O lobby dos juízes num judiciário desacreditado
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As
denominadas “notas técnicas”, invadem diariamente os gabinetes de relatores
legislativos, mesas diretoras da Câmara e do Senado, sugerindo efeito
modificativo, aditivo ou contrário aos projetos de lei, que são propostos pelos
legisladores. O assédio em Brasília é publico e notório.
ROBERTO MONTEIRO
PINHO
25.06.15
Acaba de ser divulgado o
Índice de Percepção do Cumprimento das Leis (IPCLBrasil), mensurado pela FGV
Direito SP, revelando que a confiança do brasileiro no Judiciário e em diversas
instituições caiu no primeiro trimestre de 2015, na comparação com o último
relatório lançado, em março de 2014. A confiança no Judiciário e na polícia é
ainda menor, se comparada com as respostas dadas por brancos e amarelos.
Estes confiam na polícia
e no Judiciário em índices, respectivamente, de 37% e 27%; estes caem para 30%
e 22% se perguntarem a negros, pardos e indígenas. Quando se refere ao Governo
Federal e ao Congresso Nacional, chegando a 24% e 20%, mas cai a confiança para
18% e 14%, quando a resposta é dada por brancos. Extenuado e débil o judiciário
realmente existe para servir dois senhores, os seus integrantes e o governo.
O lobby de
associações de magistrados tem ficado na dianteira, superando os movimentos dos
sindicatos e ONGs na luta por conquistas para seus segmentos. Recente os juízes derrubaram no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), medida que poria fim ao pagamento de verbas
acumuladas, questionadas na justiça, mas ainda sem solução. O trabalho dessas
instituições tem um significado ímpar, porque extrapola o espaço que por
excelência, pertence á sociedade, e até que se prove ao contrário, o juiz não
fala pela sociedade, fala pelo estado e por ele próprio.
As
denominadas “notas técnicas”, invadem diariamente os gabinetes de relatores
legislativos, mesas diretoras da Câmara e do Senado, sugerindo efeito modificativo,
aditivo ou contrário aos projetos de lei, que são propostos pelos legisladores.
O assédio em Brasília é publico e notório. Os sindicatos (cooptados pela CUT)
na esteira chegam depois, ou sequer atuam. A prova disso é a reforma
trabalhista, onde o juiz atua com
ênfase, superando e suplantando as agremiações dos trabalhadores.
Posso fazer minhas criticas, porque sempre fui esmerado. Sai juiz, em
2001, deixei o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região com os processos sob
minha relatoria “zerados”, durante todo período que ali estive. Sempre “zerei”
estatística que eram por transparência, publicadas no DOU.
Recente a
ministra Nancy Andrighi Corregedora Nacional de Justiça, “suspendeu, desde o
dia 12 de junho deste ano, a obrigatoriedade de alimentação – por parte dos
juízes de 1° e 2° graus – dos dados do sistema “Justiça Aberta”, que é
gerenciado pela Corregedoria Nacional de Justiça. O sistema vem sendo
processado desde 2008, (data de sua implantação), e desde então recebia dados e
relatórios de produtividade das secretarias. Para melhor avaliar, dado á
importância desta “transparência” data
venia, apregoada no bojo do Pacto Republicano, identificou lançamentos de
valores altíssimos nos salários de desembargadores do Tribunal paulista. Alem
disso, ele espelhava a realidade do que ocorria nas varas e gabinetes, podendo
através deste instrumento estatístico ver as falhas que ocasionam a morosidade
do judiciário.
O fato é
que o governo politicamente fragilizado mergulhou nas “trevas da incerteza”, e
com isso provoca o descrédito e retração econômica. Escândalos de corrupção,
Congresso e governo em descontrole, agravado com uma “oposição” na própria base
governista. Falta dinâmica, planejamento e o anúncio concreto da retomada no
campo social e administrativo. Um dos mais graves exemplos é a Previdência
Social. Seu gasto com
aposentadorias no Brasil é superior à arrecadação da Previdência desde abril de
1997, e o Tesouro tem de desembolsar alguns bilhões para cobrir o rombo.
Milhares
de empresas fecham suas portas. O desemprego é assustador, e demanda uma
perspectiva de mais demissões. O sinal desta debilitada situação: montadoras de
veículos estão com encalhe de 40%. Em meio á turbulência, juízes pressionam por
verbas pessoais, pressionam parlamentares nos PLs que tratam questões de fundo
das relações de trabalho, em flagrante desrespeito a regra, quando deveria se
abster de interferir em matéria que á frente estará julgando.
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