Impeachment no Senado: crônica de uma farsa
planejada. O Supremo no centro de tudo. Sergio Moro aplaudido
HELIO FERNANDES
È quase um jargão popular: "O Supremo tem sempre a ultima palavra e
não pode ser contestado". Não quero contar a Historia do mais alto
tribunal do país, que conheço como poucos. A ultima vez em que critiquei dura e
coletivamente o Supremo, foi quando aprovaram e validaram por UNANIMIDADE, a
"anistia ampla, geral e irrestrita". Os 11 Ministros aceitaram e
aplaudiram a transformação de generais assassinos em juristas sem togas ou títulos
relevantes.
O Supremo
deu validade a um documento espúrio, que só beneficiava os generais, que foram
inocentados por eles mesmos. Ninguém foi consultado. A oposição altiva e
altaneira, que combateu o bom combate, ficou isolada e sem ser ouvida. Enquanto
os generais, depois de 21 anos de truculência e violência, se retiravam para o cenário
eterno, impunes e homenageados. Ao contrario do que aconteceu na Argentina e no
Chile, onde pagaram com a perda da liberdade e dos direitos, que cassaram de
centenas de milhares.
Agora,
Ministros individualmente, sem o protesto de ninguém, votam pelo absurdo, mas
protegendo amigos e antigos correligionários políticos. O mais assíduo nesse
tipo de extravagância é o Ministro Dias Toffoli. Preso por determinação da
Justiça, o ex-ministro Paulo Bernardo foi libertado pelo Ministro Toffloli. Justificativa
para a libertação: "Ele estava num apartamento FUNCIONAL,não podia ser
preso". Solto, logo rotulei o caso de "jurisprudência Toffoli".
Não
demorou muito, Paulo Bernardo foi novamente preso. E acusado de
"patrono" de um desfalque de 100 milhões, ele prioritariamente beneficiado.
Com ele, outros participantes dessa corrupção.Como o próprio Ministro afirmou,
"são amigos íntimos de longa data, Paulo Bernardo e a mulher,Gleisi Hoffman,
também indiciada.Em outro processo.
Novamente
na iminência de ser solto, o Procurador Geral Janot, entrou com pedido junto ao
Ministro Zavascki, com recurso, para que a libertação seja impedida.
E a
concepção estranha e inadequadamente, chamada de jurídica, atinge o Ministro
Toffoli no exercício da presidência do TSE. Com projetos do PSDB e do senador Aécio
Neves, pedindo a cassação da chapa,indicou como relatora, a Ministra Maria Tereza.
Por
conhecimento e confissão dela mesma, a relatora é contra a cassação da chapa. Entraram
outros pedidos iguais, o que fez o então Presidente Toffoli?
"Reunificou" as diversas ações, continuando a ministra como relatora
de todas. Já está com ela há quase 8 meses. Não dá sinais de terminar o
trabalho, nem ninguém cobra nada. Eu sei o relator não tem prazo.
O novo
presidente do TSE, Gilmar Mendes, tão esdrúxulo quanto Toffoli, tomou posse,
garantindo: "Muitas coisas vão mudar por aqui, no TSE". Já completou
3 meses, não mudou nada. Quem não tem ideias, não pode modificar as ideias que
os outros também não têm.
Para
terminar por hoje, com o importantíssimo Supremo O presidente Ricardo
Lewandowski, quer ficar no cargo, até o dia 14 de setembro, apesar do seu
mandato terminar bem antes. Dois motivos para essa "permanência". Tentar
influir num possível alongamento da votação do impeachment, o que irrita revolta
e assusta Temer. E no plano interno, conseguir colocar em pauta, o projeto que
revoga a decisão do plenário, que determina a prisão de um condenado em segunda
instancia.
O próprio
Lewandowski desrespeitou o julgado, mandando soltar um preso condenado pela
segunda instancia. Presidente do Supremo, defende os recursos protelatórios,
que modificam inteiramente o sentido da Justiça. Com royalties para Rui Barbosa:
Justiça que tarda não é Justiça. Ou para Millor Fernandes, enfrentando a
ditadura: A Justiça farda mas não talha.
Impeachment: acabou a
primeira fase da farsa
Tudo
aconteceu de acordo com o planejado. Começou com a indicação "unânime' do
senador Anastasia, que não praticou o menor desvio. E não decepcionou Aécio
Neves, nem os outros coordenadores. E sua velocidade, um portento. "Leu"
as 534 laudas da oposição, redigiu as mais de 200 tidas como de sua autoria. Tudo
em menos de 24 horas.
