O PDT MORREU JUNTO COM BRIZOLA.
HELIO FERNANDES
01.06.15
Alguns fatos rigorosamente históricos, jamais publicados, rigorosamente
verdadeiros. Começo pela visita de Brizola á Tribuna da Imprensa, o
descontentamento de muitos funcionários, não sei como você pôde ou pode saber
disso.
Funcionários (não jornalistas) com 30 anos de casa, (o jornal foi
fundado em 1949, isso aconteceu em 1979) não gostaram da ida dele ao jornal.
Uma tarde, da portaria me avisam, “o governador Brizola está aqui, quer
falar com o senhor”. Nunca havia falado com ele que fez toda carreira no RGS,
(deputado estadual, prefeito da capital, Governador), com uma exceção até
então: Candidato a deputado federal pela Guanabara com Lacerda governador.
Vitória estrondosa. De cada 10 eleitores, quatro votaram neles. Mandei subir,
lógico, o que fazer?
Me abraçou, amistoso, amável, agradável: “Tinha um compromisso comigo
mesmo”. “A primeira vista teria que ser você. No exílio éramos mais ou menos
uns 20, já não mais em Montevidéu. Todo dia chegava 10 Tribunas, disputávamos.
Teu artigo sobre Castelo Branco, é Histórico, ficará para sempre. Prova de
coragem, grandeza, desprendimento”.
O PTB.
Passou a relatar seus projetos. “Vou recriar o PTB, fundado por Vargas”.
15 anos fora do Brasil, desinformado, não sabia que a “anistia” era uma farsa,
os generais continuavam mandando. Principalmente Golbery, que mobilizou o
Tribunal Eleitoral, tirou o PTB de Brizola, entregou a Ivete Vargas, que
colaborara com a ditadura.
Fundou o PDT, disputou e ganhou o governo da Guanabara, quase não tomou
posse por causa da Procosult e da campanha da Sujíssima Veja, sempre utilíssima
e servil á ditadura. Brizola naturalmente queria a presidência da república,
tentou prorrogar o mandato de João Figueiredo para 1986 assim a eleição seria
direta. Não conseguiu.
Collor.
Depois da vitória e da morte de Tancredo, a primeira direta em 1989,
sucedendo aos 21 anos da terrível ditadura. Muitos candidatos. Ulisses, Mario
Covas, Lula, Brizola, Fernando Collor e outros. Collor foi para o segundo turno
com Lula que venceu Brizola por meio ponto.
Foi para a fazenda no Rio grande, chamou Lula de “sapo barbudo”, voltou,
teve que Apoia-lo. Me disse: “eu ganharia de Collor”. A eleição de Collor, ou
melhor, o seu impeachment mudou a Historia do Brasil. Todos conspiraram contra ele,
a começar pelo seu líder na Câmara, Renan Calheiros. Traição completa, Collor
não percebeu nem acreditou. A grande campanha do impeachment foi liderada por
Renan, com FHC e se aproveitando do irmão de Collor que estava morrendo de
câncer. Usaram a Sujíssima Veja como sepultura, o velório dele e da revista.
Assumiu o vice Itamar, como não havia reeleição, ficou apenas dois anos.
E logo preparou a candidatura de FHC, que foi feito Ministro da Fazenda, e a
seguir, simultaneamente Ministro do Exterior. De senador sem importância e em
fim de mandato, a presidente, com os cargos, os privilégios e a máquina do
governo.
Renan.
Sem nenhuma generosidade mas com temor evidente, FHC nomeou Renan
ministro da justiça. De “advogado de porta de Xadrez” a Ministro, Renan continua
o destino controverso mas vitorioso. Do impeachment até agora, 23 anos debaixo
dos holofotes.
Antes intimidava o presidente, era feito Ministro. Agora confronta e
enfrenta outro presidente, o preço é mais relevante: quer escapar da Lava-jato.
Se Collor tivesse cumprido o mandato inteiro, em 1994 os candidatos
naturais seriam Brizola e Lula. Com qualquer dos dois, a História seria
diferente. Em 1998, numa madrugada de “café gaucho”, (que eu não conhecia)
disse a Brizola que ele não podia ser vice de Lula, não ganhariam. FHC já havia
comprado a reeleição, ficou até 2002.
Brizola falecido.
Lula depois de FHC, já era muito tarde. E com a morte de Brizola, morreu
também o PDT. Assumiu Carlos Luppi, essa mesma decepção que está aí. Tinha uma
banca de jornal quase na esquina do edifico onde Brizola morava. Descia todo
dia para comprara jornais, conversavam, não sei o Brizola viu nele, levou-o
para o partido, ficou intimissimo.
Assumi discricionariamente, está até hoje. Foi Ministro do Trabalho,
demitido por Dilma, respondeu pelos jornais e televisões com ridícula
“declaração de amor”. O PDT até hoje é a cara do Luppi, não entendo a razão de
não ser afastado. A subserviência tem muitos adeptos.
(matéria republicada a pedido dos internautas).
........................................................................................................................................
Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com os colunistas, através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário