O doleiro Funaro devassa os
meandros da poderosa doadora JBS. Temer conhece muito bem o assunto. Cunha quer
sobreviver em duas frentes
HELIO FERNANDES
A cada
dia surgem mais denuncias estarrecedoras, escancarando personalidades
importantes e grupos influentes, com a roubalheira de dinheiros públicos.
Praticamente não existe uma estatal que não esteja comprometida com o
enriquecimento ilícito obtido com a roubalheira do dinheiro do cidadão.
Haja o
que houver, nenhuma empresa publica contabilizará mais prejuízos do que a
Petrobras. (Dona Graça Foster, presidente da Petrobras, foi demitida porque
contrariou ordens de dona Dilma, e publicou oficialmente, num relatório, que a
empresa PERDEU 88 bilhões. Juntando corrupção e desperdício conseqüente,
paralelo e correlato).
Teríamos
que dedicar dias, semanas, meses e anos, (o que temos feito) para cobrir toda a
lavagem dessa monstruosa e colossal destruidora roubalheira. A Lava-Jato cada
vez trabalha com mais relevância, competência e esforço, e vai revelando mais e
mais desvios dos recursos que pertencem ao contribuinte e deviam ser empregados
e investidos e não enriquecido alguns, sem o menor constrangimento.
Hoje dividiremos
a prioridade da renuncia do corrupto Cunha, com o depoimento-delação do doleiro
Lucio Funaro. O numero de doleiros envolvidos nessas operações, deixa claro, que
uma parte enorme da corrupção tinha passagem internacional, era paga ou
recebida em dólares. Depositada aqui, ou lá fora, havia a necessidade de um
profissional da área, com conhecimentos e contatos.
E Funaro
era considerado o mais importante, porque coordenava as maiores importâncias em
moeda estrangeira. E atuava junto ás grandes personalidades, de diversos
setores.
O doleiro
confessou que atuava como “coordenador de todas as operações financeiras de
Eduardo Cunha”. Trouxe dados mais comprometedores sobre Eduardo Cunha, se isso
fosse possível. (Naturalmente, antes da renuncia "estratégica").
Disse que
atuava desde o tempo "em que ele era presidente da Câmara, quando acumulou
a maior parte da fortuna". Acrescentando que "nem eu sei quanto ele
recebeu". Como todos consideram que apesar de estar sendo acusado pelos
mais diversos crimes, REU duas vezes no Supremo, o depoimento de Funaro é o fim
de Cunha, passemos a outro item da sua denúncia – depoimento - delação. (Depois
continuaremos com outros episódios de sua renuncia, como comecei a contar logo
depois).
Funaro ENTREGA a JBS
Essa
empresa, tida e havida como a mais importante do país, é também a mais generosa
doadora de partidos e personalidades. Sem "discriminação" ou
partidarismo, doava para todos. Naturalmente a diferença era regulada em
recursos, de acordo com a representatividade dos partidos. Ou no caso pessoal,
a importância do personagem. E isso acontece ha anos e anos, o dinheiro do
"Friboi" permitia essas doações, consideradas investimento.
1 ano
antes do inicio da conspiração-traição,quando se considerava um vice
"decorativo" (auto-condenação espontânea), nem imaginava a
"promoção", Michel Temer foi chamado com urgência á sede principal do
PMDB. Era presidente do partido, precisava resolver uma questão que ameaçava
explodir tudo. A JBS fizera doação de 50 milhões (ninharia) para o PMDB.
Como não
identificara o recebedor, deputados e senadores se julgavam os proprietários e
herdeiros do dinheiro. Michel Temer tomou conhecimento, entrou em campo,
procurando o entendimento. Nisso ele é bom, pela habilidade e o conhecimento.
Traçou um
roteiro, considerou que precisava começar pelo contato com o doador. Vice
presidente da Republica e presidente do maior partido, mandou comunicar que estava
indo. E foi. Muito bem recebido pelo proprietário, tudo esclarecido. Conheceu também
o importante presidente da holding, o ex-presidente do Banco Central, Henrique
Meirelles. (Não imaginava, que pouco mais de 1 ano e meio depois, Meirelles
seria Ministro da Fazenda dele, presidente, mesmo provisório).
