Temer pode ser cassado pelo TSE. Mas
ele teme outras duas cassações.
HELIO
FERNANDES
Ha mais de 6 meses, praticamente
com exclusividade, venho investindo no mais alto tribunal eleitoral. Dei tudo a
ele. Espaço, tempo, credito, e principalmente esperança. Nas mais diversas
oportunidades insisti: "A cassação da chapa, com a convocação de nova
eleição, colocaria o povo como personagem principal". Também ressaltei e
ressalvei, que não seria a "oitava maravilha do mundo", mas incomparável
em relação à Dilma ou Temer.
O material que o TSE vem
recebendo da equipe da Lava-Jato, justificaria e ratificaria a decisão de
afastar a presidente e o vice. Não perdi o animo e a convicção, nem mesmo
quando o Ministro Gilmar Mendes assumiu a presidência do tribunal. Estranhei
que o Ministro tivesse ido a um jantar de homenagem a Temer. Parcialidade e
presença comprometedora. E mais ou menos ha 15 dias, o Ministro disse na TV: "Acho
que o TSE não irá cassar Temer, ISOLADO".
Informei que o presidente não tem
que ACHAR nada, precisa votar. O povo está esperando uma solução que pelo menos
restitua a crença nas instituições. Mas se deixarem passar mais algum tempo, a
substituição dos dois, terá que ser complementada através de escolha indireta. Dizem-me,
de lá mesmo, que é isso que desejam pelo menos 2 membros do TSE. Não acredito.
O presidente provisório está
assustado com a realidade. Mas não perde a chance de garantir duas coisas. 1-O
tribunal não pode interferir no que já está decidido pelo poder competente, que
é o Legislativo. Bobagem e excesso de absurdo.
Assim como o Legislativo tem
autonomia total, para aprovar o impeachment, apesar das contradições e incoerências.
O TSE é soberano para examinar o caixa 2 das campanhas eleitorais.
Não adianta todos dizerem a mesma
coisa: "As doações foram legitimas e registradas noTSE". Procura limitar
no tempo, a competência do TSE para agir, se sua decisão ocorresse antes da
decisão definitiva da Câmara e agora do Senado.
A suposta credibilidade de Temer
se esvai, quando acredita que tem poderes especiais para cercear o Poder do TSE.
Terá que viver com essa duvida, durante algum tempo. Mas pode ter problemas
iguais, vindos de outros setores, igualmente eliminatórios para ele.
Temer
corre o risco de mais duas cassações
O presidente provisório, está
convivendo, diariamente com o medo, o susto, definindo com mais precisão: verdadeiro
pânico. Alem do TSE, dois terremotos cassatorios, podem desabar sobre a
realidade que foi "conquistada" SEM sangue, suor, mas com muitas lagrimas.
Daí, pode (ou poderia) surgir uma
cassação por DESONESTIDADE. Tudo o que vem fazendo para proteger Eduardo Cunha
e salvar sua face, se enquadra nessa palavra.
Desonestidade não é
obrigatoriamente ligada a dinheiro, a doações do mensalão ou petrolão. Os 33
dias que prorrogou para a pauta da cassação do mandato dele, pura
desonestidade. A pauta para essa votação, premeditadamente incluída numa
segunda feira, incontestável desonestidade.
È mais grave ainda, se foi feita
por gratidão. Ou nem sei o grau da desonestidade, se for "justificada"
pela intimidação que o ex-presidente da Câmara exerce sobre ele. Isso eu contei
ontem, com detalhes.
Hoje vou lembrar, de memória, o que escrevi sobre o veto de Cunha a Rodrigo Maia, para líder do governo.
Ele ainda era presidente da Câmara,
sabia de tudo na hora. Ficou furioso quando lhe contaram o fato. Disse para o próprio
informante: "Vou acabar com esse convite agora mesmo". E se mandou
para o Jaburu, sem nenhum aviso, tinha entrada livre, a qualquer hora.
Foi ruidoso e estrondoso, o que
aconteceu. Dois assessores que estavam na ante sala, não sabiam o que fazer
diante da gritaria entre um presidente da Republica e um presidente da Câmara. Cunha
mal cumprimentou Temer, foi logo perguntando: "Você convidou o Maia para líder
do governo?". Assustado, Temer respondeu: "Estou estudando isso, mas
podemos conversar". Cunha tirou um papel do bolso, jogou na mesa,
acrescentando a palavra ao gesto acintoso.
Temer é subserviente por vocação,
formação e convicção, mas não agüentou. Revidou os gritos, que eram de tumulto incontrolável.
O que se podia perceber, era o comportamento, que chamaremos de represália
mutua e simultânea. Temer dizendo, "você não manda no governo". E
Cunha num grito maior, "quero a nomeação desse líder ainda hoje, ou haverá
arrependimento da tua parte". E foi embora.
O que Cunha deve saber, ou finge que sabe sobre o passado do presidente, gravíssimo. No fim da tarde desse mesmo dia, Temer chamou o deputado cujo nome estava escrito no papel. Ele entrou no Jaburu desconhecido. Saiu líder do governo. Isso ocorreu ha 3 meses. Cunha repete, vitoriosamente, as mesmas acusações e intimidações.
2- O outro temor de cassação, vem
da incompetência, farsa, mistificação, desses três meses no Planalto. Não faz
nada, mente voluptuosamente. Imita tragicamente Dona Dilma. Só que ela foi
eleita e reeleita. Com ele na garupa. Sem votos, e dizendo numa entrevista ao
jornalista Jorge Bastos Moreno: "Não penso em reeleição,chegar até onde
cheguei, já basta". Mas ninguém acredita nele. Nem mesmo os 3 presidenciáveis
do PSDB, que embarcaram na aventura de apoia-lo. Em troca de cargos e de não
haver reeleição.
Os cargos teve que entregar
na hora. Sobre reeleição, vai esperar os acontecimentos. Dona Dilma perdeu o
poder, culpada pelos mesmos fatos que Temer repete. E agora, insiste: "O
que está ocorrendo, pode mudar o resultado da votação no Senado".
Cunha: a
delação que não haverá
Mais ou menos ha 15 dias, o
grande assunto de bastidor, em Brasília: um possível entendimento entre o
ex-presidente da Câmara, e a equipe da Lava-Jato. Estes não se interessaram,
mas Cunha insistiu. Então, através do advogado da mulher, Claudia Cruz, teria
enviado uma lista de “gente que poderia entregar". Nessa relação, 152
deputados e 1 senador. Surpresa total com o disparate entre o numero de
deputados, e apenas 1 senador.
O pessoal da Lava Jato, mostra desinteresse,
comentando: "Ele tem problemas com a Câmara, com o Supremo. Então, teria
que fazer revelações de tal importância, não acredita que tenha cacife”. Já em Brasília,
Cunha nega tudo, e usa e abusa do seu jargão atual: "Não serei cassado,
então por que especularem com revelações que eu possa fazer?".
Por tudo o que tem sido formulado
e reformulado, uma delação de Cunha, para ser aceita em Curitiba, tem que
começar por Michel Temer. Não é que duvidem da intimidade passiva e passada de
Temer-Cunha. Mas é que Cunha teria que contar sobre Temer, mais do que o proprietário
da Odebrecht está contando, "para começo de conversa".
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