De Olímpia ao Rio de Janeiro, duas inesquecíveis
Olimpíadas. FHC confunde heresia com hipocrisia.
HELIO FERNANDES
Foi impressionante. Fulgurante. Comovente. E surpreendente para um terço
da população do mundo. Com os jogos transmitidos para 5 bilhões de pessoas, e
com a humanidade tendo ultrapassado os 15 bilhões, esse terço inclui realmente
quem interessa. E atingiu positiva e imediatamente os personagens que comandam
e controlam toda a comunicação do planeta.
O espetáculo
começou ás 8 da noite, terminou exatamente á meia noite. 4 horas ininterruptas,
a não ser ali mesmo, pelos aplausos emocionados, da multidão presente. E com a
força, o poder e a repercussão da nova tecnologia, não parávamos de receber,
saber e se orgulhar com o que diziam os maiores jornais do mundo, através dos
seus sites. E com manchetes iluminadas. Jamais a palavra, ENCANTADOR foi
escrita ou falada em tantos idiomas diferentes.
E
orgulhosamente, este repórter deixava rolar uma lagrima de satisfação. De
satisfação e de protesto silencioso. Não acreditavam que os brasileiros fossem
capazes de lances maravilhosos como esses. 10 dias antes, escrevi aqui, vou
citar entre aspas: "Quem não tiver ingressos para a abertura da Olimpíada,
corra para comprar. Conheço pessoal ou profissionalmente, os artífices do espetáculo.
Sei que todos eles, genética ou pela conquista e o conhecimento, têm o astral
do sucesso". Fiquei tão recompensado, como se eu tivesse tido alguma
participação, contribuído a não ser com a admiração.
205 países.
10 mil e 600 atletas, 2 mil dirigentes, técnicos, médicos, treinadores, preparadores
físicos, 3 mil jornalistas, tudo para que os jogos fossem competitivos. 5 mil voluntários
entusiasmados, centenas de milhares de pessoas, assistindo ou passeando pela
Vila Olímpica, todos felizes por estarem ali. Meses e meses de trabalho, nos
mais diversos setores.
Os
atletas se preparando, entusiasmados, para que pudessem empolgar. Os responsáveis
para que a Olimpíada fosse o sucesso que todos viram. E os analistas, comentaristas
e o publico do mundo todo, empolgados e surpreendidos, proclamavam sem
ressalvas: "Foi à abertura mais sensacional de todos os tempos". E
essa Olimpíada dos Tempos Modernos, completava 120 anos.
Daniela
Thomas e Fernando Meirelles, mestres de criatividade, entregaram ao cineasta
Andrucha Wandvogal, um material que ele transformou num filme de longa metragem
que empolgou o Maracanã. E fez a felicidade de 5 milhões de pessoas. O roteiro
começava ha centenas de milhões de anos, com os índios. Passava para a época da
escravidão, sem esquecer de compor um libelo sobre e contra isso. O verde da
sustentabilidade, predominando.
Não
esqueceram do desfile dos 205 países. Na frente de cada delegação, um tricicle,
dirigido por uma mulher, com o veiculo cheio de coisas verdes. E ao lado do
porta bandeira, um menino ou menina de 10 ou 12 anos, todos de branco, e nas mãos,
um vaso com uma planta. Cada chefe de delegação, recebia uma semente, que
plantava num lugar determinado. Dentro de 1 ano, serão 200 arvores, que se
transformarão no Jardim dos Atletas, centro de descanso e atração turística. Criativos,
juntaram o passado, o presente e o futuro.
Do
ponto de vista de realização e manifestação, quando chega à descrição do
urbanismo, os "prédios" vão subindo, e em volta deles, os bailarinos
exibiam uma categoria indescritível. Eram 1500 e a coreografia, inesquecível. Foram
meses e meses de trabalho insuperável. Superado apenas pelas verbas, que foram desaparecendo.
Poderia continuar escrevendo, indefinidamente.
Mas fora do conjunto, quero destacar três episódios individuais marcantes.
