Crime e corrupção desmoralizaram e destruíram o símbolo
Maracanã. Continua a jogatina na Câmara.
HELIO FERNANDES
Todos se lembram do nascimento do Maracanã, em 1950. Praticamente ninguém
conhece as razões da sua demolição e reconstrução para 2014, ao custo criminoso
de 1 bilhão e 200 milhões. Crime sem castigo. No futebol e acima do futebol,
atingiu a auto-estima dos brasileiros. E surpreendeu o mundo, desprestigiando o
próprio país, que não se comoveu nem puniu os criminosos.
Por causa
da Segunda Guerra Mundial, a Copa de 50 veio para o Brasil. A ultima acontecera
no interior da França, em 1938. Com o mundo em pré-guerra, com Hitler dominando
uma parte da Europa, não teve a menor importância. Em 1942, em plena
carnificina e mortandade no auge da guerra, nem pensar. Em 1946, já sem guerra
mas com a destruição territorial e os 100 milhões de mortos e mutilados
(incluindo os 6 milhões de judeus assassinados no Holocausto) continuava
impossível realizar outra Copa.
Os EUA,
que participaram intensamente da guerra, mas não tivera seu território
invadido, quis sediar o espetáculo, não havia possibilidade. Em 50 veio para o
Brasil. Sem eliminatórias, um numero pequeno de concorrentes. Eram apenas
convidados, a França, um deles, respondeu: "Obrigado, mas o Brasil é muito
longe". E não veio. Levamos a serio, na época os jogos ainda não era
luxuosos e suntuosos, exigindo gastos fabulosos e ruinosos.
Ficou decidido:
construir apenas um estádio, aproveitar os já existentes. E surgia então o
Maracanã, no Distrito Federal, a capital. Logo se percebeu que seria épico, histórico,
monumental, empolgaria o Brasil e o mundo. Na final entre Brasil e Uruguai,
calcula-se 200 mil pagantes. Não havia "borboletas", derrubaram até
muros. Maravilhoso ter assistido, incluindo o maior silencio coletivo do mundo.
Inigualável, não repetido em nenhum país do mundo.
Começava
e continuava durante 60 anos. Era um mito e símbolo, atração inimaginável, técnicos
e jogadores de todos os países queriam se exibir no Maracanã; Quando
conseguiam, mostravam a honra e orgulho, vibravam de satisfação. Batia todos os
recordes do futebol e do esporte.Em jogos externos,1970, eliminatória
Brasil-Paraguai,187 mil pagantes.Em l983, Fla-Flu levou ao estádio emoção,177
mil torcedores, recorde interno.Parecia que não acabaria.
Mas veio
a Copa de 2014, novamente no Brasil. E a insensatez aliada á voracidade da
corrupção, imaginaram o que parecia impossível de conseguir: DESTRUIR o verdadeiro
Maracanã, e no seu lugar, CONSTRUIR o que chamaram de novo. Eles mesmos ficaram
assombrados: conseguiram. Gastaram 300 milhões na destruição e na reconstrução,
1 bilhão e 200 milhões, apesar do calculo inicial, ser de 700 milhões. E uma
fortuna ainda incalculável, para adaptar (?) o Maracanã da Copa para a Olimpíada.
E mais
criminoso: o "novo" Maracanã tem apenas 40 por cento dos lugares. São
miseráveis 79 mil, mas a policia só libera 74 mil. Acabaram com os lugares mais
populares, arquibancadas e gerais, freqüentados pelo povo. Que produziram as
palavras "geraldinos" e "arquibaldos", definição e
identificação dos freqüentadores que não existem mais
Agora,
numa investigação inesperada e surpreendente, o TCE identificou crime de superfaturamento na construção. E
quer devolução de 178 milhões de reais. Apesar de apoiar a investigação,
não concordo com os números ridículos. O que precisam devolver da indenização -
reconstrução, tem que começar em 1 bilhão e 200 milhões. Acrescidos dos
roubos de todas as fases.E a criminalização dos corruptos que
participaram.
Ninguém pode ficar impune. Apesar da destruição do
verdadeiro Maracanã ter começado antes de 2014, é obrigatório investigar se os
ladrões do Maracanã, são os mesmos da Lava-Jato. Esta começou a investigação e
a punição, em 2014. Mas a corrupção já existia muito antes. Só que imune,
impune, poderosa.
Obrigatório e indispensável
O TCE,
que começou essa investigação, tem uma forma digna e honrosa de continuá-la e
chegar a um resultado que o Brasil espera: punir os responsáveis, perdão, irresponsáveis.
E quem está aí, visível, participou e sabe de tudo, é o ainda poderoso senhor
da CBF. Se chama Del Nero. Era presidente da importante Federação Paulista. Fez
o presidente da CBF. Depois dos escândalos, sucedeu-o. Ele está preso nos EUA. Del
Nero é REU confesso, não sai do Brasil, com medo de ser extraditado. Pediu
demissão dos mais diversos cargos destinados ao Brasil. Toda essa roubalheira
passou por ele, que contará tudo, não precisa nem pressão. Temos que lembrar do
Maracanã, lenda e legenda do futebol mundial.
