Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 17 de março de 2016

Dilma e Lula, não sabem escolher amigos e inimigos, correligionários e adversários

HELIO FERNANDES

Lula comprometeu o próprio passado e a liderança que firmou antes e depois dos 8 anos de  governo. Bastou um gesto e uma decisão: a escolha da insuficiente e medíocre Dilma Roussef para sua sucessora. Acreditando na volta depois dos 4 anos do sucessor que escolhesse, não percebeu nada do que acontecia em volta dele.

Convencido e compenetrado de que o PT e o país, dependiam inteiramente da sua liderança, do seu carisma e da sua competência, agiu com a arrogância de sempre. Muito tarde, descobriu que no próprio Planalto se travava guerra pela presidência depois dele. Mesmo apenas por 4 anos.

Começou a cuidar do assunto, não imediatamente da substituição e sim de uma possível ou provável prorrogação. Conversou com governadores, incluiu na lista Ministros de tribunais superiores(sem falar com eles), considerou que obteria sucesso. Encontrou resistências, recuou, reduziu a permanência por mais 2 anos, em nome de uma "coincidência" de mandatos. Mais insucesso, voltou para a própria sucessão.

Surpreendido, descobriu que os candidatos eram muitos, alguns coordenando abertamente sem que soubesse de nada. Foi avaliando nomes, procurando, deliberadamente, alguém que seguisse integralmente o que foi rotulado de "volta, Lula". Como o critério (falta dele) era a mediocridade e a incompetência, Dilma disparou na preferência. E começou então, tudo isso que explodiu agora, com o depoimento de Delcídio e o primarismo inacreditável de Mercadante.

(Interrompendo o relato de memória, para mostrar a ignorância total, absurda e absoluta de Mercadante e o desastre que ele sempre representou e representa. Ministro da Educação, da Casa Civil, novamente Ministro da Educação, desconhece o poder e o perigo do celular? O assessor de Delcídio explicou: "Surpreendido de ser chamado ao Planalto, decidi gravar tudo”. Mercadante nem percebeu.

Outra bobagem dele, na entrevista coletiva de terça feira: "Minha atuação foi exclusivamente pessoal, movido pela solidariedade". Mercadante só tentaria impedir a "delação" atrapalhando a investigação, por ordens de cima. E não é solidário nem mesmo diante do espelho).

Voltando á sucessão do próprio Lula. Ficou estarrecido com o numero de candidatos, alguns que jamais considerara. Quando anunciou o nome de Dilma Roussef, não acreditou quando lhe disseram que "Marta Suplicy era candidatissima e favorita no Planalto". Soube depois, que Marta chorou quando Dilma foi escolhida, se julgava muito mais credenciada e preparada. Alem de pertencer ao partido desde o inicio.

(Marta não esqueceu e na convenção de sábado do PMDB, o discurso mais violento e implacável foi o dela. Sentada satisfatoriamente e satisfeitíssima, entre Eduardo Cunha e Renan Calheiros, com Michel Temer "puxando" aplausos para ela.

Terminando essa memorização da sucessão de Lula, importantíssima agora que os dois se juntaram depois de longo tempo de separação, o depoimento de Lula a um grande amigo, ainda nas conversações de 2010: "Jamais pensei que a Marta fosse candidata. Mesmo que eu soubesse, não escolheria o nome dela." O amigo perguntou a razão de vetar o nome da ex-prefeita. Resposta de Lula: "Eu não vetei o nome dela. Só que não poderia ter com ela as conversar que tive com a Dilma". 

O amigo não perguntou mais nada, o que não poderia conversar com a Marta, era fundamentalmente o compromisso que exigiu da sucessora que aceitou sem a menor resistência ou protesto. O seguinte: "Dilma ficaria 4 anos e cumpriria integralmente o compromisso, do "volta, Lula".

Dilma não cumpriu, praticamente se afastaram e aconteceu toda a catástrofe econômica, política, administrativa, e 204 milhões de brasileiros, estão sofrendo pela ambição e pela incompetência dos dois.

Numa conversa nem sempre amistosa, que começou ás 5 da tarde de terça, e
acabou a 1 e meia da madrugada já da quarta, ontem, Lula se transformou de ex-
presidente em poderoso Chefe da Casa Civil.

Quando registro que a conversa não foi totalmente amistosa, não quero insinuar que foi conflitante e sim divergente. O tempo da duração, 8 horas  meia, seguidas , comprova a divergência. Fui o primeiro a falar no assunto. Semana passada, tarde da noite, andando no corredor do Alvorada, Dilma tocou no assunto com Lula. Escrevi, textualmente: "Num SUSSURRO, Dilma disse, você podia ser Ministro do meu governo". No dia seguinte e nos outros, o SUSSURRO se transformava num fato retumbante, que teve seu desfecho ontem, com o anuncio oficial.

