A crise
política atinge a economia, Cunha impávido e altaneiro, Lula ultrapassado e
massacrado, Temer quer assumir logo, sem voto, sem povo, sem urna.
HELIO
FERNANDES
Nos últimos 10 dias, atingindo o auge nesta semana,
em primeiro plano, fundamental, principal e excepcional, o impeachment. O resto
puro acessório ou conseqüência. O assunto está na pauta desde fevereiro de
2015, quando o jurista Ives Gandra Martins publicou o primeiro parecer. Ele
mesmo revelou que foi contratado por um advogado do ex-presidente FHC.
Inteiramente a favor, sem restrições. Andou no noticiário, foi caindo, deixou de
interessar, desapareceu, passou a ser apenas uma alavanca e um ponto de apoio
para o corrupto Eduardo Cunha. Este não foi cassado, continuou no cargo,
mantido pelo PSDB do "jovem presidenciável" Aécio Neves, pelo PSB,
que se julga mesmo socialista, o PPS, dirigido por um suplente e outros periféricos.
Surpreendente, Dilma anuncia: "Lula será
Ministro da Coordenação Política”. Estarrecimento geral, mas qualquer analista
de terceiro time, constataria: Lula está tentando fugir do Juiz Moro e se
refugiar no Supremo Tribunal Federal. Segunda observação, infalível: a nomeação
do ex-presidente tem o objetivo de conseguir "adeptos” na Câmara e no
Senado e conseguir numero para uma possível ou provável batalha pelo
impeachment. Ao se preparar para uma batalha, Lula deflagra a guerra, a permanência
de Dilma fica inimaginável. Mas isso não era tudo.
Lula
dispara a fazer confissões, surge um verdadeiro Quasimodo
A auto critica do Lula, é estarrecedora,
desabonadora, destruidora. Ele não agradava a todo mundo, mas dividia as observações.
Tanto que perdeu três eleições presidenciais, ganhou duas, só começou a rolar
para o precipício quando decretou a ascensão da medíocre e insípida Dilma
Rousseff. Atacou todo mundo, atingiu pessoas, órgãos e instituições, de forma
desabrida, principalmente para quem está na posição dele Agora se insurge
contra o juiz Sergio Moro, jogando em cima dele, a culpa. Acusa o juiz de ter
gravado, "ilegalmente a presidente da Republica". Tolice. Quem estava
sendo gravado como acusado, era ele, a presidente entrou por se relacionar com
qualquer um.
Lula
cometeu o mesmo erro de Mercadante, falar leviandades, esquecendo que tudo é
gravado
De todas as barbaridades que o ex-presidente
pronunciou, selecionemos apenas os insultos ao Supremo, insólitos, falsos, sem
a menor base. E de tudo o que disse levianamente, o único desmentido foi ao
fato de ter chamado o Supremo de "acovardado". Dois advogados,
assessorados por ele, redigiram a resposta ao mais alto tribunal do país. Assim
que saíram os insultos do ex-presidente, os Ministros decidiram. Tem que haver
uma resposta categórica. E ninguém mais representativo do que Celso de Mello,
por ele e por ser o decano. A resposta, duríssima, saiu em todos os jornais e
televisões. Lula pediu desculpas, mas não se reabilitou. Precisava mais do que
uma carta aberta.
Lula
Ministro da Coordenação política, O PMDB marcou logo o rompimento
Nem Dilma nem Lula parecem ter percebido: o parceiro,
pode ter os maiores defeitos, mas sua cúpula é toda de profissionais. Lula
participando da política, o alvo principal seria o próprio PMDB. Lula falastrão
falou: o PMDB tem 67 deputados, 7 já são Ministros. Se conseguirmos mais 30,
excelente. Convocaram logo a convenção, e nela, proibiram que em 30 dias,
ninguém podia aceitar cargos do governo. Obvio. A arma do governo é o
troca-troca, jogaram antecipadamente.
Fortaleceram Eduardo Cunha, ligadíssimo a Michel
Temer e sabidamente o herdeiro natural da saída de Dilma. O grande
favorecimento de Cunha a Temer é a velocidade do andamento do impeachment. Para
o vice assumir como gosta, sem eleição, o impeachment tem que ser resolvido
antes da decisão do TSE. (Já revelei aqui: o TSE não vota a cassação antes de
maio, quando muda a sua composição e a presidência). Cunha garante a votação na
Câmara em abril.
