OS DESEMPREGADOS JÁ SÃO 6 MILHÕES.
PROTESTOS: DIVERGENCIA MESMO ENTRE PM E ORGANIZADORES.
HELIO FERNANDES
13.04.15
Vozes do
Planalto tentaram mostrar que a segunda pesquisa Datafolha, depois da
reeleição, não desagradou. Deu a impressão que esqueceram a primeira pesquisa e
a fratura exposta da impopularidade da presidente.
A derrubada
foi total, só 13 por cento responderam que seu governo é “bom ou ótimo”. Agora,
o fato de a segunda pesquisa ter mantido positivamente os mesmos 13 por cento,
foi considerado vitória.
Informações dos
jornais próprias e otimistas, consideram que os pessimistas tentam dominar o
cenário. E espalham: Em novembro ou dezembro, Dilma estará com 40 por cento de “bom
ou ótimo”.
O desemprego
subiu muito: a coisa mais natural num país dominado pela duvida, descrédito,
desengano, desesperança. E a mais colossal empreitada de corrupção.
Ninguém
suporta mais apostar no futuro, nem mesmo a presidente. Tão cansada de não
fazer, eleita e reeleita. Dona Dilma entregou a economia ao economista que
sofria suas mais desabridas criticas e restrições.
E a
articulação política ao vice que já estava com ela desde 2010. Nem ele mesmo
imaginava que fosse ser recuperado por uma cirurgia sem anestesia.
Agora Temer
está no centro dos acontecimentos. Conversou com o próprio Lula, inteiramente
ultrapassado e sem perceber e disse a ele: “A presidente Dilma deu total
autonomia para coordenar politicamente”.
Fugiu do
chavão, recebi “carta branca”, muito vulgar para um personagem tão importante. Temer,
sempre muito mais experto do que inteligente, também não quis ser Ministro das Relações Institucionais. Percebeu logo. Como Ministro podia ser demitido, sem
aviso prévio.
Como vice. Dona Dilma tem que suporta-lo. Haja o que houver. Pode
dispensá-lo claro, mas só se for para colocar alguém indicado, recomendado,
protegido por Renan ou Eduardo Cunha.
Como não faz
e abriu mão da economia, da política, e da administração, Dona Dilma fala. E
nada importante. Os desempregados já são mais de seis milhões, a presidente (?)
diz que “fará um país de classe média”, continuando garante “que a Petrobras já
se recuperou”?, o pior ficou para trás.
Ninguém fala
na realidade, principalmente do governo. Dão a percentagem, que seria de 7,4.
Como a população potencialmente ativa é de 80 milhões (isso que estou colocando
é o mínimo), são 6 milhões sem trabalho. É tão grave quanto: quase 8 milhões de
pessoas recebem entre 3 e 6 reais por dia, muito menos de 200 mensais.
Resposta.
Obrigado pela
colocação. Fernando Powlow, mas o assunto é tão vasto que preciso ser o mais
sumário possível. Em 1965, tive a ideia de reunir “contrários”, formar uma
grande aliança com pessoas que sempre se hostilizaram, e se unirem para
combater o golpe que já se instalara como ditadura de fato.
Convidei o
Brigadeiro (da ativa) Teixeira, o ex-ministro Renato Archer, o importante
Editor Enio Silveira e o ex-ministro da Saúde (e Tenente Coronel da FAB) Vilson
Fadul. O jovem brilhante Diretor do Teatro, Flavio Rangel, (que junto com
Millor fizeram nesse mesmo 1965, a mais extraordinário espetáculo de oposição e
de talento. “Liberdade, Liberdade”), marquei o encontro na minha casa.
Procurei Carlos
Lacerda, contei o que ia fazer, convidei-o. Pergunta: “Quem vai?”. Dei esses
nomes, resposta: “Vou”. Dali ele já se encontrara somente com Renato Archer, costumavamos
almoçar no museu de Arte Moderna, magnífico.
Começou por
volta de 9 da noite, acabou às 3 da madrugada. Todos notáveis, não houve tempo
para cobrança. O segundo, aí já era notícia. Ampliamos o circulo, e as
primeiras reuniões passaram a se realizar na casa do empresário Alberto Lee
(muito amigo do Enio), a mais bonita que conheci e conheço, com um rio que
atravessava de ponta a ponta no Cosme Velho.
