A reforma política indispensável, que não virá. O
futuro de Maia depende de Cunha.
HELIO FERNANDES
Ontem dediquei tempo e espaço ao que tentam ha muito tempo, implantar
como REINVENÇÃO da democracia. Nesta Republica traída desde o nascimento, e
fixada como militar, militarista e militarizada, faltou sempre o componente principal,
inarredável e irrecorrível: o político. E viemos de 1889 a 2016, sem esse
componente que consolidaria a Republica. Tivemos momentos fugazes de
democracia, pela qualidade e quantidade de personagens pessoal e politicamente
admiráveis.
Em 1950, Gilberto
Amado, deputado, escritor, acadêmico, embaixador, fez observação no seu livro
biográfico, "Presença na Política". Escreveu: "Antes de 1930 a
eleição era falsa, mas a representatividade era verdadeira. Depois de 30 a
eleição passou a ser verdadeira, mas a representatividade é inteiramente
falsa".
Abandonou
a política, se transformou em embaixador, seu ultimo cargo foi na França. Não
teve tempo ou informação para corrigir alguns pontos da sua observação, valida
pelo menos para estudo. Ou para contestação. Como é o meu caso. Contesto e
mostro que só a reforma política e partidária, poderá contribuir para a consolidação,
implantação e recuperação do que já se chamou de "Brasil, país do
futuro".
A
degradação da vida publica foi mostrando o inqualificável, que chegou até agora
com raras ou raríssimas esperanças de recuperação. Tão volúvel, falsa mas
evidente, que o segundo encontro do novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia,
uma novidade, foi com Renan Calheiros,uma velharia.Irrecuperável e
comprometida. Procurando "faturar popularidade, nos meses que lhe sobram
na presidência do Senado (se não for cassado antes ou afastado da presidência,
pelo envolvimento com a Lava-Jato) falou logo em reforma política.
Tentando
o jovem presidente: "Temos que acabar com as coligações proporcionais e
acabar com a multiplicação de partidos". Dois pontos rigorosamente necessários,
que já deveriam ter sido extirpados ha muito tempo. Como são decisões
privativas do Legislativo, não sairão das gavetas. A coalizão proporcional, excrescência,
violência contra a democracia e a representatividade autentica. Deveria se
eliminada.
A
clausula de barreira já existiu como mistificação, apenas para enganar o
cidadão. Deveria ser aprovada imediatamente, com efeito moralizador e com a
finalidade de reduzir os partidos. Essa proliferação de partidos sem expressão,
é dos maiores fatores de desmoralização. Partidos que não obtivessem 4 ou 5 por
cento da Câmara, não teriam representação. Seria obrigatório elegerem 20 ou 25
deputados, razoável. Cada partido representando os partidos sobreviventes,
teria que lançar candidato próprio a Presidente da Republica. Num possível
segundo turno poderiam fazer acordo.
Já que
Renan procura convencer o novo presidente da Câmara, poderia ir mais longe com
duas propostas moralizadoras e de economia para o cidadão. Fim do chamado Fundo
Partidário, que consome mais de 1 bilhão. E é uma fonte inesgotável de negociatas.
Partidos sem partidários, "vivem" dessa falcatrua, é o nome. Seguindo
no mesmo roteiro, acabariam o horário GRATUITO de radio e televisão. E criariam
a cassação ética, imediata e sumaria para quem mentisse deliberadamente, usando
essa palavra. Sabendo que tudo é pago pelo contribuinte. Que acaba acreditando
que é mesmo GRATUITO.
Essas
raras medidas são fáceis de aprovar. Desmistificaria a vida política,
eliminaria o grande fator de corrupção política, econômica, pessoal, partidária,
que é o regime ou sistema PRESIDENCIALISTA PLURIPARTIDARIO. Uma excrescência, extravagância, mistificação que não existe em
nenhum lugar do mundo, Qualquer governo, até mesmo o do provisório,
depende e dependerá sempre do chamado troca - troca.
