Eduardo Cunha textual: "Não serei
cassado". Temer "protege" Cunha
HELIO FERNANDES
Ele foi a São Paulo ouvir o depoimento do lobista que o delatou. No
primeiro depoimento, afirmou que pagou ao ex-presidente da Câmara,
pessoalmente, 5 milhões de dólares. Agora confirmou, com as mesmas palavras e o
mesmo total de dinheiro sujo, ou seja, do petrolão. De SP, ficou em contato com
apaniguados. Não largou o celular, recebendo noticias da reunião de Rodrigo
Maia com os lideres de diversos partidos. Tentavam marcar a data para a
cassação do seu mandato.
Curioso
mas não surpreendente: isso foi anteontem, segunda, estiveram reunidos por mais
de 3 horas. Discordaram do principio ao fim, encerraram sem uma definição sobre
a data. Concordaram em ler o relatório da CCJ, recomendando a cassação. Foi lido,
conforme informei.
Mas não
chegaram a acordo em relação á data final e decisiva do relacionamento dele com
a Câmara. Voltou para Brasília ontem, terça, ficou o dia todo no seu
apartamento "funcional". Os deputados entravam e saiam, se revezavam.
Cunha
ficou impávido, não demonstrava preocupação visível. Para todos repetia o que
está no titulo desta matéria. Alem de insistir monotonamente, "não serei
cassado", pedia que comunicassem isso a todos, Como palavra de ordem a ser
cumprida. E não deixava de lembrar: "Meu plano não tem falhas, mas depende
de vocês não comparecerem na data que eles marcarem".
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Alguns
comentavam que haveria mobilização total, até mesmo do governo. Aí ele
contestava ou deixava entrever, mas não estava mentindo: "O governo não
fará nenhum esforço para que haja numero e garantirem a cassação. E ninguém da
base será punido por não comparecer". Mesmo considerando difícil para o
governo "colaborar" com a salvação de Cunha, ficavam em silencio.
Mas
Cunha, que não parou de falar, fez a ultima confidencia do dia, ontem, terça: "Meu
compromisso é de não criar problemas, se a minha cassação acontecer depois do
afastamento definitivo da Presidente Dilma. Mas se eu for cassado antes,
nenhuma razão para que eu fique silencioso".
Com esses
personagens, tudo pode acontecer. Só que existe uma realidade mais do que visível
e não pode ser negada: se o presidente provisório quisesse ou se interessasse,
Cunha ficaria sem mandato, até mesmo hoje, quarta feira. Ou até amanhã, quinta
feira, quando habitualmente não ha número para coisa alguma.
O
presidente Rodrigo Maia já declarou: "Sessão marcada é para ser
realizada".
Falou
isso em relação à votação. Mas a cassação de Cunha, que começou em novembro, é
hoje o fato mais importante. Alguns têm realmente receio de que não haja numero.
O receio de outros ou de muitos, é que Cunha cumpra o que disse no depoimento
na CCJ: "Hoje, sou eu o atingido.Depois podem ser 117 de vocês".
Na
verdade, pelo menos ontem, para Temer, só uma preocupação: o que acontecia no Senado.
Em parte era verdade,já disse:ele está com obsessão pela efetivação e se
transformar em presidente.E com isso, justifica(?) o fato de abandonar a
cassação do ex-presidente da Câmara. Mesmo sabendo que a omissão do
Planalto-Jaburu, significa cumplicidade com a impunidade. Temer acha que
pode
tudo, mesmo que esteja cada vez mais impopular.
Temer
ficou a tarde toda em contato com senadores, mesmo os que não fazem parte da
Comissão Especial. Mas votam no tiro final e fatal no plenário. Às 21 horas
falou com Aluizio Nunes Ferreira: "Quero saber o resultado, assim que
houver a votação". O líder, estranhou,respondeu: "Pode avançar pela madrugada,
presidente". Ele disse, até irritado: "Não importa". È lógico,
não tem nada a fazer, o que interessa é que não haja surpresa.
