Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 30 de abril de 2015

DILMA FOGE DE TUDO, ATÉ DA TELEVISÃO. SURGEM O MDB E ARENA, LACERDA NÃO ENTRA EM NENHUM.
HELIO FERNANDES
30.04.15
O Supremo Tribunal Federal não é parlamentarista, mas deu um voto de desconfiança ás investigações do Paraná. E naturalmente, como consequência, outro voto, este de confiança, aos criminosos das empreiteiras, corruptoras e corruptoras.
Ministros do Supremo tiveram e razoáveis justificativas aos fazer mudanças nas duas Turmas, que agora julgam, sem exame do plenário, que sempre foi "soberano".
1 - Completaram a Segunda Turma, a que julga quase tudo o que vem da Lava-Jato. Com isso bloqueia o possível e previsível empate de 2 a 2, que beneficiaria os criminosos.
2 - Deixariam vaga a Primeira Turma, até que fosse indicado o substituto do Joaquim Barbosa, que Dona Dilma não preencheu por 8 meses. Estratégia com aspas e intuito deliberado, para tentar influenciar a votação. Nenhuma critica aos Ministros, todas as restrições para o presidente da República.
Mas erraram lamentavelmente, aceitando a transferência de Dias Toffoli, que apressadamente se ofereceu para ir completar a importantíssima Segunda Turma. No mesmo dia em que se concretizou a transferência, foi conversar na presidência, "coincidência" com uma audiência, que já fora pedida há três meses, era recebido imediatamente.
Eu não adivinho nada, mas podem ler ou reler o que escrevi na época: "Não haverá mais EMPATE, mas será pior, Dias Toffoli é o menos indicado. Advogado do PT, Advogado Geral da União e depois da Casa Civil, nenhuma dúvida sobre seu voto".
Ainda chamei a atenção: “Esse Ministro vem sendo acusadissimo de irregularidades pelo jornal Estado de S Paulo, não se defende nem responde".
A decisão de anteontem do Supremo, não é o terremoto do Nepal. Mas o mais alto do tribunal do país está muito perto de mudar o seu endereço eletronicamente, para "stfkatmandu.com.br".
O 1° de Maio de Dona Dilma.
Amanhã grande data do trabalhador, e a lembrança trágica do assassinato em massa que os generais torturadores iam praticar há 34 asnos, o presidente da república costuma falar ao povo. Agora, a vez da presidente Dilma.
Assustada com o passado, omisso no presente e tendo certeza de que o futuro ficaria ainda mais comprometido, se ocupasse cadeia de televisão, desistiu. Perdão, não desistiu, trocou de veiculo de comunicação. Em vez de utilizar a televisão, que cobre ou cobriria todo país, decidiu pelas redes sociais, explicou: “Quero PRESTIGIAR as redes”.
Ora as redes não precisam desse PRESTIGIO, mas Dona Dilma considera que no veiculo escolhido, ela é majoritária, ou ate admite que só receberá aplausos. O que seria magnífico para sua comprovada impopularidade.
Rigorosamente verdadeira; Dina Dilma recua sem constrangimento, com medo do “panelaço”, que já aconteceu em março, quando resolveu dar entrevista depois da primeira manifestação. Amanhã, (não demora muito), teremos o resultado desse “troca-troca” longe do Congresso.
Resposta.
Ontem terminei dizendo que Lacerda ficaria isolado, mas isso se refere apenas a pessoas, políticos ou sociais. Mas como em 1961 vendera a Tribuna por 26 milhões de dólares, e tinha quatro anos como governador e era rigorosamente correto, não mistura as coisas. Investiu o dinheiro de forma segura, sem que precisasse “olhar” ou “fiscalizar” onde estava.
Sua grande preocupação era o Lacerda individual e o Lacerda governador. Fez á corrupção, ninguém roubava nessa administração. Fez grandes obras, vultosas, pagando os menores juros, coisa jamais vista no Brasil.
