Brasil,
sem esperança no futuro, tudo a temer
HELIO FERNANDES
Caminhamos para o cadafalso. A
conspiração traição do vice, consolidou a promiscuidade com a politicalha. A
efetividade, que se aproxima,é produto dessa aliança sem rumo, sem ritmo, sem
roteiro. A não ser a ascensão ao poder, e a permanência nele, á custa de
qualquer promessa ou compromisso. Tudo o que Temer garantiu a partir da carta
na qual se auto identificava como "decorativo", se esvaiu.
Começou garantindo
um ministério de notáveis, e em numero mais reduzido, duas afirmações irrealizáveis.
No seu currículo político de segundo time, só consta relacionamento com
"notáveis". E lá se foi à primeira garantia. A segunda, reduzir o
numero de Ministros, mistificação visível. Uma das poucas coisas que ele sabe,
é que nesse extravagante sistema presidencialista pluripartidário, vulgarmente
chamado de troca-troca, nada é de graça.
Como conseqüência,
surgiram 37 partidos, era preciso remunerá-los ou compensá-los com cargos. As
coisas ficaram tão vergonhosas e irrealizáveis, que foram obrigados a criar o
que se chamou de clausula de barreira. Era inútil e inócua, mesmo assim os
partidos denominados de "nanicos", reagiram. E acabaram com essa
denominada clausula de barreira.
Perdão,
não acabaram com ela, reduziram o tamanho das bancadas. Cada legenda tem que
eleger o "mínimo" de 1 parlamentar, deputado ou senador. Para receber
o dinheiro do Fundo Partidário. E participar do horário eleitoral de radio e
televisão. O presidente provisório acaba de nomear mais 2 Ministros. 1 a pedido
de Eduardo Cunha, para ser preenchido por indicação do amigo Paulinho da Força,
que finge ter votos e prestigio.
Todas
essas reformas políticas, lógico têm que ser feitas pelo Legislativo. Não
esquecendo as coligações proporcionais, e as outras. Mas assim que foi
empossado, Temer designou líder do governo, o deputado de um partido com apenas
9 representantes. E que portanto,seria atingido por qualquer clausula de
barreira. Mas como dizer não a mais uma indicação de Eduardo Cunha, o grande artífice
do impeachment, que levou Temer ao poder?
Ao fazer
a indicação desse deputado de Sergipe, que entre outras acusações tem a de
tentativa de homicídio, Temer contrariou a ele mesmo. Publicamente, seu
candidato a líder era Rodrigo Maia. Menos de 1 mês depois, Maia se elegia
presidente da Câmara, acumulando com a vice presidência eventual. Eventualidade
que se aproxima.Assim que for efetivado,Temer viaja ao exterior, eis o quase
desconhecido Maia, presidente da Republica.Sem saber quantos dias fica, mas
podendo fazer tudo o que um presidente de verdade faz.
(Faça o
que fizer, não será inédito. Em 1897, o presidente Prudente de Moraes, deixou o
cargo para uma operação urgente e grave. Assumiu o vice. Praticamente tomou
duas decisões inacreditáveis. Comprou o "Palácio da Águias", depois
chamado de Catete. E a seguir, trocou a sede do governo, que era na belíssima
mansão Itamaraty, passou a localizar o Ministério do Exterior. No governo
Collor, o presidente viajou, o vice Itamar assumiu. Não gostava do Ministro da Justiça,
coronel Passarinho, demitiu-o. Collor voltou, renomeou-o. Nenhum dos dois
praticou ilegalidade.O coronel é que não podia ser Ministro).
Maia mais Temer, os dois a favor de Cunha
Impressionante
a blindagem que armaram e continuam armando para preservar o ex-presidente da Câmara.
Deputado afastado, duas vezes réu no Supremo, reiteradamente acusado por
delatores de todas as origens, não sai das manchetes e dos holofotes, desde
novembro do ano passado. Não vou recontar o que aconteceu a partir daí, é
publico e notório.
Começarei
a partir de 5 de agosto, quando dois novos protetores entraram no palco para
garantir que Cunha continuasse em cena. Esses inesperados personagens, são
protagonistas agora relevantes. Temer, o primeiro, ainda é provisório, mas não
demora a ser efetivado. Aí o país ficará dependente da sua ambição, traição
conspiração. E claro, incompetência.
O
segundo, Cesar Maia. Tentou ser líder do governo, era tido publicamente como
candidato de Temer. Mas não era de Cunha, foi preterido. Pouco tempo depois, alçado
á condição de presidente da Câmara. Que pelas deformações e peripécias do
sistema, é, no momento, também presidente substituto. Saiu do auge do
ostracismo, chegou ao apogeu da interinidade.Tem 5 meses e 15 dias para
desfrutar desses benefícios e privilégios, até 1 de fevereiro de 2017.
Podia
aproveitar esses desvios do destino, e marcar positiva posição. Mas traiu seus
leves 43 anos, se aliou a Temer, a partir de 5 de agosto. Para que, essa
aliança? Para reforçar a permanência de Cunha como personagem. Mas não foi
Cunha que vetou a ida de Maia para a liderança? Foi. È difícil de entender o
comportamento dos que inesperadamente, mudam de degrau hierárquico. Aconteceu
com Temer, se repetiu com Maia. Agora estão juntos. Vamos então contar, com
exclusividade, o que pretendem.
Nesse 5
de agosto, uma sexta feira, voluntariamente, Maia revelou a jornalistas:
"Na segunda feira recebo o relatório da CCJ, que votou pela cassação de
Eduardo Cunha". Silencio, os jornalistas esperaram, Maia continuou: "Terça
feira coloco na pauta para votação imediata”. Todos publicaram. Rádios, jornais,
televisões, sites, blogs. No mesmo dia, Temer chamou Maia no Jaburu. Para o que
ia dizer, é mais discreto do que o Planalto. Temer disse a Maia: "Cunha me
pediu que não quer a votação da cassação, antes do impeachment de Dona Dilma.
Achei razoável, concordei, depende de você".
Maia
perguntou apenas: "Marco para que data?". Vitorioso, Temer respondeu:
"Depois te falo". Lógico, precisava ouvir o beneficia. Que não
demorou a enviar o roteiro com suas exigências. Maia decidiu logo. De 9 de
agosto, passou para 12 de setembro, uma segunda feira. Quer dizer, adiamento de
33 dias na votação. E numa segunda feira, quando não aparece ninguém.
Cunha tem
dito a amigos: "Não serei cassado". E completa: "Não darei
numero para nenhuma votação". O que se comenta nos bastidores: "Assim
que Temer viajar, colocaremos a cassação na pauta. E em 24 ou 48 horas, teremos
decidido tudo.Só que poucos acreditam nisso.
PS- Pela terceira vez seguida, Usain Bolt ganhou o ouro Olímpico. Divertiu o Rio e o mundo, Como fizera em 2008 em Pequim. E em Londres 2012. Ele é empolgante, record de venda de ingressos: a abertura da Olimpíada (maravilhosa) e as provas disputadas por ele.
PS2- Venceu
a eliminatória, olhando para os lados, com 9,91. Na semifinal novamente o
primeiro, 9,86. E na final, (ainda faltam os 200 metros e o revezamento), confirmou
o que prometera: o terceiro ouro seguido, 9,80, a sua melhor marca de 2016.
PS3- Disse
que disputou a ultima Olimpíada, quer se lembrar do Rio. Mas acrescentou: "Ainda
correrei em 2017 e 2018, meus patrocinadores não querem que eu pare
agora". Admirável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário