A politicalha de 2016, monta o Cassino
eleitoral de 2018.
HELIO FERNANDES
Com um
presidente provisório, desesperado para ser efetivado. E uma presidente
afastada, desesperada para voltar. O assunto principal e coletivo é a eleição
de 2018. Nada surpreendente, embora se acreditasse que a pauta prioritária
fosse à tão prometida salvação nacional. E para agravar e complicar ainda mais
a situação, o que se discute ou se debate, é precisamente a reeleição. E Tudo
movimentado por quem está no poder, Michel Temer.
Duas
violências praticadas por ele. Primeiro a verbal: não tendo sido eleito, não
pode ser reeleito.A não ser que pratique mais uma deturpação,como a que o levou
ao Planalto, sem consulta á comunidade.Esqueceram ou não se lembram,que toda a
crise nacional,começou com o único presidente do PSDB, comprando a reeleição
para ele mesmo.
Comprou,
pagou com dinheiro de empresários poderosos, que receberam a compensação em
doações e desonerações. Se não tivesse havido a reeleição, a imprudência e
incompetência de Dilma teriam durado apenas 4 anos. Assim, em vez de "depois de mim o dilúvio",
o normal, depois de mim o sucessor. Tratemos e analisemos o assunto nos dois ângulos.
Primeiro nos bastidores. Agora, ao vivo e a cores.
Quando
ganhou o titulo de provisório, precisou formar o governo, preservando apenas o
que chamou de equipe econômica. Ou melhor, Henrique Meirelles. Conhecendo o
carreirismo do fracassado Presidente do BC com Lula, agora Ministro da Fazenda,
escrevi: "Temer, se não puder ser reeleito, vai apoiar Meirelles contra os
adversários". (È facílimo constatar, basta consultar os arquivos, com um
clique).
Temer
conversou em primeiro lugar com o jovem presidenciável, Aécio Neves. Este, com
4 ações no TSE, pedindo a cassação da chapa Dilma - Temer, não achou heresia
conversar. Disse que o PSDB não queria cargos e sim eleição, ou melhor, reeleição.
Temer garantiu que estava satisfeito, não haveria reeleição.
Poucos
dias depois, na TV, o entrevistador Jorge Bastos Moreno, perguntou: "O
senhor admite se candidatar á reeleição? "Resposta rápida com aquele
sorriso melífluo e sardônico: "Nem penso nisso, é ótimo chegar até onde
cheguei". Aécio viu o programa, ficou satisfeito.
Na
questão dos cargos, o presidente do PSDB foi logo superado por Serra, impossível
contê-lo. Citado para a Fazenda ou Desenvolvimento, Indústria e Comercio,acabou
nas Relações Exteriores, nenhuma queixa. Aí, acreditando que não haveria
reeleição, o próprio Aécio indicou Aluizio Nunes Ferreira para líder do governo
no Senado. Aluizio foi sempre contra Temer, mas a falta de convicções é uma
constante, aceitou correndo e sem protesto.
Aécio
Neves, descuidado, começou a tratar da QUINTA candidatura do PSDB a presidente.
FHC só foi eleito por causa do impeachment do Collor. Itamar assumiu, um grupo
quis aprisioná-lo, não o conheciam. Não havia reeleição, Itamar ia ficar apenas
18 ou 19 meses. Surpreendeu a todos, nomeou FHC Ministro da Fazenda. E depois
do Exterior, acumulando. Senador em fim de mandato, sabia que não seria
reeleito, ganhou a presidência da Republica.
Continuando
com o PSDB, que pretende a proeminência em 2018. Perdeu em 2002, 2006, 2010,
2014. Serra duas vezes, Alckmin e Aécio completaram. Agora, mostram que não ha
renovação, a velharia domina. Só que de forma inacreditável. Em 2018, o PSDB
disputará com os 3 derrotados. Lógico, não na mesma legenda.
Aécio
será oficial pelo partido. Alckmin tem acordo com o PSB, já mostrou agora, na véspera
da eleição municipal de SP.
