Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 9 de março de 2016

Com credibilidade, o Supremo suplantou Executivo e Legislativo

HELIO FERNANDES

Constitucionalmente tem a ultima palavra. Mas agora seus poderes se ampliaram, suas atribuições se estenderam, suas decisões atingiram os mais variados setores. O Presidente da Câmara, por unanimidade foi considerado réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Isso é o mínimo, pois não demora será enquadrado pela terceira vez. A pedido do Procurador Geral e a ratificação mais do que natural do relator e do plenário. 

Hoje, quarta, duas decisões inspiradíssimas. 1- O plenário examinará a "delação" do senador Delcídio, transformada por ele mesmo em entrevista concedida minuciosamente á revista "IstoÈ". Alem das acusações estarrecedoras a Lula e Dilma, fez questão de torná-la publica, era o autor e o delator. Se ninguém pedir vista, a "delação" será homologada. Ontem o Supremo abriu o terceiro inquérito contra ele.

Antes ou depois, mas provavelmente na mesma sessão, (os assuntos são urgentes e improrrogáveis) examinará a nomeação do Ministro da Justiça. Como Procurador de carreira não pode ocupar cargo no Executivo. 48 horas antes um Desembargador Federal "autorizou" o Ministro a tomar posse. Sabendo que o Supremo examinaria imediatamente a questão, o Desembargador agiu impensadamente.

O Supremo tem mantido todas as decisões e condenações do juiz Moro, foi criado o que se chama de “pânico de Curitiba". O Procurador Geral denunciou Claudia Cruz, casada com Eduardo Cunha. Este quer que o Supremo não aceite a representação ou então, julgue sua mulher. Alegação: "Ela está enquadrada nas mesmas ações a que ele responde, então deveria ser julgada junto com ele".

Surpreendentemente mas de acordo com o estabelecido, Eduardo Cunha tem "foro privilegiado". Mas ela não. Seus gastos exuberantes no exterior, suas compras dispendiosas, sua participação nas contas do marido, foram examinadas de todas as maneiras, e ela responsabilizada. Se o Supremo aceitar a representação do Procurador Geral, será julgada em Curitiba, onde estão todos os processos da Lava-jato. Esse o pânico do Presidente (ainda) da Câmara.

Dilma: "A oposição insiste em dividir o país".
Oposição: "Dilma não governa, paralisa o país"
Opinião publica: "Governo e oposição estraçalham o país"

Nenhuma restrição a qualquer das afirmações. Dona Dilma errou tanto, que jogou todos contra ela. A partir da reeleição, não conseguiu um novo mandato e sim a unanimidade contra ela. Confessou: "Meu equivoco foi ter demorado a perceber que estava tudo errado do ponto de vista econômico e administrativo". Mas não sabia como construir, destruir é tudo o que faz.  Na primeira pesquisa do segundo mandato, o resultado: "76 por cento consideraram que ela mentiu para se reeleger". 

Depois o "índice de popularidade" caiu para 9 por cento, inacreditável, inédito na Historia da Republica. Logo nos primeiros meses da reeleição, demitiu 6 ministros, o que ficou conhecido como faxina". Sem saber o que fazer, rompeu com o "seu" partido, PT, com o PMDB. Na eleição do líder do PMDB, para vitoria do seu candidato, o Ministro da Saúde teve que reassumir por 24 horas. Isso não foi grave. O que não contaram: o suplente, do "nanico" PDT ia votar contra Picciani. Isso é uma biografia ou autobiografia de Dilma e do seu "governo".

A oposição desde a constatação do fracasso de Dilma e do PT, apostou no "quanto pior, melhor". Pode ser uma frase tosca e repetida, um lugar comum, mas para os que fingem de oposição, uma convicção irrefutável. Também não se opuseram, na ultima segunda feira afirmaram: "Vamos obstruir todas as votações, nossa prioridade é o impeachment”.

