Tsunami de ações vai
inundar a especializada
Por
sua vez, este ano, os reflexos imediatos da turbulência mundial já chegaram ao
Judiciário, em especial à Justiça do Trabalho, que por excelência, busca
proteger o trabalhador, hipossuficiente, e para isso vem utilizando novos e
eficientes mecanismos de execução, e de todos os meios favoráveis ao empregado
na cobrança e, até mesmo, no arbitramento de valores.
ROBERTO MONTEIRO
PINHO
03.05.15
A
crise econômica já esta afetando diretamente o judiciário trabalhista, sinalizado
pelo aumento sinuoso a demanda, que vem crescendo a cada mês, superando médias
dos períodos anteriores, numa clara e insofismável constatação de que sua
estrutura já está dando sinal de saturação. A prova substancial para isso são
as audiências designadas e as remarcadas, que estão elastecidas.
Segundo
reclamações dos advogados que labutam no judiciário trabalhista, as remarcações
já estão alcançando datas para novembro e dezembro de 2015 e para o primeiro
trimestre de 2016. Hoje
mais do que nunca, os grandes chamados litigantes (governo, bancos e
concessionárias de serviços públicos) usam a Justiça de forma desenfreada, por
sua vez, o próprio judiciário é tendencioso a judicialização. Isso significa que o cidadão aciona a justiça
em busca de direitos, que muitas vezes, poderiam ter sido solucionados através
de um sistema extrajudicial.
Em 2013, a taxa de congestionamento do
judiciário aumentou de 70% para 70,9%. O dado é do Conselho Nacional de Justiça
e consta do relatório Justiça em Números, que avalia anualmente a produtividade
e o desempenho do Judiciário, bem como a sua estrutura. Isso quer dizer
que, de cada 100 processos em trâmite na Justiça, um a menos foi resolvido em
comparação com o ano anterior.
Em números absolutos: foram 95,14 milhões de
processos em trâmite em 2013, dos quais 28,3 milhões entraram no ano passado e
66,8 milhões já estavam na Justiça antes disso. No mesmo ano, os juízes
resolveram 27,7 milhões de processos. Quando digitava esta matéria, uma
informação, ainda que incerta, indicava que existem 100 milhões de ações. Em
2013, dos 67 milhões de processos pendentes de julgamento, 36,3 milhões eram de
execução. E desses, 30 milhões eram de execução de títulos fiscais. E mais
grave: apenas 29 em cada cem processos chegaram ao fim.
Assim 40% das ações pendentes
de julgamento do país estão em fase de execução, 82% delas resultam da
ação do Estado para cobrar dívidas. E se a taxa de congestionamento geral é de
70,9%, ao recortá-la para a fase de execução, esse índice sobe para 86%. Em
outras palavras, de cada 100 execuções que estão para ser resolvidas, só
14 o são. É, na prática, o "ganha, mas não leva".
O resultado do aumento no número de
processos deixa a Justiça ainda mais lenta, servidores e magistrados
sobrecarregados e com isso representa sofrimento e angústia para quem espera
longos anos para ver a decisão final de um julgamento. Ao todo, estão nas
gavetas e computadores da Justiça (estadual e federal, em todas as instâncias),
pelo menos, 95.140.000 processos.
Por sua vez, este ano, os reflexos imediatos
da turbulência mundial já chegaram ao Judiciário, em especial à Justiça do
Trabalho, que por excelência, busca proteger o trabalhador, hipossuficiente, e
para isso vem utilizando novos e eficientes mecanismos de execução, e de todos
os meios favoráveis ao empregado na cobrança e, até mesmo, no arbitramento de
valores.
A crise econômica se instala nos meios de
produção, coloca o sistema financeiro em embolia, e gera ansiedade e temor
quanto ao futuro dos negócios. Na ponta deste iceberg de injunções , está o
trabalhador, e a sua estabilidade, mais do que nunca precisa ser defendida. Mas
sabemos que o estado tem dado demonstração de total despreparo quanto a sua
proteção.
Não o protege n=uma economia estável, como
poderia protegê-lo numa situação anômala? Por outro lado, data maxima venia, a magistratura não está preparada técnica e
doutrinariamente para compreender os aspectos substantivos dos pleitos a ela
submetidos. Falta aos membros do Judiciário uma visão real das estruturas sócio
econômicas. O juiz por sua vez, se personifica numa classe superior, com os
mais altos salários do planeta, e a sua visão, é elitista, e fora da realidade
de milhões de brasileiros.
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