Serra, já
articulou a própria candidatura pelo PMDB, apoiado pelo próprio Temer, se não
houver reeleição. Serra e Temer montaram a chapa arcaica, com dois nomes
femininos, Marta e Andreia. Mas um desconfiando do outro, como fizeram a vida
toda. Só que agora, o que se tramava nos bastidores, passou a ser realidade
autentica, com um personagem novo, o presidente da Câmara.
No fim de
semana, Rodrigo Maia surpreendeu os ingênuos e incautos, lançando a candidatura
de Temer para a reeleição em 2018. Explosivo por que acreditavam em Temer e
desacreditavam que Rodrigo Maia tivesse capacidade para uma jogada como essa.
Pois apresentando o nome de Temer para a reeleição, apresentava também o seu,
para vice.
Quem
imaginava que Maia estava satisfeito em ser vice ocasional por alguns meses, se
enganou completamente.
Impressionante,
o silencio mantido entre Temer e Maia. O partido de Maia, o DEM que já foi PFL,
articulava uma candidatura própria, com Agripino ou Ronaldo Caiado. Superados e
ultrapassados, por um jovem de 43 anos, que sempre subestimaram e desconheceram.
Presidiu o DEM, pelo rodízio. O presidente provisório, fez a mímica da
surpresa, não enganou ninguém.
Disse o obvio,
"o Presidente da Câmara, criou muitos problemas”. Mas não desmentiu
nada,nem podia, estava tudo combinado. Conclusão básica da jogada arquitetada
por Temer, com a mesma insensibilidade, como planejou e executou a traição
conspiração que o levou até onde está. Se der certo, ganha mais 4 anos, sai do
poder com 82 anos, Michelzinho já adolescente. E segundo ele mesmo, governa os próximos
2 anos e 3 meses, fortalecido. Em 2018 não estará em fim do mandato, e sim no
começo de outro.
Apesar da
insatisfação geral dos que se julgam ou se julgavam presidenciáveis em 2018. E
que considera a jogada arriscada, nada mais simples de decidir ou resolver: se
a pressão contra Temer for invencível, basta que ele mande uma PEC (Projeto de
Emenda Constitucional) acabando com a reeleição. Dirão: "Que
desprendimento". E será aprovada quase por unanimidade.
Se ele
não enviar a PEC, basta que um grupo de partidos o faça. Será votada, Temer
assistindo. Se a reeleição acabar, poderá explicar: "Eu sempre disse
isso". Mantida, ele será candidato. Garantindo: "Cumpro a vontade do
Congresso e da comunidade".
A cassação de Cunha não será mais
dia 9
Inacreditável
e inaceitável o que o corretíssimo impõe á Câmara. São 513 deputados, ele 1 só.
Mas desde novembro, quase 1 ano, mantem o Executivo, o Legislativo e o Judiciário,
num suspense total. Aparentemente vem sendo seguidamente derrotado.Perdeu a presidência
da Câmara, está afastado do mandato, duas vezes réu no Supremo, mas
continua no centro dos acontecimentos, assustando indefinidamente.
O novo
presidente da Câmara, marcou o dia 9 para a sessão plenária da cassação do seu
mandato. E explicou: "Data marcada é para ser realizada". Devia
acrescentar: "Menos para Eduardo Cunha". O que parece ser verdade. Pelo
menos um grupo de deputados, trabalha com a seguinte idéia: a sessão para a
votação do mandato de Cunha, só seria realizada depois da votação do
afastamento definitivo de Dona Dilma. (O relator Anastasia entregou o relatório
ontem, já estava pronto ha muito tempo).
Temer e
Rodrigo Maia, parece que "compraram" o adiamento. Cada um com
"justificativa" diferente. Maia: só coloco em pauta com quórum
elevado. Então fixou dia 9? E apesar da pressão dos partidos, não conseguem
colocar 257 deputados a favor da cassação.
Temer não
aparece, claro, mas seus apaniguados resplandecem. E temem que Eduardo Cunha,
cassado antes, possa criar embaraços á votação do impeachment. E parecem
aceitar o adiamento. Dizem que com o adiamento, Cunha pode ameaçar com delação.
Na verdade têm medo e ficam assustados com o próprio passado.
Já informei: a equipe da Lava Jato não tem o menor interesse em delação de
Eduardo Cunha.
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