
Também o Comandante do Exército,
general Eduardo Villas Boas, fez menção pública sobre a solidez das
instituições e, por isso, ou o ministro Aldo Rebelo o afasta do comando ou
pedirá discretamente o próprio afastamento.
Enquanto
Dilma esbravejava, Lula partia para o tudo ou nada. Sem rumo, sem estratégia e
sem aliados de peso, chegou a culpar Sergio Moro pela derrocada na economia.
Vai jogando iscas esperando que a sua retórica tenha a mesma aderência de
outrora. Difícil, muito difícil.
Mesmo sua ida para a Casa Civil terminou no limbo e, quando ,e se for decidida em favor dele, não haverá tempo hábil para muita coisa, uma vez que ninguém quer aparecer ao lado do ex-presidente.
Mesmo sua ida para a Casa Civil terminou no limbo e, quando ,e se for decidida em favor dele, não haverá tempo hábil para muita coisa, uma vez que ninguém quer aparecer ao lado do ex-presidente.
Enquanto
isso...
A OAB
anuncia que entrará com um novo pedido de impeachment. Naturalmente, diante dos
novos fatos, o presidente da Câmara irá analisar e instalar nova Comissão.
Assim, o ano vai correndo sem sinal de haver uma solução para os problemas do
país.
O novo rito ajuda ou atrapalha o
Governo? O voto aberto trará uma exposição que a princípio pareceu trazer
alguma vantagem. Agora, diante da pressão popular, sinaliza para um desembarque
maior.
Mercadante e José Eduardo Cardozo
devem estar arrependidos de terem aberto guerra ao Eduardo Cunha. Os prazos do
impeachment de Dilma estão sendo rigorosamente cumpridos e os prazos da
cassação do mandato do presidente da Câmara estão sendo alongados.
Teori
chamou para o STF as investigações contra Lula
Não tenho
como avaliar juridicamente esta ação, mas ela parece trazer para si uma enorme
responsabilidade política, onde é necessário ter força e saber que todos estão
atentos a cada movimento. Não será possível adiar ou engavetar como outrora.
Lava Jato
caminha para não ter apoio político
Diante da ampliação e da
divulgação das listas de contribuições da Odebrecht encontradas na casa do
diretor Benedicto Barbosa, da esperada delação premiada de Maria Lúcia Tavares,
secretária do departamento de propina, espero uma reação dos partidos
políticos.
Não
espero a extinção de nenhum partido, e não vejo nenhuma movimentação para mudar
a prática e a consciência do eleitor.
Pode parecer contraditório, mas sem apoio político a movimentação da Justiça pode mudar.
Pode parecer contraditório, mas sem apoio político a movimentação da Justiça pode mudar.
A
Odebrecht começou a movimentar as peças do tabuleiro e revolveu falar, ainda
que por caminhos tortos. Primeiro anunciou pela imprensa e esperou a reação do
MP, que foi imediata. Mesmo que o MP não aceite, isso deve abalar mais ainda o
universo político.
No Fantástico, nova constatação
de que propinas são antigas, anunciando mais munição para esta semana. Acredito
que virá uma guerra contra a Lava Jato.
Lembra da
Satiagraha, sem apoio político?...
Por
unanimidade, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal considerou, em dezembro
de 2014, que a apreensão de discos rígidos e computadores que deu origem a
operação Satiagraha foi ilegal. Em Habeas Corpus, o Tribunal entendeu que, como
a diligência foi feita sem que houvesse mandado de busca e apreensão expedido
para aquele endereço, as apreensões foram ilegais e os objetos apreendidos não
puderam ser usados como provas em processo judicial. A ministra Carmen Lúcia,
os ministros Celso de Mello e Teori Zavascki acompanharam o relator Gilmar
Mendes.
Não
sabemos o que ocorreu, não teve sentença, o então "herói nacional", o
delegado Protógenes Queiroz foi demitido da PF, seus superiores foram
promovidos e sumiram, a imprensa esqueceu.
Enfim, não houve provas, não houve crime nem criminosos, após as prisões de Daniel Dantas, Celso Pitta e Naji Nahas.
PMDB
desembarcou, mas com um pé dentro, sete ministros e centenas de cargos nas
estatais.
São sete
ministros, que dentro do PMDB são sete anões sem votos. Outra
confusão: um Picciani fora do Governo e um Picciani dentro, dá pra acreditar?
Renan será o último a se decidir;
ele tem paciência e nervos de aço, mas deixou Jucá ir para a linha de frente em
favor do desembarque. E a partir de hoje, outros partidos da base se sentirão
encorajados a seguir o mesmo caminho.
PMDB
agindo pelo impeachment
Vamos
aguardar a movimentação de Aécio e Alckmin, mas será que terão habilidade para
colocar a campanha na rua? A pressão da rua depende dessa movimentação? Até a
REDE vem se posicionando pelo impeachment 4x1.
Casos
Renan Calheiros dormem nas gavetas
Em 2006,
lotado na 30ª DP de Brasília, o delegado João Kleiber Ésper tomou depoimento do
advogado Bruno Miranda Ribeiro contra o senador Renan Calheiros. Bruno acusava
o ex-sogro, o empresário Luiz Carlos Garcia, de montar esquema de arrecadação
de dinheiro para o senador nos ministérios do PMDB. O interrogatório ficou sete
meses na gaveta do delegado, que foi exonerado e expulso da Polícia Civil
em 2012. O caso nunca foi apurado e em 2015 foi preso com meio
quilo de cocaína em Lisboa.
A Justiça pode ser cega, mas deveria estar sempre acordada e trabalhando.
O meu placar
quanto à votação do Impeachment para o Plenário da Câmara - nesta semana:
Partidos
|
Número de Parlamentares
|
Pró
|
Contra
|
Porcentagem Pró
|
DEM
|
28
|
28
|
0
|
100,00%
|
Pcdo B
|
13
|
0
|
13
|
0,00%
|
PDT
|
20
|
16
|
4
|
80,00%
|
PEN
|
2
|
0
|
2
|
0,00%
|
PHS
|
7
|
4
|
4
|
50,00%
|
PMB
|
1
|
0
|
1
|
0,00%
|
PMDB
|
69
|
55
|
14
|
80,00%
|
PP
|
49
|
39
|
10
|
80,00%
|
PPS
|
9
|
9
|
0
|
100,00%
|
PR
|
40
|
28
|
12
|
70,00%
|
PRB
|
22
|
18
|
4
|
80,00%
|
PROS
|
4
|
4
|
0
|
100,00%
|
PSB
|
31
|
29
|
2
|
95,00%
|
PSC
|
12
|
11
|
1
|
90,00%
|
PSD
|
32
|
26
|
6
|
80,00%
|
PSDB
|
48
|
48
|
0
|
100,00%
|
PSL
|
2
|
2
|
0
|
100,00%
|
PSOL
|
6
|
0
|
6
|
0,00%
|
PT
|
58
|
0
|
58
|
0,00%
|
PTB
|
19
|
15
|
4
|
80,00%
|
PTdoB
|
3
|
2
|
2
|
50,00%
|
PTN
|
13
|
7
|
7
|
50,00%
|
PV
|
6
|
6
|
0
|
100,00%
|
REDE
|
5
|
4
|
1
|
75,00%
|
SD
|
14
|
14
|
0
|
100,00%
|
Total
|
513
|
363
|
150
|
|
O Governo tem que brigar por
|
21
|
votos
|
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