HELIO FERNANDES
13.06.15
As descobertas
que tem feito, as confissões surpreendentes, ultrajantes e repelentes, vieram
pelo menos com 29 anos de atraso. A partir de 1985, a transição operada pelos próprios
generais, depois de terem perdido a “prorrogação criminosa e cruel, do 1º de
Maio de 1981”.
Embora aparições
satisfatórias mas revoltantes estejam surgindo todos os dias ou oportunidades,
ressuscitam apenas coadjuvantes. Os todos poderosos generais que chegaram a
“presidentes”, se a investigação tivesse começado na hora certa, teriam morrido
numa cela estreita, apesar de não sofrerem tortura.
Com esse tempo
desperdiçado, os quase todos coronéis, que estão depondo, jogam a culpa nesses
generais “presidentes”, com a justificativa falsa e mentirosa: “Cumpríamos
ordens”. Durante essas verdadeiras décadas de “chumbo”, milhares de oficiais
sacrificaram as carreiras, foram para a reserva, por não concordarem com golpes
e torturas.
Dois Exércitos
diferentes
Este titulo é
rigorosamente verdadeiro. Quando o governador Carlos Lacerda aderiu á Frente
Ampla (que começou na minha casa) e recusou não o premio mas a tentativa de
afasta-lo enviando-o como Embaixador na ONU (cargo para qual estava totalmente
capacitado) resolveram elimina-lo.
Deram ordens ao
então coronel Bioaventura Cavalcanti para promover o seu assassinato quando ia
inaugurar obras no Hospital Miguel Couto. Grande figura, falando vários
idiomas, ex-Adido Militar na ONU, comandante do Batalhão de paraquedistas,
recusou.
O general Alfredo
Pinheiro, que o procurou, replicou: “Isto é uma ordem”. E Boaventura: “O senhor
não pode utilizar a hierarquia para determinar assassinato”. Sua carreira
acabou, foi passado para a reserva junto com outros brilhantes oficiais não
golpistas.
A prisão dos 11
do Pasquim
Em 1970, no
mesmo ano em que torturaram e assassinaram Rubens Paiva, decidiram prender a
cúpula do Pasquim. Era impossível resistir ou conviver com aquela critica
inacreditável e avassaladora. Mas não sabiam o que fazer. Sabiam que qualquer
repressão teria enorme repercussão.
Decidiram então
prendê-los e envia-los para a Vila Militar, já era outro Exército, 11 foram
mandados para lá, ficaram 60 dias. Geralmente as vezes por semana o comandante
ficava no quartel, fazia um rodízio de convidados para jantar.
Era 12, só 11
foram presos
No seu estilo
habitual, Millôr que foi o idealizador do Pasquim, uma espécie de continuação
da sua revista “Pif-Paf”, que só circulou 8 números antes de ser fechada,
afirmou: “eu não vou preso, sou apenas jornalista”. Se me prenderem, terão que
me soltar algum dia. Ai então, irei para o exterior, e farei a maior campanha
contra esse regime ditatorial”.
Como eram
covardes, assassinos e insensatos, deixaram o Millôr em liberdade. Ele não saiu
do país, ficou trabalhando como sempre. Estas comparações mostram que o golpe
que a principio tentaram impor como Revolução, dividiu o Exército. Só que a
parte assassina, armada e convencida de que só manteria o Poder, assassinando
depois da tortura, dominou o tempo inteiro.
A Comissão da
verdade em 1979 ou mesmo 1985
Todos os maiores
assassinos que maculara a farda e a reputação do Exército, teriam sido
responsabilizados. Então o fato mais visível e que seria reconhecido pela
Historia, seria a comparação entre o comportamento dos civis torturados e os
assassinos e os mandantes desses crimes cruéis.
Golbery, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Ernesto Geisel,
Figueiredo e Otávio Medeiros que chegaram ou chegariam a “presidentes”, iriam
delatar os companheiros e implorara, com a confissão: “Fui obrigado a tudo isso”.
E essas humilhações, com as lágrimas dos canalhas. (publicada em 21.8.14)
*Aos sábados serão publicadas matérias
mais acessadas no blog.
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Prezado Hélio Fernandes,
compartilho informação e opinião, com algumas reflexões acerca do atual
panorama da nossa espoliada nação.