Saiu da
JBS com tanta documentação, que até ele ficou estarrecido. Resolveu o problema
que ameaçava um confronto entre o PMDB da Câmara e do Senado. Não era difícil. Impressionado
ficou ao examinar os documentos que recebera '"dadivosamente. Constatou
que na ultima campanha, 2014, a JBS destinara 461 milhões para diversas
personalidades e partidos. PMDB, PSDB, PT receberam a maior parte desse
dinheiro. O DEM e outros coadjuvantes, também foram recompensados, com muito
menos, não tinham a importância dos outros.
Isso
apenas numa campanha, existiam doações de outras disputas eleitorais. Agora
Funaro devassa tudo. Por enquanto, o sigilo impede a publicidade. Mas o sigilo
tem tempo de duração. O suspense, a angustia, o pânico não têm limite.
Atormentam até á publicação. Ou depois, preocupadíssimos. Como participante,
mediador ou "historiador", seu conhecimento é geral. Os fatos dirão
se também tudo isso se transformou em fundamental.
Quase todos, unidos ou
escondidos, tentam salvar o mandato do corrupto Cunha
È degradante,
humilhante, até inconsciente, o que está acontecendo na Câmara. Pela primeira
vez na Historia do Brasil, ao eleger o seu presidente, a Câmara coloca no
pacote do vencedor a vice-presidência da Republica. E nesse duelo de duas
guerras simultâneas, só uma certeza: esse vice será Presidente da Republica,
pelo menos por 10 ou 15 dias. Para a maioria dos "candidatos", é um
tranco, um choque, uma violência ou uma violação da própria biografia.
No
controle ou participando dessas duas guerras, no centro de tudo, Eduardo Cunha.
Haja o que houver, ele será beneficiário ou beneficiado. Trama,
confunde,desune, mistifica, mente, mas é o senhor do espetáculo. Na CCJ,
(Comissão de Constituição e Justiça) o propósito é ganhar tempo. Acredita que
pode conseguir o objetivo maior nessa área: que o processo da cassação do seu mandato,
volte para o Conselho de Ética.
Como
retardou por 8 meses a decisão, voltando ao Conselho, terá obtido uma extraordinária
vitoria. Nada é impossível nessa Câmara desmoralizada, e como ele mesmo rotulou
sem constrangimento, "acéfala". Mas a palavra utilizada por ele, se
transformou em realidade pelo seu próprio comportamento.
Aparentemente
está com jeito de vencedor. Pelo menos vai conseguindo adiar a decisão,
marcando, desmarcando, remarcando a data, emparelhando com o dia da eleição. O
relator afirmou: "Se eu mandar o processo de volta ao Conselho de Ética,
tenho que mudar de país". Perfeito. Mas nada impede que recorra a outro
truque ou artifício. Desde que favoreça ao ex-presidente.
Tudo
incerto na CCJ, passemos para a outra guerra. (São duas guerras, não confundir
com duas batalhas) Essa também é travada nos bastidores, com os partidos
inteiramente ultrapassados. Existem vários candidatos. Alguns para disputar
mesmo, outros para trocarem o voto por vantagens.
Não é difícil
identificá-los. O quase impossível é encontrar alguém que não seja ligado a
Eduardo Cunha ou apoiado por ele. E como contrapartida, depois da vitoria, cumprir
os compromissos. E ajudar de todas as formas a impedir a cassação do seu
mandato.
Hoje,
segunda feira, nem se sabe o dia da eleição, terça ou quinta. Qual a diferença?
Mais tempo para "negociação" e logicamente para registro das
candidaturas. Que são muitas, mas não definitivas ou reveladas. Todos têm
posição particular definida mas oficialmente mantida num silencio
constrangedor. O motivo é o receio de votar abertamente em Eduardo Cunha, quer
dizer, eleger o candidato recomendado por ele.
Mas
examinando o DNA de quase todos, rastros visíveis do ex-presidente da Câmara. E
da sua luta pela não cassação, ficar em liberdade, ganhar no Supremo. Ele é tão
audacioso, que "antecipa" o resultado da votação na Turma.