Cachoeira e Cavendish em liberdade
Presos
por ordem judicial, em menos de 24 horas, um "magistrado" amigo,
mandou-os para casa. Não havia tornozeleiras, foram para Bangu. O protetor saiu
do caso por intervenção do Ministério Publico. Estavam angustiados, outro
"magistrado" determinou que fossem para casa, mesmo sem tornozeleira.
O que é proibido por lei.
Cachoeira
estava preocupado, alegou que vinha sendo "prejudicado nos negócios".
Bicheiro, contraventor, esta controlador da jogatina ilegal, vinha trabalhando
muito com a possibilidade da jogatina ser legalizada. O mundo do crime está em
festa com a abertura dos cassinos. No Brasil da corrupção, só faltava essa. Dizem,
"vamos criar empregos". Se é essa a motivação, não podem se conformar
apenas com cassinos.
Cavendish,
que faturou mais de 11 bilhões com obras publicas, e distribuiu somas fabulosas
com propinas, foi beneficiado pelo mesmo "magistrado". Dono da
empreiteira Delta, está respondendo por espantosas irregularidades. Mas é muito
bem protegido, sabe que nada lhe acontecerá. A não ser que caia na área da
Lava-Jato, ou de outras equipes que estão agindo com a mesma isenção, competência
e independência.
A semana do acórdão e eleição, para
cassação e prisão de Eduardo Cunha
Parecem vários
itens ou objetivos, mas todos giram em torno do destino do mesmo personagem. Ex-presidente
da Câmara, não pode voltar ao cargo, mas renunciou "estrategicamente”. Pretende
colocar no lugar,alguém que alem de não ser hostil,facilite o mais possível seu
futuro a partir de agora. E esse futuro se
restringe a duas coisas. Não ser cassado. E conseqüentemente, ficar em liberdade.
Como será cassado, haja o que houver, seu restinho de liberdade vai se
esvaindo.
Queria a
eleição para a presidência da Câmara, hoje, terça. Coincidiria com a sessão da
CCJ, onde está sendo julgado o resultado do Conselho de Ética. Está tão
desesperado, que acredita numa decisão favorável. Seu ex-amigo Waldir Maranhão,
queria quinta. Alguns membros de outros partidos, concordaram, a eleição ficou
para amanhã, quarta. Mas nada é definitivo.
Nessa
mesma CCJ, a partir de 7 da noite de ontem, uma aparente decisão. Como podem
falar os 66 membros titulares e os 66 suplentes, 10 minutos cada, seriam 20
horas ininterruptas. Mais o tempo, indefinido, do relator e 2 horas do próprio Eduardo
Cunha, teria que haver adiamento. Como querem muitos, para agosto.
Mas uma
informação exclusiva: a palavra de ordem é a presença de Cunha. Se ele
comparecer e falar o tempo que tem, o relator fará o mesmo, idem, idem seus
seguidores. Aí haverá prorrogação. Se ele não comparecer, pode haver votação.
Mas ele oscila entre 18 e 22 votos. Incerteza rigorosa.
A eleição
do presidente da Câmara, saborosamente acumulando a vice presidência da
Republica, também duvidosa. Falam em 10 ou 15 candidatos, mas não para valer.
Os membros da Mesa, com os cargos garantidos, podem se lançar.
Como eu
disse ontem, segunda, Rogerio Rosso continua favorito. Tentou uma nova
possibilidade, que seria excelente para ele: não seria candidato agora, desde
que tivesse a eleição garantida para fevereiro de 2017. Seriam 2 anos de
Presidente da Câmara e vice da Republica.
Mas não
ha quem possa se responsabilizar por isso. Então afirma: "Se eu for
eleito, no dia seguinte começo o processo de cassação". Apenas para
agradar o "outro lado", é intimissimo de Cunha. O Jaburu, com o provisório
agindo por assessores, a mesma instabilidade publica e o apoio quase declarado
nos bastidores 24 horas perdeu espaço. Em poucos dias ou semanas, terá
pretendido dois cargos importantes, e preterido nos dois. Decisivo para o
desgaste do filho de Cesar Maia: a afirmação de Lula, que o PT não apoiará quem
votou a favor do impeachment.
Posição
correta e confirmando o que revelei ontem. Os 130 deputados , do PT, PC do B e
PDT, querem participar. Ontem, ás 5 da tarde, surgiu o nome de Luiza Erundina, excelente. Nenhuma restrição. Pode
receber os 130 votos da agora oposição. Mas dificilmente penetrará em outros
setores. È correta demais, não faz nem faria acordo espúrio. E no momento, o
que prevalece é a jogatina. Que deverá terminar amanhã a fase da eleição. Com o
primeiro e o segundo turno se realizando no mesmo dia Se não parecesse ofensa,
amanhã á noite, todos poderiam dizer: "Habemos Papa".
Nenhum comentário:
Postar um comentário