Dilma: a carta anônima assinada. Lula assustado
HELIO FERNANDES
Ha tempos vinham
falando nessa carta, que definiam como o "encontro da ex-presidente com a
Nação". Houve expectativa até favorável, e angustia dos que jogam tudo no
afastamento definitivo dela. A carta estava escrita e reescrita varias vezes, e
não por ela. Esse foi o primeiro erro, equivoco, desastre ou tragédia política
e pessoal.
O que pretendia
ser uma redenção, recuperação, com um tom de arrependimento, incluindo o pedido
de perdão, se esvaiu,desapareceu. Não passou de decepção, projetada pelo seu próprio
grupo. Dentro mesmo desse grupo muita reticência e resistência.
Essa
carta altamente pretensiosa, pretendendo um objetivo que não se encontrava em
nenhum lugar do seu passado ou presente, teria que ter um sentimento e não um
amontoado de palavras. E para provocar admiração, emoção e até compreensão, só
vindo dela mesma, não sendo apenas a assinatura eventual, colocada num texto anônimo
de muitos outros.
Mas não
se aprende a escrever de uma hora para outra. E a arrogância de tanto
tempo, não pode ser substituída de um momento para outro, transformada em
grandeza, embora tentando forjar a impressão da humildade.
Foi o
apogeu do nada, a exaltação da contradição. O maximo que se pode extrair dessa
carta, é a confissão dos erros de fato, administrativos, cometidos e admitidos,
e que até poderiam ser esquecidos. Pois estão sendo repetidos sem o menor
constrangimento pelos que usurparam o poder.
Mas do
ponto de vista pessoal, nada a reivindicar ou pretender. Pois na carta anônima
que assinou de modo imprevidente, está presente de forma indelével, a
arrogante, prepotente, autoritária, que estimulava e exigia a subserviência de
todos de chamá-la de PresidentA. Não era nem a preocupação do idioma, e sim a
satisfação da rotina verbal, imposta e cumprida sem restrição.
Isso é
grave, mas não o fundamental. O que a condena sem perdão é a ausência do
dialogo, que agora prega ou reivindica insensatamente. Quando sai do pessoal
para o político, ai naufraga dramaticamente. È uma espécie de Titanic irrecuperável,
que quando foi jogado ao mar, para a primeira viagem, era considerado inatingível.
Agora, visível, apenas os destroços.
A carta é
lamentável, provoca até o sentimento de pena. Não merece mais do que isso,
talvez nem isso. Enviou a carta apenas para os 81 senadores, muitos deles nem
leram. Se despojou de toda a importância de ter sido PresidentA por 6 anos.
Recebeu apenas o comentário vago e desimportante, do mais antigo parlamentar,
financiado e patrocinado por uma empreiteira roubalheira: o infiel Renan
Calheiros. Infiel em todos os sentidos da palavra, que não se esgota com o uso político.
Que Renan, sem constrangimento, exibe e usufrui desde 2007.
Dona
Dilma, nessa carta anônima, que assinou impensadamente, prega um plebiscito
para convocação de eleições antecipadas. Inicialmente, confessa o obvio, a
derrota no impeachment. Com a tentativa desesperada de comunicação que sempre
repudiou. O governo fala em 60 votos. Não chegará lá. Cooptou tanto e com tanta
generosidade, que não atingirá esses 60.
A não ser
que mude o regimento, autorizando o presidente Renan a votar, e alcançar os
almejados 60 votos. Nenhuma importância. Acertou na palavra indispensável, muito
tarde. Foi eleita e reeleita, jamais tomou a mais distante providencia para
concretizar a reforma política. Não faltou oportunidade.
Dona
Dilma sugere especificamente, a redução dos partidos. Mas ela jamais passou
perto, até estimulou o crescimento deles. O mesmo comportamento do presidente provisório,
que recompensou muitos ministros dela, "aproveitando-os". Não
trabalhavam com ela, continuam sem trabalhar com ele.
Duas afirmações
da carta, inúteis e inverídicas. Disse, que afastada do cargo, teve "tempo
de se aproximar do povo, e receber o seu carinho". Blasfêmia. Outra
leviandade: "Caso volte á presidência, continuarei a luta contra a
corrupção". Os corruptos festejaram. Não ha uma possibilidade em um milhão
dela voltar ao poder. A não ser dentro de 8 anos, quando acabar a
inelegibilidade. Na verdade 10 anos. Pois só poderá ser presidenciável em 2026.
Aécio Neves cobra ação, do presidente provisório
Venho
revelando, que o relacionamento PSDB - Temer é cada vez mais distante, apesar
do PSDB ter vários cargos. Inicialmente a irritação vinha pela reeleição. Agora,
o presidente do PSDB não esconde que o governo Temer caminha para o insucesso. E
proclama isso abertamente. Mostrando: "Isso não é bom para o para o país e
para o PMDB, que defende eleição direta".
Os comentários
chegaram ao Jaburu, como queria o presidente do PSDB. Temer, pusilânime, não
reagiu. Mas comentou: "O Aécio é curioso. Está insistindo com o TSE para
cassar o meu mandato, mas não larga os cargos". Temer sabe que Serra não
deixará o Ministério do Exterior. O mesmo ocorrerá com Aloizio Nunes Ferreira.
Os dois têm ambições em 2018. E Michel Temer também. Marcaram um jantar para
ontem mesmo no Jaburu. Despesas por conta do contribuinte.
O ex-presidente assustado
Acreditando
que está sendo perseguido pela equipe da Lava - Jato. E intimado a depor no
supremo, tem se reunido quase que diariamente com advogados. Procura uma
solução. A proposta imaginada. Entregaria ao Supremo uma declaração
oficializada em cartório, declarando: "Não sou candidato a presidente, de
maneira alguma". E para provar que não faz obstrução á Lava-Jato, irá
morar no exterior, até depois da eleição de 2018. A preferência: EUA.
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