Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Neste amaldiçoado 2016, o Brasil pode ter 3 presidentes.

HELIO FERNANDES

No momento, o país está numa situação anômala, inédita, inconveniente, única em toda a Historia. Estamos com 2 presidentes, mas insatisfeitos, podemos ter um terceiro, que ocasionalmente, eliminaria toda essa confusão. Viria por decisão do TSE, já deveria ter vindo antes. Mas não lamentemos o tempo perdido. Pois esse terceiro viria do povo, do voto, das urnas. O que, pelo menos, alimentaria uma esperança, a ser consolidada ou não.

Podem refutar e descrer da esperança do repórter, lembrando: "Dona Dilma também foi eleita". E se quiserem, acrescentar. E ainda foi reeleita, aproveitando a brecha na democracia, aberta por FHC. Aberta, comprada e paga por empresários. Que como recompensa, receberam enormes desonerações. Que comprometeram tudo, desaguaram nesta tragédia nada grega, que corrompe e corrompeu o Brasil. E leva uma eternidade para encontrar o caminho de volta. Com as mais diversas expectativas.

Na época, ninguém fez nada para coibir, reprimir, punir o presidente. O primeiro em toda a Historia a romper a clausula pétrea da reeleição, embora alguns tentassem, nos bastidores. A não reeleição era uma exigência de Rui Barbosa, que redigiu o ante projeto da Constituição. E foi o relator na constituinte de 1891. Que "elegeu", indiretamente, 2 marechais.

Deodoro presidente. Floriano vice e Ministro da Guerra. Superando e ultrapassando aquela geração maravilhosa, dos "Propagandistas da Republica". Estarrecidos, viram a Republica ser IMPLANTADA e não PROMULGADA. E começar e se manter por quase toda a Historia, como a republica militar, militarista e militarizada.

Na desvairada ambição de FHC, Temer e Renan, foram cúmplices e participantes. E se aproveitaram, não só com os cargos da época. Mas também com as lições e a experiência, que serviram para ambos, no tempo de agora. Renan foi Ministro da Justiça de FHC. Temer, presidente da Câmara, apesar de ser suplente de deputado. Renan acertou tudo, Temer concordou, apesar de se considerar constrangido.

Nesse cargo fundamental, livrou FHC do impeachment. Não uma, mas varias vezes.Vou cortar na narrativa, a Historia do Brasil está dominada por golpes os mais diversos.Praticamente todos com a participação do vice e herdeiro provisório do efetivo derrubado.

O único que se transformou em tragédia eterna, foi o de 1954. Tentaram a renuncia de Vargas, depois o licenciamento por 60 dias, reduzido para 30.Já cansado de tudo,Vargas que governara 15 anos sem vice presidente,"saiu da vida para entrar na Historia".genial e sem contestação.Não renunciou por pressão, entregou a própria vida.

40 anos depois, FHC assumiria, depois das contradições e peripécias do regime. Só foi presidente por causa do impeachment de Collor. Sem esse episodio, Lula seria presidente na segunda tentativa, em 1994. Nesse ano, FHC terminaria seu mandato de senador, desesperado por saber que não se reelegeria. Itamar assumiu por 18 meses, era o maximo da época, ainda não havia a reeleição, que tem que ser extinta.

Um grupo de políticos que não conhecia Itamar, tentou pressioná-lo. Em silencio, Itamar chamou FHC, nomeou-o Ministro da Fazenda, acumulando com o Ministério
do Exterior. E lançou-o candidato a presidente, invencível.  Afastou Lula por mais 8 anos, mas plantou toda a confusão que está aí. Se não houvesse a reeleição, Dilma e Temer iriam embora, viria um outro, que tentaria consertar tudo.

Mas logo em fevereiro de 2015, surgiu a ideia de não deixar Dilma governar. E ela errando mais do que nunca, aumentando a ambição, dos que pretendem o poder sem eleição. Não têm votos para disputar eleição. Surgiu então o "projeto Temer, de chegar ao poder sem eleição. Essa traição conspiração, contou com a ajuda barulhenta e eficiente do corrupto Eduardo Cunha. E o silencio auto-destruidor e constrangedor de Dona Dilma. Quase dois meses depois, a votação na Câmara, num domingo tenebroso. Que bateu recordes de audiência nas televisões. O país estava preocupadíssimo.

Foi vergonhoso pela participação de Cunha. Teleguiado por Michel temer. O presidente da Câmara, com seu poder de intimidação, conseguiu 50 ou 60 votos pessoais, denunciei isso na época. Foi aviltante. Asfixiante. Deprimente. Assistir aquela sessão. No dia seguinte, Cunha fez questão de ir pessoalmente ao Senado, levando o processo.