Pedro Ricardo Maximino
"Superpatógenos" e
blasfêmias na capital: entre piratas e corsários.
A bagunça é decorrente do descaso nos setores da
política, da economia, das finanças púbiicas, da saúde, da educação e dos
transportes pelo país, a começar pela capital da sacaneada República Federativa
do Brasil.
Na rodoviária central de Brasília, os pregões
anunciam os ônibus piratões (caindo aos pedaços e nas vagas dos ônibus
regulares que não circulam há três dias, no bigode da polícia e da fiscalização
do DF) em meio à greve geral daquele que é praticamente o único transporte
público da capital (pois Brasília, como péssimo exemplo nacional, quase não tem
metrô). A população afirma: "prefiro os piratas aos
corsários"(concessionários que também cobram caro e circulam com um nível
semelhante de conforto e de risco, dentro da normalidade do transporte de gado
humano da capital, refletido em todo país).
Trata-se de uma situação extrema, pois normalmente
é preciso ter coragem para ser pirata na terra dos corsários. As multas são
aplicadas com rigor e as propinas são mais caras em Brasília. No entorno, o
risco associado à violência do barril de pólvora do abandonado cinturão do DF e
da insegurança pública, tornam inviáveis econômica e biologicamente tal
empreendimento.
Nos hospitais do DF chamam a atenção as
superbactérias, consequência natural de inúmeros descasos, dentre os quais com
a higiene e com a contaminação. Com tanta roubalheira do implosivo governador
sucedido, o corte atingiu covardemente a saúde de quem mais precisa na capital,
e foram cortados itens mínimos de funcionamento, como seringas descartáveis,
antissépticos e equipamentos de proteção e funcionamento hospitalar basilares.
A natureza grita diante da maior estupidez e covardia humana, mas as vítimas
são sempre aqueles que não causaram os males, a população pobre e dependente da
saúde pública na riquíssima e desigual capital brasileira.
Nas nobre e caríssimas cortes, os agentes
patogênicos mais perigosos e os cânceres do Brasil parecem muito religiosos e
blasfemam de todas as formas, a começar por MIchel Temer, na ridícula
comparação de Joaquim Levy com nosso Senhor Jesus Cristo. Até a citação
Dílmica, falando ao "Estado de São Paulo", de Judas para o Joaquim
(que não é o 18º rei de Judá) e Levy (que não tem sobrenome Fidelix e nem é
filho de Jacó) é estapafúrdica, diante de tantas traições de seus partidos ao
trabalhador brasileiro.
Blasfêmias, pecados imperdoáveis, mistificação e
retirada de foco das questões principais, caráter dúbio e reacionário em
questões inconvenientes. Reforma políltica inócua. Menoridade penal como
símbolo da incompetência fruto do descaso com a questão da segurança pública e
da criminalidade que nos esfaqueia. Professores vilipendiados e universidade
paralisadas na escala loucamente invertida que desvaloriza aqueles que irão formar
pessoas pensantes e agentes em todas as áreas do conhecimento e profissôes.
Educação básica pro fundamente enganada em nossa história de analfabetismo
funcional e incapacidade crítica resultante. Tudo para se manterem como
governantes de uma população acéfala.
Depois de pedaladas e promessas vâs da presidente
governanta (com uma virada para a mesma página de concessões furadas e
obscuras, com recursos dos contribuintes, para as demandas sempre urgentes e
não atendidas em quatorze anos de desgoverno) ao término viagens com os cofres
públicos dos puritanos, blasfemando entre Paris e em comitiva na Terra Santa,
com parada final de encontro russa dos BRICS, única com aparência de alguma
importância geopolítica, caso seja feita com seriedade, apesar de se mostrar
ainda, de tão mal gerida, incipiente, inconsistente e pedulária na prática.
Precisamos despertar e lutar, pois ainda parecemos
anestesiados desde 2013, época em que constatamos a falta de
representatividade, mas não a contestamos como era bem merecido. Urge a nossa
reação, visto que seremos os primeiros e principais e certamente já sofremos as
consequências que se aprofundam nessa historicamente repetitiva espiral
negativa, que tonteia e se disfarça de agenda positiva.
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