Não
esconde: "Serei absolvido por 3 a 2. Isso antes da Turma estar completa, por
culpa da tremenda divergência, quase hostilidade, de alguns Ministros. Circulam
muitos nomes mas apenas 3 com possibilidades. Para ser eleito, o candidato tem
que ter o apoio de Eduardo Cunha, e o beneplácito do Jaburu.
Esses
apoios, constrangidamente silenciosos, no caso de Temer. Vergonhosamente
ostensivos em se tratando do maior coordenador de tudo, o próprio Cunha. A posição
do presidente provisório pode ter uma ressalva: a sujeição ao extravagante
sistema político "Presidencialismo Supra Partidário". Como combato
esse sistema ha mais de 20 anos, tenho que reconhecer a dificuldade de quem
estiver no Poder. Mas Temer está ha 40 anos na vida publica, esse modelo tem
uma eternidade, ninguém faz nada para modificá-lo.
No
momento, o favorito se chama Rogerio Rosso. Foi escolhido e empossado
presidente da Comissão do Impeachment, fez tudo o que Cunha determinava. È
gratissimo, sem Cunha não existira.
Acredita
que Cunha lhe dê 100 votos, 20 por cento do total. Espera outros 90, (pelo
menos, como diz aos íntimos) do "centrão". Este tem 280 deputados,
mas está altamente dividido. Como precisa de 250 para vencer no primeiro turno,
tem que garimpar mais 60 no "varejão".
Rodrigo
Maia trabalha intensamente para agregar os 260 que sobram, no caso de Rosso não
vencer no primeiro turno. A chapa de Maia é identificada como "governista
independente". È tão difícil identificar o que significa isso, da mesma
forma como imaginar de onde virão os votos que precisa. Quando escolhiam o líder
do governo, se dizia: "O candidato mais forte é Rodrigo Maia, o preferido
de Michel Temer. Não era. O líder foi e continua sendo, era indicado, bancado e
exigido por Cunha. Depois de muita barulheira no Jaburu.
PS- Alem
de toda incerteza, um dado que ninguém percebeu, mas que é
rigorosamente verdadeiro: para onde irão os 130 votos que PT, PC do B e PDT
mantêm?
PS2-
Esses 130 deputados querem participar da transação pela conquista da presidência
da Câmara. Com um candidato próprio. Trabalham o nome de Manuel Castro, PMDB, ex-ministro
de Dilma, e psiquiatra. O que é um dado importante, depois que psicólogos,
psicanalistas e psiquiatra, proporcionaram um festival de bobagens sobre Cunha.
PS3-Se
não conseguirem vencer com o candidato próprio, aceitarão conversar. Nesse
quadro altamente caótico e traumatizado, 130 votos, nada desprezível.
Portugal,
emocionante no primeiro titulo
PS4- Não
era o favorito. Na verdade, chegava á final pela segunda vez. Na primeira, em
casa, perdeu para a Grécia, que ninguém sabia que jogava futebol. Para não
enganar nem mistificar os fatos, perdeu para seu técnico arrogante, o
brasileiro Felipão. Demitido imediatamente, ainda foi técnico do Brasil. Entrando
para a Historia, pela porta larga da vergonha e do vexame dos 7 a 1, inesquecíveis.
PS5- Portugal
mais do que mereceu a vitoria. Pelo que jogou, pelo que não deixou a França jogar.
Em sua própria casa, o belo Stade de France, que eu vi inaugurar em 1998.
Quando o Brasil foi facilmente derrotado, por 3 a 0. Inesquecíveis.
PS6- Alem
do mais, Portugal mostrou incidental e acidentalmente, que um time ou seleção,
joga com 11. E continua com 11, mesmo quando não pode contar com seu melhor
jogador, varias vezes o melhor do mundo.
PS7-Quando
Cristiano Ronaldo, o admirado CR-7, saiu de campo chorando, a torcida chorou
junto, se comoveu e comoveu o mundo. Os 80 mil pagantes vendo o jogo
dentro do estádio, com os quase 100 mil do lado de fora, aplaudiram no fim, Choraram
pela derrota, festejavam os que venciam pela primeira vez. Portugal vibrava com
a vitoria em 123 minutos. Inesquecíveis.
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