Seu governo acabava em 5 de dezembro de 1965, mas como ele o Negrão de Lima eram inimigos irreconciliáveis, saiu 15 dias antes para não transferir o cargo. O vice Rafael de Almeida Magalhães também não quis assumir, cabia ao presidente da Alerj, Edson Guimarães. Deputado Estadual, se assumisse ficaria inelegível, não quis, ser governador por 15 dias. Assumiu o desembargador Vicente Faria Coelho, presidente do Tribunal de Justiça. Lacerda foi para o sitio maravilhoso que comprara (o “Rocio”, em Araras) ficou até o carnaval.
Tenho que voltar atrás, ficou um vazio entre a saída do governo, a prisão e cassação tudo em 1968. Esses três anos, entre o fim do governo e a volta á vida pública, importantíssimos, e alguns fatos totalmente relacionados como o repórter.
No final de 1964, já agarrado á prorrogação, Castelo extinguiu os partidos tradicionais, (PSD, UDN, PTB e outros permitiu a criação de apenas dois. O PMDB, chamado de partido do ”SIM”, e a Arena, logo identificada como o do “SIM, SINHÔ”).
Lacerda não entrou em nenhum, mas começou a arregimentar gente para o MDB. Chamou o repórter ao Guanabara, não precisou falar nada eu já estava inscrito no MDB, na Guanabara um partido anfíbio. Com um grupo que era de oposição, mas fez o “governador” de forma indireta duas vezes. Chagas Freitas foi “eleito” de 1970 a 1974. Como não havia “reeleição” por causa da falsidade dos golpistas só pode voltar em 1978 ficando até 1982.
Os fatos foram se precipitando ou se acelerando. Em junho de 1965, com Lacerda ainda governador, escrevi excelente artigo. (desculpem mas sempre defendi que a falsa modéstia é uma heresia ou hipocrisia, tão grande e falsa quanto a arrogância ou a presunção. Houve enorme repercussão, nem era preciso ler o artigo, ele estava todo no título: “1965, Carlos Lacerda, o candidato invencível de uma eleição que não vai haver”. É lógico que forcei um pouco para colocar Lacerda como “candidato invencível”, era uma espécie de licença não poética mas de análise).
Lacerda entendeu logo, me telefonou assim que o jornal saiu, perguntou rindo e gozadoramente: “gostei muito do artigo, só não entendi se é a favor ou contra mim”. Castelo cancelou a eleição presidencial, manteve apenas as eleições de três estados que tinham governadores com mandatos de cinco anos, minas, maranhão, Guanabara, castelo não queria irritar os parlamentares, precisava deles para aprovar a prorrogação.
1966 foi um ano cheio de satisfação apesar da ditadura se consolidando. Em fevereiro de 1966 voltando de Araras veio direto para minha casa, para conversar sobre o movimento de “reaproximação dos contrários” (que depois passou a ser “Frente Ampola”) quando ele mesmo leu o manifesto na redação da Tribuna.
Mas antes de entrar no assunto, fez uma revelação inacreditável, que quase fez estremecer minha casa: “Helio, o Marechal Branco me convidou para embaixador na ONU. O que você acha? ”.
Numa situação normal, digamos num regime democrático, nada mais merecedor de aplausos. Grande orador, falando correta, correntemente inglês, francês, italiano e espanhol, notável conversador, receberia aplausos gerais. Mas eu sabia que ele para “vir me consultar”, já tomara a decisão.
Falei pausada e tranquilamente, mas sabendo a reação que provocaria: “Você mais uma vez decidiu equivocadamente e erradamente, recusou”. Pareceu surpreendido, mas não revoltado ou irritado: “Ué, logo você, que não faz nenhuma concessão está insinuando que eu devia aceitar?”.
Resposta: “Não estou insinuando e sim afirmando, neste momento, aceitar seria ótimo para você e para o país numa eventualidade. Eles estão querendo tirar você do país, sem hostiliza-lo, deixando claro que aqui não há lugar para você, te deram uma opção vazia”.
(Amanhã termino de qualquer maneira. Lembrando que é 1º de maio, 34 anos do atentado do Riocentro. É a primeira vez que o presidente, com medo de vaias ou panelaço, não fala em cadeia (que palavra) de rádio e televisão. Temer em Ribeirão Preto, vaiado não pôde discursar).
*Dia 1º de Maio o blog não publicará matéria. Volta no sábado dia 2 de Maio.
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