Passaram
rapidamente á votação, nenhuma importância. Eram 21 com direito a voto, o
resultado de 14 a 5, perfeito. Faltaram 2, talvez um acordo de contrários. Até
suplentes sem direito a voto, falaram, se exibindo para o planalto. Como o
senador Cristovão Buarque, lembrando que ministro de Lula, foi demitido pelo
telefone. Isso ninguém esquece.
Os 14 a 5
projetados para o plenário, confirmam minha constatação repetida. O presidente provisório
terá 60 votos. Provando que a cooptação foi brilhante, estimulante e reluzente.
Mas não significa expectativa positiva.
Sergio Moro: consciente e
aplaudido
Sobrio, incisivo,
conciso, definitivo. E consistente, exatamente como redige suas decisões. Examinou
os 10 itens, um por um, de forma contundente e esclarecedora.Não deu o
menor sinal de que a Lava-Jato esteja caminhando para o final. È evidente que
terá um fim.Mas nada a ver com o titulo da prisão, importante, dos executivos
da Queiroz Galvão.:"Resta 1".Pode significar que foi a ultima
empreiteira roubalheira que faltava.Mas não o fim da Lava-Jato.
Falando
sempre de improviso, conquistou a todos. Foi contundente contra o foro
privilegiado, baseado na própria Constituição, que estabelece:"Todos são
iguais perante a lei".Defendeu objetivamente uma Lei contra a corrupção.O
que está explicito e mais do que implícito em cada um e em todos os 10 itens do
projeto, com mais de 2 milhões de assinaturas.
A Olimpíada e a hipocrisia do
governo
Temer
passou o dia preocupado. Não gostou da reunião de Lewandowski com os senadores.
E o consenso sobre os 24 itens. O Presidente do Supremo não aceitou sessões aos
sábados e domingos. Temer sentiu saudades do amigo Cunha, irrepreensível. Está
com medo que não possa viajar para a China como efetivo. Chegou a dizer a áulicos,
que fingem de assessores: "Como provisório não viajo". Viaja, ora se
não viaja. Mas pelo menos 60 votos estão garantidos.
Temer
treme com as palavras que pronunciará hoje, no Maracanã: "Está aberta a Olimpíada",
não mais do que isso. Não sabe se as vaias virão antes ou depois da fala. Acho
que logo que ele falar. Eliseu Padilha, ministro de FHC, Dilma e Temer, prepararam
o terreno: "Não estamos preocupados, vaia faz parte da democracia". E
o governo obtido sem votos, longe do povo, faz parte de que democracia?
Todos os
ex-presidentes, foram convidados para a Abertura. Nenhum aceitou.
A
Abertura receberá o entusiasmo do povo. Preocupação geral: até ontem, só o
presidente da França havia chegado. Dos 100 anunciados inicialmente, 45
confirmaram, será que nem esses estarão presentes? Estou falando da quantidade,
pois a qualidade, completamente deteriorada.
Nosso Rio de Janeiro, amado e maltratado, belo e poluído, alegre, apesar das tristezas cotidianas.
ResponderExcluirTodos sabem do pão escasso e do circo armado, do esgoto aberto e do portão fechado para o trabalhador. Do superfaturamento e da esmola disfarçada de legado.
Ontem, hoje, amanhã, sempre é tempo de amar este imenso país, sua cultura e diversidade, sua gente guerreira que tudo enfrenta com ânimo forte.
Brasil sintetizado nas emoções em relação ao ponto de acumulação em longa história, linda cidade cultural em nossa pátria memória.
Ninguém melhor do que Vinícius de Moraes para presenciar e expressar o que sentimos neste momento.
"Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor"
Vinicius de Moraes
Hélio, cordiais saudações!
ResponderExcluirEscreva sobre os quase 15 milhões de desempregados. Sobre os 65 milhões de cidadãos contribuintes eleitores que estão no SPC e das 147 mil empresas comerciais que fecharam as suas atividades. Principalmente desde 2015 para cá. Não há nada mais que incomode do que isso!!! Não adianta ficar remoendo o passado. Concorda? Vamos acertar o futuro. Exponha as suas possíveis idéias para reverter este quadro.