Desde fevereiro de 2014, depois da reeleição, venho analisando: "Não obterão os 342 votos necessários". Agora, podem conseguir até mais do que isso. Não garanto, mas têm mais fôlego do que quando começaram. Dona Dilma é tão estabanada, insensata, desequilibrada, desorientada, sem projeto, sem rumo e sem futuro, que diante do quadro que ela mesma fortaleceu, deveria estabelecer uma prioridade. Como está na iminência de sofrer o impeachment ou a cassação, RENUNCIARIA. Assumiria o vice, que "trabalha" 24 horas por dia para isso.

Com essa demonstração de grandeza, vá lá, não precisaria sentir medo das ruas, de vaias, da impopularidade. Na melhor das hipóteses, com a demora das decisões, do Congresso ou do TSE, ficaria mais 2 anos, fingindo que preside o país. Sobressalto, risco e medo a todos os momentos. Deixando o governo, Dilma ganharia imunidade diante da opinião publica. Poderia continuar andando de bicicleta, quem sabe voltaria a ver novela, com sua amiga da Petrobras.

A presidentA repetiria o que fez o presidente Nixon. Como ela não conhece Historia, nem recente, vou lembrar rapidamente. Em 1968 foi eleito presidente. Em 1972, reeleito, já "chamuscado" pelo Watergate. No fim de 1973, o Procurador fez acordo com Spiro Agner, vice corruptíssimo. Em 1974 chegou a vez de Nixon. Se resistisse, poderia ficar mais 2 anos no cargo, sabia que o impeachment estava garantido. Renunciou, foi pra casa, fizeram filme com ele, ninguém o incomodou.

Assumiu o Presidente da Câmara, Gerald Ford. A primeira vez, nos EUA, que um presidente não eleito diretamente, ocupava a Casa Branca. Fora naturalmente os vices que assumiram quando os presidentes eram assassinados. Começando pelo estadista e heróico Lincoln 

“Ressalva importantíssima: não tenho respeito, complacência ou admiração, por nenhum dos supostos herdeiros de Dona Dilma. Sem exceção, todos do segundo ou terceiro time. Ela é imprudente, eles incompetentes, alem de desleais e até traidores. Montam uma conspiração para esquartejarem o país, e em nome desse falso idealismo ou mesmo patriotismo, satisfazem suas ambições, obtém sucesso para os seus interesses unicamente pessoais. Com essa constatação, por que e para que mudar? 


Marcelo Odebrecht condenado a mais de 19 anos, por corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa


Quando foi preso em junho, perguntaram se faria "delação". Resposta: "Não sou dedo duro, não entrego ninguém. Quando minhas filhas brigam, não espero que uma acuse a outra. Quero saber que começou". Até o ano passado era o dono da maior empreiteira do país. Agora é acusado como responsável pela "formação de quadrilha". (Nome mudado para associação criminosa).

O proprietário da Andrade Gutierrez, a segunda empreiteira, fará "delação". De Curitiba me dizem que Marcelo Odebrecht está no caminho. Depois do depoimento dos marqueteiros Santana, que revelaram terem recebido mais de 30 milhões da Odebrecht, para financiarem campanhas no exterior, doutor Marcelo não tem outra
 saída.

Hoje, quarta, dia terrível para o senador Delcídio, já disse lá em cima, o Supremo aceitará sua "delação". Agora chega outra noticia: também hoje, a Comissão de ética do Senado começará a examinar a cassação do seu mandato. Difícil escapar. A não ser que acreditem que ele ainda tem muita munição guardada. 

Dilma "homenageia” as mulheres

As aspas são mais do que explicativas. Um discurso monótono e cansativo, como sempre, não apagará o mal que fez a todas as mulheres, que gostariam ou poderiam governar o Brasil. Quando alguém pensar numa mulher para presidir o Brasil, lembrarão de Dona Dilma. Precisarão do auxilio de Gabriel Garcia Marques e de 100 anos de solidão e desperdício. 

PS- Homenagem mesmo, quem merecia: a doutora Berta Lutz, que de 1932 a 1934 implantou o feminismo no Brasil. Lutou e conseguiu que as mulheres conquistassem o direito de votar para presidente.

PS2- A primeira eleição direta ocorreria em 1934. Infelizmente, Getulio Vargas subornou a constituinte, se elegeu indireto. Eleição direta só em 1945, frustração colossal.
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