A longa divergência tem uma explicação. Dilma queria um Ministro coordenador político :"Você é o maior articulador do país, tem tudo para ajudar o meu governo". Lula respondeu: "Quero ajudar, mas não posso conversar com deputados e senadores ocupando um cargo sem importância". Queria a Casa Civil, Dilma considerava que ficaria praticamente desaparecida.

Depois de horas, Lula resolveu dar o xeque-mate: "Vou embora, é muito tarde, foi uma tentativa, não deu certo outra vez". Lula estava se referindo a agosto do ano passado, quando conversaram sobre o mesmo assunto. O ex fez o gesto de se levantar, Dilma segurou seu braço: "Vamos terminar tudo hoje". E terminaram mesmo, foi fácil, ele obtinha o que tinha como meta e objetivo: todos os poderes, não apenas no campo político.

A suposta oposição quer entrar na Justiça, impedindo a nomeação e posse de Lula. Tolice, não conseguirão nada. “Mas poderão responsabilizar Dona Dilma justificando:" Ela não é mais presidente, está usando indevidamente o Palácio Alvorada. Quem devia residir lá, é o próprio Lula o palácio é residencial".

Há essa hora Dilma foi dormir, Lula no seu hotel, não falaram com ninguém. Às 9 da manhã do Planalto ligaram para o líder do PT na Câmara, comunicando o fato. Lógico, ele divulgou logo. O repórter Gerson Camarotti soube, deu a noticia pela Globonews, que é quase uma extensão da sua casa. 

Pela manhã tiveram que fazer modificação ás pressas mas obrigatória. Jaques Wagner, Chefe da Casa Civil, foi transferido, e passa a ser chefe do Gabinete Pessoal da Presidência. Se ficasse na Casa Civil, seria vice-ministro, o que só existe no Parlamentarismo. Como o Congresso quer criar o semi-parlamentarismo, poderiam divulgar que o Planalto está a favor.

Dilma deu entrevista coletiva, não mais com "fala do trono".

A presidente falou ás 4 da tarde, foi totalmente desmentida tentando defender o ex-presidente. Rindo e dando a impressão de felicidade. “Usou 14 minutos, explicando:” O ex-presidente Lula mostrou total desprendimento preferindo ser julgado pelo mais alto Tribunal do país. Será Ministro na próxima terça feira, mas continua sendo investigado."

As sete já da noite surgiram noticias de que o ex-presidente poderia ser preso pela Policia Federal, Dona Dilma, de acordo com o próprio Lula, tomou providencia estarrecedora. Deu "posse"a Lula, e mandou publicar imediatamente no Diário Oficial que sairia hoje, quinta feira. Só que o Diário Oficial saiu ontem, ás 19,15 com a nomeação do ex-presidente Lula para Ministro. Portanto, a partir dessa hora, já era Ministro, com foro privilegiado.

 A reação no Brasil todo foi de assombro, protesto, vergonha. E com a certeza de que alguma coisa irá acontecer. Perguntei a um informante do primeiro time:"Por que o Lula não tomou posse hoje, quarta-feira, resolveu esperar quase uma semana?" .Resposta bastante sincera, o informante é do bem:" Eles queriam fazer uma grande festa , para dar relevância ao fato".Constrangido, encerrei.

Que país é esse, deixou de ser uma pergunta, passou a ser uma constatação. Como represália, pode acontecer o inimaginável, exemplo: o Supremo julgar com prioridade absoluta o presidente Lula. O juiz Sergio Moro,ás 8  da noite já tinha mandado encaixotar, toda a documentação sobre a investigação  feita sobre as acusações ao ex-presidente.

Hoje, todo esse material estará com a Procuradoria Geral e com os 11 Ministros. Moro cumpre rigosamente a Constituição. Como Lula já tem "foro privilegiado", pode ser julgado pelo Supremo. Este é a única força capaz de impedir a paralisação do país e uma possível volta do povo para as ruas. Agora o Supremo, mais do que nunca é o guardião da Constituição e também das Instituições. Este repórter sabe de "ciência própria”, o sofrimento de defender a Democracia. Mas, sem constrangimento, sem ressentimento, sem arrependimento, faria tudo de novo, sem olhar para a minha carteira de identidade.

PS- Por 9 a 2 o Supremo recusou os embargos sobre rito do impeachment. Não devia ter "conhecido” do recurso, foi feito por um réu, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.

“PS2- Na convenção do PMDB, Michel Temer determinou:” Durante 30 das, nenhum parlamentar pode ser nomeado para cargo no governo ontem, quarta, o deputado Mauro Lopes aceitou o cargo de Ministro da Aviação Civil. Resta  saber se Dilma pode nomear  ou  empossar alguém.
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