Esse
"sistema espúrio, "aprisiona" o
Executivo ao Legislativo. É uma clara e
publica
violação da Constituição, que estabelece: "Os Poderes são autônomos e
independentes entre si". Preocupado que Rodrigo Maia se deixe
convencer pelo presidente do senado, o provisório tomou providencias, no
entendimento dele, acauteladoras. E no segundo encontro com Maia, convidou-o
para líder do governo na Câmara. A partir de fevereiro, quando tem que
passar a presidência ao deputado que ficará 2 anos no cargo.
Artimanhas de Cunha, preocupam o
presidente Maia
Maia não
respondeu sobre o convite para ser líder em fevereiro. É muito tempo. E tempos
incertos. Alem disso, suas preocupações são mais urgentes e importantes. E
naturalmente ligadas a Eduardo Cunha. Apesar do recesso tem ido diariamente á Câmara,
e pode sentir o ambiente.
Assim que
foi eleito, afirmou: "Só colocarei em pauta a cassação do ex-presidente, quando
houver numero alto no plenário". Começou a sofrer pressão, por enquanto
não pessoal. Mas deputados de vários partidos, ligados ao Jaburu, querem que a
questão seja resolvida.
Eduardo
Cunha baseia sua defesa precisamente no comparecimento, ou melhor, na ausência
de deputados. Tem alertado os aliados sobre isso. Como sabe que o presidente da
Câmara não quer se arriscar, Cunha também não quer correr risco. Como são necessários
257 votos para cassá-lo, tem dito: "Precisam colocar no mínimo 400
deputados dispostos a votar contra mim".
Considera
que ainda tem no mínimo 150 amigos fieis, que votarão contra a cassação. Para
os que receiam aparecer, explica: "O voto é aberto, mas basta dizer SIM ou
NÂO".
Cunha
trabalha intensamente a abstenção. Acha que não votarão logo depois do recesso.
Quer ir mais longe, estarão perto do fim do ano e da importantíssima eleição
municipal. Por outro lado, os que estão arrependidos e constrangidos por terem
deixado Cunha sobreviver tanto tempo, lembram sempre a Maia: "Teu futuro
depende do que acontecer com Cunha". Não acredito na salvação de Cunha. Mas
o quadro na Câmara é esse. E nem examinei o "centrão". Alem das
duvidas, rigorosamente verdadeiras, a respeito da oscilação de Michel Temer.
Família
Bush contra Trump
Sem
atropelos, carregado pela família, o bilionário conseguiu ultrapassar obstáculos.
Já é decididamente o candidato Republicano, embora com um grupo contra ele. Os
Bush queriam implantar o terceiro presidente. O pai ficou 4 anos, derrotado. O
filho, George W.Bush, derrotou o vice de Clinton, Al Gore, em manobra ilegal,
mas reconhecida pela justiça do estado que ele governava. Os 8 anos de George
W., calamitosos e criminosos. Atacou o Iraque, acusando Sadah Hussein de ter
armas nucleares.
Completamente
desmentido e desmoralizado, a guerra dura até hoje, embora o fato jamais tenha
existido. Hussein foi condenado á morte e executado. O irmão ex-governador, Ted,
tentou disputar a convenção, não passou da segunda previa. Achou que podia
copiar o vice Temer, ser presidente sem voto, não conseguiu. Quem conseguiu
copiar foi Melanie, mulher de Trump. As televisões dos EUA mostraram seu
discurso, em partes enormes, iguais ao de Michele, mulher de Obama.
Trump se
apresenta como conservador, mas é reacionário por direito de conquista. Reacionário,
perigoso, sem escrúpulos. Exibicionista, para ficar nas manchetes, aparecia num
"reality show", financiado por ele.
Conservador
era Churchill. Bebia, jogava, fumava, escrevia e combatia para salvar o mundo e
a democracia. Frasista notável, basta lembrar esta: "A democracia é o pior
dos regimes. Excetuados naturalmente todos os outros"
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