O ouro de Rafaela, advertência a
presidentes
Os jogos Olímpicos
se constituem num sucesso completo. Na realização. No legado. Na grandeza e na
beleza do que se viu e se vê. Mas o único ouro conquistado, merece como está se
verificando, o entusiasmo e até empolgação que está sendo merecidamente
destinado á jovem Rafaela. Injustiçada em Londres em 2012, desclassificada, criticada,
abandonada. Mas não desistiu. Resistiu. Apoiada pela família, principalmente a
irmã e técnica, venceu o campeonato mundial. E agora o ouro Olímpico, que
mudará toda sua vida.
Os
governos do Brasil, todos eles, deveriam cuidar do esporte, como fazem os EUA
ha muito tempo. E agora a China com o mesmo sucesso. Eles dedicam ao esporte, o
maior interesse, como fazem com a educação e a saúde. As escolas e universidades,
fazem periodicamente, testes vocacionais com os alunos. E se a tendência é pela
pratica esportiva, passam á condição de esperança, têm que continuar estudando,
mas são estimulados. Não pelo que o esporte representa individual, mas também
coletivamente.
Rafaela
conquistou seu espaço na vida. Mas e os outros milhares ou centenas de
milhares, não apenas pelo ouro, mas pelo que o esporte representa. Temos 5 mil
e 500 municípios. Se em cada um deles, houvesse um centro esportivo, uma
preocupação com a melhoria de vida para todos. que maravilha.
O custo
seria baixíssimo, o resultado, uma juventude interessada e voltada para tantas
coisas que não sabem que existe. Mas isso deveria caber aos que fazem da política
a arte de governar os povos, e não transformá-la em politicalha. Que nem
precisa de definição.
PS- Houve de
tudo na sessão que começou ás 9 da manhã. E agora, ás 23, ainda não acabou. 14
horas com todas as contradições possíveis e impossíveis. Às 22 horas, sensatamente,
o senador Aécio Neves fez a proposta de suspender a sessão, que acabaria na
madrugada de quarta, para a própria quarta, mas ás 10 da manhã.
PS2- começou
então um verdadeiro festival Wagner, nada musical. Muitas tolices foram
pronunciadas, sem constrangimento. O senador Cássio Cunha Lima, preocupado
"com o povo, que "tanto espera de nós, não suporta tanta
CATIMBA".
PS3-
Recorrendo a uma palavra nada parlamentar, ele contrariava o autor da proposta,
presidente do seu partido. Na ânsia de aparecer, falava contra o presidente do
PSDB, partido que ele lidera.
PS4- Na
verdade, acabe a hora que acabar, nenhuma importância. Não existe uma
possibilidade em um milhão de haver outro resultado: maioria a favor de
continuar o processo de impeachment. Estavam presentes os 81 senadores.
PS5- Seria
ótimo que os deputados tivessem o mesmo respeito pelos mandatos. E
comparecessem em massa, no dia da cassação do mandato de Eduardo Cunha. Afinal,
é apenas 513, Essa palavra APENAS, aqui tem duplo sentido.
PS6- Terminando
e começando a quarta feira. Hoje, ás 22 horas, a seleção masculina de futebol,
entra em campo novamente. Não quero criticar ninguém, todos têm direito a voz e
a voto. A seleção não está eliminada. Mas é bom recordar: em dezenas e dezenas
de anos, nas mais variadas oportunidade, o Brasil jamais ganhou o ouro Olímpico.
Por que agora, a seleção está obrigada a vencer, se outras, até melhores, não venceram?
Concordo completamente com a advertência aos presidentes, o esporte no Brasil é negligenciado e agora durante a Olimpíada todo mundo quer ouro. Os atletas brasileiros estão de parabéns, só por estarem lá mesmo com todas as dificuldades. E Hélio continua prevendo as coisas, Cunha não será cassado e não há salvação para Dilma.
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