A votação do impeachment, preocupa o provisório. Marta
Suplicy e Andréa Matarazzo, inimigos de infância. Lewandowski contraria o plenário.
HELIO FERNANDES
Com o recesso do Judiciário, do Legislativo, e a bifurcação do
Executivo, a sensação da semana não saiu do Rio. E teve como personagem
presente, apesar de não convidado, o provisório, que carrega
indisfarçavelmente, a indicação negativa. E para não fugir do cotidiano e da
irresponsabilidade, fez piada com o câncer do governador licenciado, Pezão. Este
foi eleito diretamente, está licenciado por causa da doença.
Temer foi
á inauguração da linha 4 do metrô, disse publicamente, de forma inconsequente, incoerente,
inconsciente, como se fosse uma comemoração: "Pezão, a doença fez bem a
você, está até mais bonito". Constrangimento geral, silencio que só Temer
não percebeu, continuou com aquele riso melífluo.
Andou no metrô,
fez confidencias. Naturalmente sobre o seu assunto predileto: a votação do
impeachment no senado, a efetivação no cargo. Apesar do cooptação, se assusta
quando falam na suposta prorrogação.
Proclama,
como se fosse preocupação nacional e não apenas o apogeu do ego e da
consagração: "Quero assumir efetivamente, mais rapidamente posso trabalhar
para salvar o país". Nos quase três meses de provisório, esgotou seu vasto
tempo, entre nomear e demitir ministros, enlameados pela Lava - Jato.
Ha 10
dias, na sua mesa, está a recusada nomeação do Ministro do Turismo. Indicado
por Renan, obrigatoriamente tinha que estar citado em Curitiba. Pediu outro
nome, Renan não respondeu, sinal de que não está satisfeito. Suspira para
apaniguados: "Ah se eu já estivesse efetivado, seria bem diferente". O
susto que Renan provoca em Temer, é inavaliavel, mas visível de qualquer
distancia.
Como
tenho dito e repetido inúmeras vezes, não ha possibilidade da Comissão Especial
ou o plenário do Senado votarem pela volta de Dona Dilma, nem é isso que
pretendo. Ha meses defendo que o TSE cumpra sua participação importante na
Historia. Casse a chapa Dilma - Temer, indissoluvelmente entrelaçada. Convoque
eleição direta em 30 dias. Ou em outubro, junto com a eleição municipal. Mas
como acreditar nisso, quando o Presidente do TSE comparece a homenagem publica,
ao usurpador que deve ser cassado?
O relator
na Comissão Especial, senador Anastasia, já está com seu relatório pronto. Não
existe possibilidade ou vontade de modificação. E naturalmente não tem tempo
nem necessidade de ler ou tomar conhecimento do que está contido nas 534 paginas,
redigidas e entregues pelo advogado da presidente afastada.
O senador
e ex-governador eleito por Aécio Neves, quis mostrar o relatório ao jovem presidenciável,
a resposta: "Não precisa,confio em você".
Será lido
ainda esta semana, amanhã ou depois de amanhã. Aí então, será votado no plenário.
"Surpresa": 60 senadores, (pelo menos um terço cooptado) votarão pelo
afastamento definitivo. E perderá os direitos políticos, obrigatoriamente por 8
anos.
Ficará
então esperando as conseqüências da delação do marqueteiro João Santana. Ele já
confessou: "Nas duas campanhas de Dona Dilma, 2010 e 2014, houve dinheiro
de Caixa 2". Ela começou negando. Como era impossível insistir no jargão, "eu
não sabia de nada", mudou. Responsabilizou o PT. O clima então, que era de
desavença e desentendimento, passou a ser de guerra e hostilidade.
O juiz
Sergio Moro, mandou soltar João Santana e a mulher do marqueteiro. Péssimo
sinal para o PT e para Dona Dilma. A liberdade da mulher, era um dos
itens,acertados nas negociações para a delação. E o que foi publicado, não deixa
duvidas sobre a veracidade do que foi dito, justificativa de Sergio Moro: "Não
houve intenção de esconder nada". O depoimento dele foi na primeira
pessoa.
Francisco em Auchvitz
È o
terceiro Papa a ir a esse lugar, onde 6 milhões de pessoas foram assassinadas,
a maioria judeus. Mas Francisco é singular,transmite emoção até pelo silencio.
Foi o que aconteceu. Três minutos sem uma palavra,caminhando lentamente,sem ninguém
ao seu lado.Sentou num banco,dava para sentir sua angustia.Ficou
olhando,provavelmente para o passado.
Levantou,
beijou 12 judeus com mais de100 anos de idade. Novamente caminhou, lhe deram o
livro onde visitantes, deixam suas impressões. Emocionado, escreveu: "Deus,
perdoai tanta crueldade". Onde alguém procura e encontra tanta força e
simplicidade? Mesmo para um Papa, é um fato inexplicável.
Prefeitura de São Paulo, acende a
pira olímpica dos sem votos
A maior
cidade do país, com enorme eleitorado, atrai não apenas um possível prefeito. Mas
também seduz como escalada para uma carreira de sucesso. E não é de hoje, ou
melhor, hoje é cobiçada por quem não tem votos ou credenciais. Com exceção de
Luiza Erundina e Fernando Haddad, o resto assusta pela falta de constrangimento
na exibição do passado, como ponto de apoio para o futuro. E antes de mais
nada, lamentemos que os dois melhores candidatos, estejam se hostilizando.
