Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Sem constrangimento, Renan tenta dinamitar a Lava-Jato. Governo Temer acha que Cunha não se livra de Curitiba

HELIO FERNANDES

Isso só pode ou poderia mesmo acontecer no Brasil de hoje, império das empreiteiras roubalheiras. O reconhecimento é unânime: é o maior escândalo de corrupção de todos os tempos. Não só em volume de dinheiro roubado, mas também o quase inacreditável numero de políticos e partidos envolvidos.

E pela primeira vez, estão sendo enquadrados, investigados, indiciados, acusados, condenados e presos, personagens que sempre estiveram "acima do bem e do mal", impunes e imunes por direito de conquista.

"Tombada" pela própria credibilidade, consagrada pela opinião publica, a Lava Jato é alvo das formas e maneiras mais inacreditáveis. Unidos pelo desespero, empreiteiras, senadores, deputados, ministros, ex-ministros, tentam torpedear esse movimento de recuperação nacional.       

Com os louvores merecidos ao julgamento do mensalão, o reconhecimento inabalável: a Lava Jato é mil vezes mais abrangente. Envolvendo personagens tão poderosos, que ninguém jamais imaginou que pudessem ser atingidos, responsabilizados, condenados e presos. Usaram e continuam usando os mais espetaculares, caríssimos e torpes recursos para destruir a Lava-Jato.

Até agora, o mais audacioso movimento se localizou na Transpetro. Financiado pelas empreiteiras roubalheiras Sergio Machado gravou conversas com Renan, Jucá, Sarney. Recebeu das empreiteiras uma relação de fatos comprometedores, que deveria provocar nas gravações.

O ex da Transpetro colocou seu problema: "Fez acordo de devolver 100 milhões de reais". Resposta: "Isso não é dificuldade". Feito o acordo, consumadas as gravações, foi o assunto de semanas. Contei tudo com detalhes e dados minuciosos.

Não imaginei que iriam mais longe, passariam da teoria á pratica. Mas foram. E de maneira audaciosa, atualmente conseqüência do desespero cada vez maior. O presidente do Senado, Renan Calheiros, 9 vezes citado na Lava-Jato, apresentou projeto pretensamente "contra abuso de autoridade".

Mas que na verdade, é uma afronta e uma ofensa á comunidade. E uma forma de enquadrar os responsáveis pelo maior movimento de recuperação da dignidade nacional. Em cada linha o pretenso "abuso" se refere unicamente a juízes.

Renan deu caráter de URGENCIA ao Projeto. De todos os personagens ligados ás empreiteiras roubalheiras, ele é o mais antigo. Em 2007, teve uma promiscuidade financeira com a Mendes Junior, para financiar os gastos de uma promiscuidade sexual. Ninguém esperava, nem o próprio Renan, que no mesmo dia seu projeto começasse a repercutir. O Ministro Gilmar Mendes, movido pela paixão "holofotica", entrou em campo.

Sem ter tempo sequer para examinar o projeto, foi exibicionista e insensato.  Apoiou sem restrições, e ainda afirmou: "O projeto não tem nada a ver com a lava-Jato". Não deve nem ter lido. E um homem cuja única atividade é julgar e decidir no mais alto tribunal.

Enquanto isso acontece, não sai da televisão, podia ter examinado os fundamentos. E concluído para ele mesmo: "Qual a razão de um projeto que está ENGAVETADO no Senado desde 2009, é DESENTERRADO agora, 7 anos depois, em caráter de urgência?".

Uma surpresa, que deve ser ressaltada. O projeto foi para a Comissão presidida pelo senador Romero Jucá. Ha pouco mais de 1 mês atingido duramente pela própria Lava-Jato, não se deixou levar por espírito de vingança. Veio a publico, e declarou textualmente: "Esse projeto não tem nenhuma urgência.

Está ha 7 anos sem pauta, não tenho pressa". E afirmou que vai promover intenso debate, com todos os setores. Incluindo a voz das ruas, ou seja, a opinião publica. Jucá trouxe alivio para uma parte imensa do Legislativo. Que concorda: "Aprovar agora esse projeto, iria parecer RETALIAÇÃO".

O IBOPE de Temer

O Planalto e o Jaburu não gostaram. Não se manifestaram publicamente, mas comentaram, inclusive na presença do presidente provisório. Principal restrição, na verdade duas 1-Consideram que Temer teve pouco tempo para fazer, "13 por cento de bom ou ótimo, é uma injustiça visível". 2-Na comparação entre Dilma e Temer, "ela com 26 e ele 24. inaceitável".

Não entenderam o fato do Instituto ter colocado mais de 50 por cento, que consideram o governo Temer REGULAR. Nos arredores do presidente provisório, raros com capacidade ou competência para examinar a pesquisa. Só sabem ver o mais ou o menos. E mais nada. Os 13 por cento positivos, uma dádiva. A forma desastrosa da escolha do líder da Câmara e do Senado, tirou muitos pontos.

A complacência com Eduardo Cunha, imprudência que o cidadão-contribuinte-eleitor acompanha. E o ponto mais favorável da pesquisa, os 50 por cento que não se manifestaram contra ou a favor, é que estão estudando. A definição para um lado ou outro, depende do próprio governo.