Renan recebeu, falou: "Vou agir como um magistrado". (Renan magistrado, só comparando ou identificando com Gilmar Mendes. Os dois têm o DNA da "magistratura"). Senadores do PT e PC do B, não queriam que o Senado recebesse o processo. Estavam lutando na hora e no local errado. Deviam ter combatido na Câmara, quando a USURPAÇÃO tramitava,

Agora, o impeachment estava sendo LEGALIZADO. Tudo o que a Constituição exige e determina, ia sendo rigorosamente cumprido. Prazos, quorum. Votação. Nada fora da curva ou da pauta. A oposição, restrita a 22 senadores, lutando contra 58. Eles, nada para oferecer. O governo concedendo tudo. E Dona Dilma, depois de desperdiçar um tempo enorme, chamando a usurpação de golpe, vai lá depor. Devia recusar com veemência.

Hoje, o ultimo episodio da farsa. Dentro de alguns dias, essa fase terá terminado. Temer, que se diz receoso, estará efetivado. Provavelmente chegará aos 60 votos. O Brasil ficará então, apenas com um presidente. 

Talvez por pouco tempo. Ha meses venho lutando para o TSE cumprir o seu dever, cassar a chapa e convocar eleição direta. Infelizmente, o TSE, presidido por um "magistrado" como Gilmar Mendes, pode frustrar todas as esperanças. E para desesperar mais. A ministra Maria Tereza Moura, relatora das 4 ações de cassação, termina seu mandato. O que esperar com esse destino cruel?

Aécio- Temer

O presidente do PSDB, ameaça retirar o apoio ao governo Temer. Motivo: o aumento do salário dos Ministros do Supremo. Não é apenas por causa de 11 assalariados. Mas sim o ponto de referencia. No serviço publico, ninguém pode ganhar mais, mensalmente, do que um Ministro do Supremo. Nem o presidente da Republica, seja quem for.

O problema: centenas de milhares de funcionários, federais, e municipais, têm seus salários, regulados pelo que recebem os senhores ministros. Não é efeito cascata, como dizem alguns. E sim obrigação constitucional. Só que considero apenas uma jogada politico-eleitoral. Se fosse para valer esse veto, Temer estaria liquidado. Eles se conhecem e se entendem. Basta verificar: o PSDB tem 4 ações no TSE, pedindo a cassação de Temer. E tem participação importante no seu governo.

Temer-Renan-Dilma

De qualquer maneira, a situação de Temer não é confortável. Para essa avaliação, basta ver a proximidade do presidente provisório com o presidente do Senado. Nas vésperas de terminar a Olimpíada, precisou fazer “presença", não em publico. Mesmo assim, fez questão de levar com ele, no avião presidencial, o presidente do Senado. Surpresa, quando foram vistos juntos. Na volta, pedido estranho de Temer: que Renan fosse ao Alvorada encontrar com dona Dilma.

Até Renan não entendeu, mas Temer explicou: confortá-la e dizer, "que garantiria todos os seus direitos, depois da decisão do Supremo". Renan foi, lógico, no dia seguinte, ficou lá um tempão. Quando saiu do Alvorada, muitos jornalistas esperando-o. Não podia contar a verdade, nem ficar em silencio. Nenhum problema, reduziu, tudo, mais ou menos assim. Ha muito não conversava com ela. È sempre um prazer, ela é muito agradável. E foi embora para o Jaburu, estava sendo esperado pelo amigo Temer.

O chato e rotineiro Meirelles

Ontem deu a nona entrevista. E como das outras vezes, afirmou: "No momento, não haverá aumento de imposto". Fiquem tranqüilos, a carga tributaria, altíssima, não será elevada. È uma estratégia medíocre. Dentro de algum tempo, depois da efetivação, virá a publico: "Foi um sufoco, mas conseguimos não aumentar impostos. Esse susto foi afastado".

Temer: direitos dos trabalhadores serão preservados

Quatro pontos, que ele pretendia "negociar". Foram imediatamente recusados. Os 4 direitos, nem foram considerados. Até mesmo o servo, submisso e subserviente Paulinho da força, repudiou a conversa 1- Fim do Décimo terceiro salário. 2- Redução de salários. 3- Ferias menores. 4- Maior numero de horas trabalhadas.

Nem houve consideração ou interesse. Uma questão levantada pelo governo, chamada de "compactação", teve alguma resposta afirmativa. Por uma parte de sindicatos. Traduzindo: a jornada de trabalho diária seria aumentada, mas não elevaria o numero de horas semanais. Em suma: trabalhariam mais, por dia, descansariam mais, proporcionalmente. Aí, consideram que poderia ser bom para os dois lados.



Nenhum comentário:

Postar um comentário