1-O desfile, isolado, da mais extraordinária modelo do mundo, Gisele Bündchen. Acostumada
com o sucesso de sempre, já fora das passarelas, desfilou para 5 bilhões. Admiração
geral. Inédito e sensacional. Ideia da craquissima Daniele Thomas. Aplaudida do
inicio ao fim do percurso.
2- A
autorização do Presidente do COI, para que os refugiados pudessem desfilar. Eram
28, sob a designação de Republica dos Refugiados Independentes. Foram os mais
aplaudidos, ou melhor, ovacionados.
3- Para
este repórter, pessoalmente, o ponto mais emocionante, indescritível e
relevante de todo o desfile: o Hino Nacional ouvido quase em silencio,
acompanhado apenas pelo violão admirável de Paulinho da Viola. Muita gente
chorava de emoção, incluindo o próprio Paulinho. Não consegui saber de quem foi
a ideia, mas deu grandeza inesperada ao espetáculo.
PS- O
presidente provisório, proibiu que anunciassem sua chegada. Mas terminada a
abertura, teve que dizer: "Estão abertos os Jogos Olímpicos". Explodiram
as vaias, mas o Maracanã vibrava de tal maneira, que pararam logo. Uma pena. Temer
merecia muito mais. Depois, mandou apaniguados retirarem os que estavam com
cartazes, "fora Temer".
PS2- Noticia
não exclusiva, mas extravagante. A NBC, uma das 4 grandes televisões dos
EUA,gastou uma fortuna, mas fez acordo sobre fuso horário com o COI.(Comitê Olímpico
Internacional).Como em relação ao Brasil, os fusos lá são menores, a audiência
da NBC aberta e por assinatura, seria atingida.
PS3- Um
só exemplo: o Brasil jogou ontem, ás 22 horas. Em varias cidades importantes
dos EUA, sem o "acordo", esse jogo e outros eventos, seria visto pela
manhã ou poderia passar ao meio dia. Os prejudicados foram os países da Europa.
O jogo exibido aqui ás 22 horas foi visto na Europa ás 3 da manhã. Com exceção
da Inglaterra que assistiu ás 2 da madrugada. Os outros eventos, prejudicados
da mesma forma, com esse "acordo esquisito".
FHC: a farsa e o farsante
Não sabia
que o ex-presidente escrevia em jornal. Difícil descobrir quem tem interesse em
lê-lo. Talvez os estrangeiros beneficiados pelas amaldiçoadas doações. Ou os empresários
privilegiados pelas desonerações. Ontem, por acaso, dei com seu artigo. Comecei
a ler, chatissimo, fui logo para o final. Uma frase que ele deve ter achado
genial: "A consolidação da democracia é a alternância no poder”.
Não
fiquei surpreendido, conheço os personagens. Mas não pude deixar de lembrar: em
toda a historia da Republica, só houve uma reeleição. Precisamente a dele,
comprada e paga á vista. Ainda queria o terceiro mandato, não conseguiu. Agora, fala em alternância do poder. FHC confunde hipocrisia
com heresia, pratica as duas.
Eduardo Cunha, ouro na Olimpíada
da corrupção
Está
demorando a receber o ouro, que conquistou merecida e desavergonhadamente, no
caso dele, nenhuma contradição. Rodrigo Maia afirmou publicamente: dia 8, hoje,
segunda, recebo o relatório da CCJ, a favor da cassação do deputado afastado.
Amanhã, terça coloco em pauta para votação. Mas esses fatos, referendados pelo próprio,
presidente da Câmara, são desmentidos por rumores constantes.
Que
surgem e não são desmentidos. Espalhados pelo ex-presidente, por amigos dele, e
de apaniguados do próprio presidente provisório. Do Jaburu surgem quase que
oficialmente: "È melhor que a votação para sua cassação, aconteça depois
da efetivação de Temer". Dizem isso sem o menor constrangimento,
confirmando: se ele for cassado antes, é capaz de criar problemas para a
decisão do impeachment no senado. Que Republica.
PS- Gabrielgol, Gabigol, Neymargol. Nenhum gol. E o Brasil, draconiana
e deleteriamente invicto.
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