Cunha comanda o espetáculo. A
Odebrecht acusa Temer, Gilmar Mendes defende.
HELIO FERNANDES
HELIO FERNANDES
È
ultrajante e até política e jornalisticamente repugnante. Mas o ex-presidente
da Câmara continua vencendo todas as batalhas até chegar á guerra final e
definitiva. Ele cada vez tem mais espaço e tempo para arquitetar e ir
melhorando o roteiro do medo, do susto, da intimidação. Até á humilhação dos adversários.
A exigência
dele, desde o inicio, uma só, agora referendada pela subserviência dos chamados
lideres partidários. E a pusilanimidade assustada do Planalto-Jaburu, comandando
sua complacente base parlamentar. Tudo isso levando á conclusão nada
surpreendente e indiscutível: a data para a votação da cassação do
ex-presidente da Câmara, fixada para 12 e 13 de setembro.
Essa era
a única e irrevogável exigência dele: tentativa de cassar seu mandato, só
depois da facílima e irreversível cassação de Dona Dilma. Em conversas as mais
variadas na segunda feira, de manhã á noite, chegou a confessar a incrédulos
apaniguados: "Meu compromisso com o presidente Temer é este. Não admito
ser cassado antes da presidente".
Se não cumprirem
o compromisso, "aí quem decide o que fazer sou eu". Revelei tudo, é
minha obrigação jornalística. Que cumpro ha 80 anos, repetindo o Apostolo
Paulo: "Lutei sempre o bom combate". Isso foi dito textualmente pelo
ex-presidente
da Câmara.
Compartilhando responsabilidades, perdão, irresponsabilidades, com os que
ocupam indevida e de forma incompetente, o que chamam de governo provisório.
Hoje é
dia 12 de agosto. Como a cassação foi marcada para 12 de setembro, Cunha tem 1
mês exato para suas maquinações, movimentações, mobilizações. Vitoria em cima
de vitoria. Renunciou á presidência, está afastado do mandato, é duas vezes réu
no Supremo, já devia ter sido cassado, e perdido a liberdade.
Apesar de
tudo isso, continua radiante, provocando cada vez mais admiração da Câmara
quase inteira. Nem sei por que utilizei esse quase, na verdade é a própria Câmara,
inteira, que o manter, sustenta,obedece suas exigências, mesmo que pareçam
absurdas e inconvenientes.
As
reuniões intermináveis no apartamento "funcional", reafirmam a admiração
de todos pelo ex-presidente. E o "funcional" é pequeno para o numero
cada vez maior de participantes. E o Planalto-Jaburu, "lideres”
partidários, Rodrigo Maia, sabem de tudo, como desautorizar e não cumprir as exigências
dele? O medo do passado, não é bom conselheiro.
Cunha é implacável
na analise. Agora não conseguiriam me cassar. A partir de 12 de setembro, não
haverá nem sessão.Depois vem a eleição, todos apavorados com a derrota
municipal.E termina uma das conversas, com a única auto-critica que já
ouviram dele: "Eu não deveria ter renunciado, antes do fim do
ano, teria voltado. Mas não serei atingido".
O presidente do BRAdesco, esteve com o presidente provisório
Conversaram
demoradamente, não sei o que tinham para conversar. Trabuco quase foi Ministro
de Dilma. Preferiu continuar. Gastou uma fabula, para popularizar
publicitariamente o BRA de Brasil e o BRA de Bradesco. Não colou. Sobrou apenas
o BRA de bravata, de um banco que cobra juros de 400 por cento ao ano e pratica
sonegação de 4 bilhões.
Apanhado
em flagrante de querer apagar a sonegação com propina, virou réu. Rumores de
que deixará a presidência. O Canal Bloomberg, bem informado mas comedido: "Deve
haver modificação na cúpula do Bradesco". A conversa foi sobre isso?
Odebrecht assustador
Ha muito
se sabia: seu depoimento seria devastador. Era tido e havido, que sua
contribuição em "dinheiro cúmplice”, teria o tamanho da sua empreiteira
roubalheira. Dos primeiros presos, foi o que mais resistiu em se comprometer. Mas
quando começou a depor, assombrou até a equipe de Curitiba. Começou por revelar
os caminhos tenebrosos que sua empresa percorria. Delatou que só para cuidar da
corrupção que era paga lá fora, havia uma espécie de sucursal, que distribuía
bilhões.
Quando
entrou na fase de revelar os que mais receberam contribuição, não está
esquecendo ninguém. De uma vez só, entregou Temer, 10 milhões. Serra, 23
milhões. Eliseu Padilha sem números exatos, mas deve ter sido razoável, foi
Ministro de FHC, Dilma e Temer.
Assim que
a delação foi revelada, o Presidente do TSE e Ministro do Supremo, Gilmar
Mendes, veio a publico indevidamente. Textual: "Acho que o TSE não cassará
isoladamente, um membro da chapa". Inacreditável. Presidente do TSE não
tem que ACHAR nada. Nem antecipar opiniões sobre matéria que poderá ser julgada
pelo TSE. Mas Gilmar é Gilmar.
Outra inconveniência:
já considera que "a chapa está isolada". Apesar de ainda não ter
havido julgamento final do impeachment. Dona Dilma será cassada, nenhuma
duvida. Mas não cabe ao presidente do TSE "adivinhar" o resultado. Ha
meses, critiquei o mesmo Gilmar Mendes, por ter comparecido a um jantar em
homenagem a Temer. Nada surpreendente examinando sua trajetória como
magistrado.
PS- A
maior estrela que ainda não estreou na Olimpíada, deu ontem entrevista
coletiva. No maior teatro do Rio (Teatro das Artes) sensacional. Respondendo a 300
jornalistas, focado por mais 100 câmeras, imperturbável. Brincou com o publico
e os profissionais.
PS2-
Mostrou todo seu carinho pelo Rio, afirmou e repetiu: "Estou satisfeito da
minha ultima Olimpíada ser esta. Só quero que seja com vitoria, vou sambar até
ir embora". Aplaudidíssimo. E não
sobrou 1 ingresso para suas apresentações.
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