Neste amaldiçoado 2016, o Brasil
pode ter 3 presidentes.
HELIO FERNANDES
No momento, o
país está numa situação anômala, inédita, inconveniente, única em toda a
Historia. Estamos com 2 presidentes, mas insatisfeitos, podemos ter um
terceiro, que ocasionalmente, eliminaria toda essa confusão. Viria por decisão
do TSE, já deveria ter vindo antes. Mas não lamentemos o tempo perdido. Pois
esse terceiro viria do povo, do voto, das urnas. O que, pelo menos, alimentaria
uma esperança, a ser consolidada ou não.
Podem
refutar e descrer da esperança do repórter, lembrando: "Dona Dilma também
foi eleita". E se quiserem, acrescentar. E ainda foi reeleita, aproveitando
a brecha na democracia, aberta por FHC. Aberta, comprada e paga por empresários.
Que como recompensa, receberam enormes desonerações. Que comprometeram tudo, desaguaram
nesta tragédia nada grega, que corrompe e corrompeu o Brasil. E leva uma
eternidade para encontrar o caminho de volta. Com as mais diversas expectativas.
Na época,
ninguém fez nada para coibir, reprimir, punir o presidente. O primeiro em toda
a Historia a romper a clausula pétrea da reeleição, embora alguns tentassem,
nos bastidores. A não reeleição era uma exigência de Rui Barbosa, que redigiu o
ante projeto da Constituição. E foi o relator na constituinte de 1891. Que
"elegeu", indiretamente, 2 marechais.
Deodoro
presidente. Floriano vice e Ministro da Guerra. Superando e ultrapassando
aquela geração maravilhosa, dos "Propagandistas da Republica". Estarrecidos,
viram a Republica ser IMPLANTADA e não PROMULGADA. E começar e se manter por
quase toda a Historia, como a republica militar, militarista e militarizada.
Na
desvairada ambição de FHC, Temer e Renan, foram cúmplices e participantes. E se
aproveitaram, não só com os cargos da época. Mas também com as lições e a experiência,
que serviram para ambos, no tempo de agora. Renan foi Ministro da Justiça de
FHC. Temer, presidente da Câmara, apesar de ser suplente de deputado. Renan
acertou tudo, Temer concordou, apesar de se considerar constrangido.
Nesse
cargo fundamental, livrou FHC do impeachment. Não uma, mas varias vezes.Vou
cortar na narrativa, a Historia do Brasil está dominada por golpes os mais
diversos.Praticamente todos com a participação do vice e herdeiro provisório do
efetivo derrubado.
O único que
se transformou em tragédia eterna, foi o de 1954. Tentaram a renuncia de
Vargas, depois o licenciamento por 60 dias, reduzido para 30.Já cansado de
tudo,Vargas que governara 15 anos sem vice presidente,"saiu da vida para
entrar na Historia".genial e sem contestação.Não renunciou por pressão,
entregou a própria vida.
40 anos
depois, FHC assumiria, depois das contradições e peripécias do regime. Só foi
presidente por causa do impeachment de Collor. Sem esse episodio, Lula seria
presidente na segunda tentativa, em 1994. Nesse ano, FHC terminaria seu mandato
de senador, desesperado por saber que não se reelegeria. Itamar assumiu por 18
meses, era o maximo da época, ainda não havia a reeleição, que tem que ser
extinta.
Um grupo
de políticos que não conhecia Itamar, tentou pressioná-lo. Em silencio, Itamar
chamou FHC, nomeou-o Ministro da Fazenda, acumulando com o Ministério
do
Exterior. E lançou-o candidato a presidente, invencível. Afastou Lula por mais 8 anos, mas plantou toda
a confusão que está aí. Se não houvesse a reeleição, Dilma e Temer iriam
embora, viria um outro, que tentaria consertar tudo.
Mas logo
em fevereiro de 2015, surgiu a ideia de não deixar Dilma governar. E ela
errando mais do que nunca, aumentando a ambição, dos que pretendem o poder sem
eleição. Não têm votos para disputar eleição. Surgiu então o "projeto
Temer, de chegar ao poder sem eleição. Essa traição conspiração, contou com a
ajuda barulhenta e eficiente do corrupto Eduardo Cunha. E o silencio
auto-destruidor e constrangedor de Dona Dilma. Quase dois meses depois, a
votação na Câmara, num domingo tenebroso. Que bateu recordes de audiência nas
televisões. O país estava preocupadíssimo.
Foi
vergonhoso pela participação de Cunha. Teleguiado por Michel temer. O
presidente da Câmara, com seu poder de intimidação, conseguiu 50 ou 60 votos
pessoais, denunciei isso na época. Foi aviltante. Asfixiante. Deprimente. Assistir
aquela sessão. No dia seguinte, Cunha fez questão de ir pessoalmente ao Senado,
levando o processo.
Renan
recebeu, falou: "Vou agir como um magistrado". (Renan magistrado, só
comparando ou identificando com Gilmar Mendes. Os dois têm o DNA da
"magistratura"). Senadores do PT e PC do B, não queriam que o Senado
recebesse o processo. Estavam lutando na hora e no local errado. Deviam ter
combatido na Câmara, quando a USURPAÇÃO tramitava,
Agora, o
impeachment estava sendo LEGALIZADO. Tudo o que a Constituição exige e
determina, ia sendo rigorosamente cumprido. Prazos, quorum. Votação. Nada fora
da curva ou da pauta. A oposição, restrita a 22 senadores, lutando contra 58. Eles,
nada para oferecer. O governo concedendo tudo. E Dona Dilma, depois de
desperdiçar um tempo enorme, chamando a usurpação de golpe, vai lá depor. Devia
recusar com veemência.
Hoje, o
ultimo episodio da farsa. Dentro de alguns dias, essa fase terá terminado. Temer,
que se diz receoso, estará efetivado. Provavelmente chegará aos 60 votos. O
Brasil ficará então, apenas com um presidente.
Talvez
por pouco tempo. Ha meses venho lutando para o TSE cumprir o seu dever, cassar
a chapa e convocar eleição direta. Infelizmente, o TSE, presidido por um
"magistrado" como Gilmar Mendes, pode frustrar todas as esperanças. E
para desesperar mais. A ministra Maria Tereza Moura, relatora das 4 ações de
cassação, termina seu mandato. O que esperar com esse destino cruel?
Aécio- Temer
O presidente do
PSDB, ameaça retirar o apoio ao governo Temer. Motivo: o aumento do salário dos
Ministros do Supremo. Não é apenas por causa de 11 assalariados. Mas sim o
ponto de referencia. No serviço publico, ninguém pode ganhar mais, mensalmente,
do que um Ministro do Supremo. Nem o presidente da Republica, seja quem for.
O
problema: centenas de milhares de funcionários, federais, e municipais, têm
seus salários, regulados pelo que recebem os senhores ministros. Não é efeito
cascata, como dizem alguns. E sim obrigação constitucional. Só que considero
apenas uma jogada politico-eleitoral. Se fosse para valer esse veto, Temer estaria
liquidado. Eles se conhecem e se entendem. Basta verificar: o PSDB tem 4 ações
no TSE, pedindo a cassação de Temer. E tem participação importante no seu
governo.
Temer-Renan-Dilma
De
qualquer maneira, a situação de Temer não é confortável. Para essa avaliação,
basta ver a proximidade do presidente provisório com o presidente do Senado. Nas
vésperas de terminar a Olimpíada, precisou fazer “presença", não em
publico. Mesmo assim, fez questão de levar com ele, no avião presidencial, o
presidente do Senado. Surpresa, quando foram vistos juntos. Na volta, pedido
estranho de Temer: que Renan fosse ao Alvorada encontrar com dona Dilma.
Até Renan
não entendeu, mas Temer explicou: confortá-la e dizer, "que garantiria
todos os seus direitos, depois da decisão do Supremo". Renan foi, lógico,
no dia seguinte, ficou lá um tempão. Quando saiu do Alvorada, muitos
jornalistas esperando-o. Não podia contar a verdade, nem ficar em silencio.
Nenhum problema, reduziu, tudo, mais ou menos assim. Ha muito não conversava
com ela. È sempre um prazer, ela é muito agradável. E foi embora para o Jaburu,
estava sendo esperado pelo amigo Temer.
O chato e rotineiro Meirelles
Ontem deu
a nona entrevista. E como das outras vezes, afirmou: "No momento, não
haverá aumento de imposto". Fiquem tranqüilos, a carga tributaria, altíssima,
não será elevada. È uma estratégia medíocre. Dentro de algum tempo, depois da
efetivação, virá a publico: "Foi um sufoco, mas conseguimos não aumentar impostos.
Esse susto foi afastado".
Temer: direitos dos trabalhadores serão preservados
Quatro
pontos, que ele pretendia "negociar". Foram imediatamente recusados. Os
4 direitos, nem foram considerados. Até mesmo o servo, submisso e subserviente
Paulinho da força, repudiou a conversa 1- Fim do Décimo terceiro salário. 2- Redução
de salários. 3- Ferias menores. 4- Maior numero de horas trabalhadas.
Nem houve
consideração ou interesse. Uma questão levantada pelo governo, chamada de
"compactação", teve alguma resposta afirmativa. Por uma parte de
sindicatos. Traduzindo: a jornada de trabalho diária seria aumentada, mas não
elevaria o numero de horas semanais. Em suma: trabalhariam mais, por dia,
descansariam mais, proporcionalmente. Aí, consideram que poderia ser bom para
os dois lados.
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