Existem vários
candidatos inexistentes por eles mesmos. Mas são repatriados por alguns possíveis
presidenciáveis em 20l8. Serra com Andréa Matarazzo, Alckmin carregando João
Doria, Marta Suplicy tentando vender por bom preço, seu ódio
retardado
pelo PT e até pelo próprio Lula. Em 33 anos fez carreira dentro desse mesmo PT.
E só não foi mais longe, por culpa dela mesma. Prefeita em 2000, perdeu a
reeleição no cargo em 2004, apesar de apoiada por Maluf.
Tentou
novamente em 2008, outra derrota. Não considerou que estava no ostracismo, por
causa de uma certeza: em 2010, seria indicada por Lula para sua sucessora.
Quando soube da escolha de Dilma, chorou como nunca. E disse horrores dela. O
que não impediu de ser Ministra no seu governo.
Depois, candidata
ao Senado, nenhuma chance. Só que os 2 candidatos favoritos á reeleição, Tuma e
Quércia, MORRERAM durante a campanha. Virou senadora, novamente ministra. E
agora, inimiga de infância do PSDB e PMDB, se alia a Andréa Matarazzo. O Globo
publicou na primeira, uma foto ótima dos dois. Ela desequilibrada, aparentemente
não por fatores normais.
A
carreira de Andréa, tão estranha e vitoriosa quanto surpreendente. Amigo de
Serra, e sendo este o principal nome do governo FHC, conseguiu nomea-lo
Ministro.
Em determinado momento, lembrou que era Matarazzo, sentiu saudade das origens. Como
essas origens estavam na Itália, foi nomeado embaixador nesse país. Ficou 1
ano, voltou ao Brasil, novamente Ministro. Nenhuma surpresa, estamos num país
no qual o presidente compra a própria reeleição.
Terminado
o retrocesso de 80 anos em 8, Matarazzo voltou para São Paulo, o maximo que
conseguiu foi ser vereador. Agora tentou a Prefeitura, perdeu a indicação, teve
que mudar de legenda, outro veto.
Temer e
Serra coordenaram a chapa considerada impossível e inaceitável: Marta-Andréa.
Se perder a eleição, Fernando Haddad, excelente prefeito, será a primeira
vitima do massacre do PT. Marta tem um programa de governo: acabar com as
ciclovias, hoje popularizadas no mundo todo.
O Supremo, data venia. Totalmente
"rachado"
Não é de hoje.
Mas agravado pelos movimentos dos poderosos incluídos na Lava-Jato. E da
mobilização de Lula para ser nomeado Ministro.E assim,com foro privilegiado,ser
julgado pelo Supremo. Era uma velada depreciação da insuspeição do mais alto tribunal.
E alguns Ministros assim entenderam.O tempo passou rápido,Lula não conseguiu
ser Ministro,dona Dilma perdeu o poder de nomea-lo.Lula agora,é réu até no
distrito Federal.
Explosiva,
restou a tentativa de modificação da decisão magistral do próprio supremo. Tendo
decidido por 7 a 4, que réus condenados pela segunda vez, poderiam logo serem presos,
empreiteiras, assustadas, coordenaram e comandaram ação para derrotar o que
fora vencedor. Ou seja: estabelecer, que presos, só depois de sentença
transitada em julgado. Com isso, tentavam favorecer o regime de duas
instancias. (Tentaram liberar Odebrecht, nomeando um Ministro para o STJ. Na
Turma, perderam de 4 a 1).
Não
existem duas instancias, e sim mais de 50. Condenado na primeira instancia, o
réu, com poderosos e caríssimos advogados, vai entrando com recursos em cima de
recursos, todos protelatórios. A segunda instancia não chega nunca, o objetivo
é a prescrição. Agora de forma suspeita, o advogado mais caro entra com
recurso, em nome de um partido nanico, que não tem nem interesse, nem dinheiro
para pagar o advogado.
Ha quase
2 meses, o plenário espera para julgar e confirmar o decidido em fevereiro. No
mês passado revelei: existem rumores de que o Supremo pode mudar o julgado em
fevereiro. Agora o rumor se consumou em fato. Como plantão no recesso, o
Ministro-presidente Lewandowski, monocraticamente, votou contra o decidido pelo
plenário. Mandou soltar um réu municipal.
Preso por
ter sido condenado pela segunda vez. Inapropriado. È o máximo e o mínimo que
posso dizer, sobre o voto do Ministro-presidente.
PS- Já
que Pelé está impossibilitado fisicamente, o porta-bandeira da delegação do
Brasil á Olimpíada, deveria ser o Guga. Sem demérito ou depreciação
para ninguém.
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Comentários...
Helio,
Venho através deste parabeniza-lo pela excelente matéria publicada ontem nesta coluna. Ha muito venho esperando por algo assim, espetacular, pontual e com a sua marca registrada que o notabilizou como o melhor jornalista do país.
Parabéns
Otávio Custódio do Nascimento
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