Outra tolice ou primarismo foi à tentativa de
provocar ou desafiar o PMDB. Todos os generais de 4 estrelas, responderam: reduziram
o prazo para a unificação do discurso sobre o impeachment. Se vencerem,
agradecerão a Lula e Dilma. Se não agradecerem, serão ingratos, como gosta de
dizer o ex-presidente.
A
economia desacelerada, abandonada, esquartejada
È desalentador. O país completamente omisso, mais
de 11 milhões sem trabalho, nenhuma esperança de progresso, ninguém toma
providencia. O governo não governa, a oposição não se opõe. O PIB cada vez mais
baixo, os índices rebaixados duas vezes pelas agencias de risco, não existe a
menor esperança. Agora o país mergulhou na incerteza, na falta de esperança, no
desinvestimento. Em dezembro de 2015, escrevi: "2016 será pior do que 2015",
muita gente me criticou. Agora 30 dias ou pouco mais, o único assunto será o
impeachment.
Haja o que houver, continuação da catástrofe. A
permanência de Dilma, inaceitável. A posse de Temer, tão pior quanto. Um acordo
com o PSDB do "jovem presidenciável" Aécio, que não irá durar muito.
Não demorarão a perceber, Temer vai querer mais 4 anos, um equivoco
terrível. O PSDB tentará outro impeachment? Mas o PMDB é mestre nisso.
A
tramitação da Comissão do impeachment
Reunida na quinta feira num clima de hostilidade
pessoal e confronto físico, sem qualquer explicação ou necessidade. Tanto que
logo a seguir votaram, eram 434 deputados, 433 queriam a Comissão. Foi então
instalada, presidida pelo deputado Jutahy Magalhães. (Sobrinho do interventor,
governador, general, senador e embaixador Juracy Magalhães). Presidia pelo fato
de ter 8 mandatos seguidos. Mas não tinha nada a fazer, Eduardo Cunha fez tudo.
Escolheu (não houve eleição), o presidente e o relator, sem que ninguém do PT
estivesse presente. Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro.
Essa Comissão tem pouca ou nenhuma importância. São
65 deputados, ontem os cálculos oscilavam assim. 5 indecisos, (os 5
investigados pela Lava-Jato, não deviam fazer parte) 60 divididos mais ou menos
iguais. 31 a 29 ou 32 a 28. Nada a ver com a votação no plenário. Só para ver a
diferença: na Comissão, 65 deputados. No plenário, 513, 8 vezes mais
A
manifestação de ontem e de domingo passado.
Constatação geral: a manifestação contra o governo foi
à maior da historia. Na segunda, escrevi: o PT que fará manifestação no fim de
semana, precisa ter muito cuidado ou não chegará a 20 por cento. (È fácil
rever).Em São Paulo apenas 350 mil
pessoas, contra o 1 milhão e 400 mil do domingo:25 por cento. Brasília: 150 mil
domingo, 4 mil ontem. Rio: 300 mil superando de longe os 28 mil de ontem. Em
todos os estados e cidades Lula, quase a mesma desproporção.
O ex-presidente ainda não ministro
Lula que discursou por
quase 26 minutos, foi dormir ainda não ministro. Existem no Brasil todo, 42
ações populares contra sua posse. Só o Supremo pode julgar. Existem pedidos com
vários Ministros. Cada um tem 5 dias para resolver. Mas devido á importância e
relevância da questão, podiam ter resolvido logo. O presidente Lewandowski estava
numa solenidade jurídica em Manaus. Teori Zavascki em Ribeirão Preto, recebendo
o titulo de cidadão honorário. Os dois fizeram bonitos discursos.
Gilmar
Mendes mantém o veto a Lula
Às 21 horas e 8 minutos, o Supremo vetava pela primeira
vez a posse de Lula. Coerência pura. Depois do que o Ministro falou sobre o
ex-presidente, na quarta feira, não podia de jeito algum, referendá-lo para ser
Ministro. Lula, para o Ministro, tem que ser investigado pela Lava-Jato, quer
dizer, em Curitiba e não Brasília.
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