Mais 6 encontros,
geralmente íamos jantar no Bistrô, estava na moda. Numa noite, Lacerda com
apoio de todos: “Helio você está obrigado a escrever sobre estas conversas, tem
que ser o Pero Vaz Caminha das reuniões”. Não quis escrever no jornal, considerava
participante e não jornalista.
Daí surgiu a
ideia de fazer um manifesto público, (sem nome antecipado), naturalmente eu
teria que redigir. O manifesto com 11 laudas, foi lido na redação da Tribuna da
Imprensa, pelo próprio Lacerda. No dia seguinte, (ainda havia televisão importante)
todos os jornais, chamaram de “Frente Ampla”, ficou assim.
Quase 200 jornalistas,
os estrangeiros convocados pelo Alfredo Machado, dono da Editora Record, notável
personagem.
Surgiu então
a ideia de irmos conversar com Jango e Brizola. Marcado o encontro, não pude
sair do Brasil. Logo depois seria cassado. Assim que se encontraram, Jango
perguntou: “E o jornalista Helio Fernandes não vinha com o senhor?”.
Lacerda
explicou, Jango falou: “Nossa única satisfação no exílio é a chegada da
Tribuna da Imprensa. Seus 30 exemplares, disputadíssimos. Ficamos
impressionados com a oposição dura do jornalista, e a sua afirmação de que não
sairá do país”.
Esse era o
grande objetivo da então chamada “Frente Ampla" Jango mandara me prender
em 1963. Fui o único jornalista em toda História da República a ser julgado
de corpo presente no Supremo. Outros, processados, coisa inteiramente diferente.
Conversando Lacerda
falou: “Presidente amigo tenho que ir embora, tenho que procurar o governador Brizola,
ver se ele quer assinar". Jango empurrou o documento que ia assinar: “Se
esse senhor assinar eu não assino”. Lacerda disse que de sua casa voltaria
direto para o Rio, isto é história pura.
(Amanhã, Jânio nem vetado, ou
convidado, apenas ignorado).
PS- A manifestação-passeata-protesto
de ontem inteiramente diferente da de 15 de março. Não era apenas previsível,
mas quase certo, por conta da mobilização pelas redes. Na outra, sete milhões
de convocações. Ontem, 1 milhão e 700 mil.
PS2- Outro
ponto que chamou logo a atenção a divergência entre os cálculos da PM antes e
ontem. Rio: PM 25, organizadores. 80 mil. Brasília: a primeira 50 mil da PM,
ontem apenas 20 mil. Mas duas faltou comando, liderança, objetivo.
PS3- São
Paulo mais de 1 milhão no dia 15, ontem não chegou a 100 mil. Também as
convocações foram disparatadas. Ontem, marcaram o inicio para 15 horas, passaram
até o jogo do Palmeiras para 11 da manhã, nunca houve isso.
PS4- As
televisões também complicaram as coisas. Usaram a palavra “confusão”, três
vezes, por causa de 3 pessoas isoladas, que não concordavam. Era um direito
deles, mas a PM agiu imediatamente, para que não fosse “linchados”. Um contra
25 mil. É insensato e não confuso.
PS5- Do
Planalto acompanharam tudo, “apostavam" para que não fosse igual a de 15
de março. Não foi, ficou muito distante. O comportamento e a reação do Planalto
também diferente. Ontem, bem mais adulto, o ministro Mercadante, ausente,
acertadíssimo.
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e se comunicar com os colunistas, através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
Helio Fernandes,
Parabéns pelo registro da
Chapa Barbosa Lima Sobrinho, na eleição de renovação do Conselho da ABI. O seu
nome e do ministro Bernardo Cabral são duas lideranças históricas da instituição
é sem Du vida, motivo de orgulho para o jornalismo brasileiro. É uma honra estar
elencado entre os participantes. Conte com meu irrestrito e total apoio.
Jose
Carlos Maselo
Revista
Itália é Nossa.
Helio.
Quando
pude refale da Anistia, Ampla Geral e Irrestrita. Foi ou não uma blasfêmia
totalitarista? – Celso Pereira Junior –
Rio de Janeiro - RJ
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