As instituições começam a vacilar com a palavra dúbia
do comandante do Exercito
HELIO FERNANDES
Sempre
fui considerado especialista em assuntos militares. Desde a traição dos dois
marechais em 1889. Implantaram a Republica militar, militarista e militarizada,
dominaram o poder. (Lógico, eu não era nascido, mas depois me aprofundei no assunto,
e não parei de denunciar Deodoro e Floriano). Eram coronéis na estranha Guerra
do Paraguai, voltaram brigados para o Brasil, se reconciliaram para assassinar
a nascente Republica. Floriano tinha o poder militar, derrubou Deodoro, se
manteve sozinho. Pensou que ia ficar para sempre, foi substituído por um civil,
Prudente, mas não passou o cargo.
Sempre
tive o cuidado de separar o Exercito, nacionalista e desenvolvimentista, dos
Generais, que gostavam (e gostam) de generalizar em proveito próprio. Dominaram
até 1930, através dos bravos Tenentes de 1922, 1924 e 1926. Em 1930 apoiaram o
golpe de Vargas, (que implantaria a ditadura de 15 anos) criaram e dominaram as
novas "capitanias hereditárias", cada um assumiu o domínio de um
estado. Ficaram até o fim da carreira, aposentados como Generais, Almirantes,
Brigadeiros. (Em volume de cargos, os mais variados, em toda a Historia são o
General Juracy Magalhães e o almirante Amaral Peixoto).
Minha
primeira exclusividade de "furo" militar ocorreu em 1950. Getulio
voltou ao poder, dificuldades na posse, por causa da oposição de Eduardo Gomes,
Golbery e Carlos Lacerda. Surpreendi a todos escrevendo: "Vargas vai tomar
posse nomeando Ministro da Guerra o General Stilac Leal”. Era a maior liderança
do Exercito, acabara de se eleger presidente do Clube Militar, derrotando
o importante General Cordeiro de Farias. O fato se confirmou,
perplexidade geral.
Fui preso
duas vezes depois do suicídio de Vargas, mas a mais importante foi em 1963.
Antes do golpe, mas já na preparação dele. Publiquei uma circular “sigilosa e
confidencial", assinada pelo general Jair Dantas Ribeiro, Ministro da
Guerra. Preso no mesmo dia, fui levado para a Policia do Exercito, ainda não
havia o DOI-CODI. Na hora do banho de sol, centenas de oficiais no mesmo exercício.
Uma parte me dizia,"resista, Helio, estamos com você". A outra parte
me fuzilava com os olhos. Veio o golpe de 64, centenas de oficiais foram
expulsos ou passados para a reserva, não concordavam. Era a divisão do
Exercito, que sempre existiu.
Continuei
dando "furos" militares, dos mais simples aos mais importantes. Sempre
contra os Generais golpistas. Quando os "11 do Pasquim", foram
presos na Vila Militar, as famílias ficaram em contato comigo, já cassado, mas
continuando bem informado. Estavam no Batalhão Pára-quedista, o comandante,
duas vezes por semana ficava á noite no quartel, convidava dois dos presos para
jantar com ele. Rotina tranqüila de 60 dias. Quando Geisel tomou posse,
todos queriam saber quem seria o general Chefe da Casa Militar. Revelei: "Será
o general Hugo Abreu". Confirmado, perguntaram como eu podia saber. Resposta
do próprio General: "È coisa "desse" (assim mesmo, tentando ser
depreciativo) jornalista. Não falou nada sobre a noticia que antecipava um fato
confirmado.
Quase no
fim do governo Geisel, dois fatos importantíssimos que se esperava com
ansiedade. 1- havia uma vaga de General de Exercito (4 Estrelas), o numero 1 e
2 para promoção, eram Hugo Abreu e João Figueiredo. 2- O "presidente"
iria revelar o nome do sucessor. Antecipei: o general Hugo Abreu será
"caroneado", promovido o general Figueiredo, logo anunciado
como futuro "presidente". Os militares todos se perguntavam como eu
podia saber. Garantiam, "só pode ter sido o presidente, ele gosta dessas
surpresas". Podia até gostar, mas jamais falei com ele ou estive perto dele.
Por tudo
isso fiquei preocupado quando tomei conhecimento da declaração do General
Villas Boas, tido como Chefe do Exercito. Textual: "Estamos acompanhando
os fatos atentamente. Não interviremos,a não ser que nos peçam". P R E O C
U P A N T E.
PMDB traiu por aclamação, para evitar
constrangimento
È
inacreditável citar essa ultima palavra ligada ao partido, que usufruiu de
todos os governos, mas pelo voto direto não ganhou nenhum. Durou apenas 15
minutos. Tudo combinado, nem discurso nem voto, para que não fossem revelados
os números. (Dos 69 deputados do PMDB, 55 estavam lá, 14 não foram têm até o
dia12 para se decidirem). Se os 3 ou 4 partidos que somam 130 votos, seguirem a
conspiração de Temer, o governo Dilma acabou oficialmente, já tendo acabado por
omissão e incompetência.
No
momento, Dilma tem 125 votos, precisa de mais 47 para não sofrer o impeachment.
Mesmo com o leilão apregoado não conseguirá. E o inesperado para ela e os áulicos:
o Senado, que parecia uma fortaleza, também desapareceu. Teria que conseguir 41
votos no senado, por enquanto está com 15 ou 16. Como vivemos uma fase
tremendamente surrealista, vejam só este fato, até agora inédito: Dilma tem
viagem marcada para dia 2, próximo sábado, aos EUA. Se não desmarcar, o
conspirador maior da sua deposição, Michel Temer, assumirá. Só mesmo neste
tenebroso Brasil de Dilma, Lula e Temer.
(Continuo
esperando que aconteça um fato, ate agora irrealizável. Dilma não sofra o
impeachment, continue no cargo. A chapa então seria cassada pelo TSE, que
marcaria eleição direta para dentro de 90 dias. Pelo menos isso, não
poderia ser pior do que Dilma continuando ou Temer assumindo, vago e vazio).
PS-
Acabava de redigir estas notas, recebi a noticia: Dilma cancelou a viagem. E
dizia para José Eduardo Cardoso e Jaques Wagner: "Temer no Planalto, nem
temporariamente. Não vou renunciar, nem sofrer impeachment". Dilma não percebeu
que seu dilema é o suicídio ou esperar que algum mais piedoso desligue os
aparelhos. Logo depois os três se dirigiam para o Alvorada, eram esperados por
Lula.
PS2-
Conversaram até tarde, chegaram outros ministros. Assuntos óbvios: a saída do PMDB,
(que Lula fez força para depreciar) e a reunião de hoje, quarta, do Supremo. Ai,o
ex-presidente estava preocupado. E comentou o parecer do Procurador geral: ele
pode ser Ministro, mas seu processo continua com o juiz Sergio Moro. Grande
possibilidade desse parecer ganhar aprovação da maioria.
PS3- Quase na madrugada desta
sexta feira, o Brasil acumulou mais uma derrota. Nenhuma surpresa. A defesa não
defende, o meio de campo não arma nem desarma, o ataque não incomoda a defesa
adversária. Estamos em sétimo lugar, isso não é a eliminação. Ainda faltam 13
jogos, nem enfrentamos a Venezuela e a Bolívia.
PS5- No
finalzinho o Brasil empatou, ficou quase a mesma coisa. Precisávamos de 3
pontos, marcamos 1. Uma excelente noticia para o Dunga, péssimo para o
torcedor: a seleção só volta a jogar em setembro. Por causa da Eurocopa, as
eliminatórias de todos os continentes são jogadas nos mesmos dias.
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