O doleiro enterrou Eduardo Cunha

Lucio Funaro, é um dos muitos doleiros que atuam na área da Lava-Jato. È considerado o mais importante, pelas somas que movimenta, e pelos setores os mais diversos. È também o mais "eclético". Pelos personagens com quem trabalha e para quem arrecada. È considerado o verdadeiro COORDENADOR de todas as operações financeiras de Eduardo Cunha. E deixou isso claro no longo depoimento.
O doleiro foi tão elucidativo e definitivo, que o próprio presidente provisório, lamentou em comentário no Jaburu: "Agora Eduardo Cunha não tem mais salvação".

Na matéria, Michel é autoridade. O presidente afastado da Câmara só está politicamente vivo até agora, por causa da proteção do amigo. Aliás, os dois se merecem e se acumpliciam de muito longe. Desde antes da conspíração-traição. Até á votação do impeachment.

Mas não foi apenas o doleiro que massacrou Cunha. Fabio Cleto, ex vice da Caixa, num longo depoimento, contou fatos espantosos sobre Cunha. Indicado por ele para o cargo, fez denuncias irreversíveis. Pode ser dito. Cleto fechou o caixão, Funaro patrocinou o enterro. Um único acompanhante, ele mesmo. 

(Funaro não falou apenas sobre Cunha. Girou a metralhadora, e visou diretamente o grupo JBS, a empresa mais poderosa do Brasil. Fica para amanhã).

Meirelles fala sobre 2017

Sua tonica e sua técnica, a mesma de 2003 a 2006, quando presidia o BC. Só que ficou desempregado, sem boas referencias para outra ocupação. Voltou ao habito de falastrão. Ontem: "E m 2017, haverá crescimento, com certeza". Apenas afirmação sem base. Mas que está influenciando o economista que ocupa o cargo no qual Meirelles não se destacou.

Ao tomar posse, Ilan afirmou: "Vou envidar esforços, para que a inflação chegue ao centro da meta, 4,5 por cento, em 2016 ou 2017".
Comentei logo; 2016 são impossível. E 2017, assim vago, é muito tempo. Pois agora, o presidente do BC reforma suas previsões e diz: "A inflação estará em 4,2 por cento em 2018". De adivinhação em adivinhação, acaba acertando. E de 2018 não pode haver qualquer modificação, pois o governo já terá acabado. Se chegar lá.

Noticia positiva: está faltando tornozeleira

O contraventor Carlinhos Cachoeira foi preso por ordem judicial. O motivo pode ser
qualquer um, todo o tempo de liberdade, já é lucro. Menos de 24 horas, depois, um desembargador do seu estado, transformou a preventiva em domiciliar. Não pôde gozar do beneficio, faltava tornozeleira. Foi para Bangu.

O dono da Delta, Fernando Cavendish, faturou 12 bilhões em serviços para empresas publicas. Distribuiu 375 milhões em propinas. Curiosamente, 4 dias antes de ser preso,viajou para a Europa. Coincidência. Soube que estava beneficiado pela generosidade que favorecera Cachoeira. Voltou,foi preso no aeroporto,por não existir tornozeleira, cumprirá a domiciliar em Bangu.

As televisões aproveitaram para reproduzir a "farra dos guardanapos", que o governador Cabral produzia em Paris, com tudo pago. È sempre um sucesso e recorde de audiência, exibir essa paspalhice e festejo da corrupção. Aliás, está demorando a vez de serginho cabralzinho filhinho

PS- Continua a comoção nacional Messi, que domina a Argentina. È um sentimento sem escalas ou restrições. Vai do Presidente Macri ao mais humilde cidadão. Ontem, domingo, debaixo de um temporal, 10 mil pessoas se reuniam na praça de Mayo vibrando por Messi.

PS2- Ate agora discutiam duas incógnitas: Messi volta ou não. Antes de viajar com a família, conversou longamente com Neymar, hoje unidos por um sentimento de grande amizade.

PS3- Surgiu uma terceira hipótese. Depois das ferias iria para o Barcelona, não disputaria as eliminatórias. Se a Argentina se classificar, voltaría á seleção. Com a convicção e a sensação de que ele e a seleção teriam a ultima oportunidade de
se reencontrarem e se reconciliarem definitivamente.

PS4- Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, presidida pelo combatente jornalista Roberto Monteiro Pinho montou o inédito “Plantão das Prerrogativas” para os profissionais da comunicação e do jornalismo.

PS5- A proposta inédita no segmento está fazendo escola. Varias entidades de classe estão montando seu Plantão. Bom para o segmento, bom para a comunidade que deseja avidamente que o jornalismo seja “Informação e Opinião” como sempre defendi na Tribuna de papel.

PS6- Para quem não sabe o Brasil caiu cinco posições e ficou em 104º lugar no ranking mundial da liberdade de imprensa deste ano. Os dados são da pesquisa realizada pela ONG Repórteres sem Fronteiras.


PS7- O Instituto Barbosa Lima Sobrinho, (o qual tenho a honra de presidir) órgão cultural da ANI, realizou com a colaboração de seus laboriosos associados, a sua primeira pesquisa de opinião. O escolhido foi o advogado Felipe Santa Cruz presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada com 262 advogados de todo estado do Rio de Janeiro, revelou que o dirigente tem 86,4% de avaliação positiva de sua administração.  Contra, apenas 9,4 por cento. Nas duas administrações, a (ANI e a OAB) um ponto convergente e positivo: ambas incrementam com prioridade a “Defesa das Prerrogativas” dos seus profissionais.

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