Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 1 de abril de 2015

NO SENADO O SURPREENDENTE LEVY. MICHEL TEMER: O PORTA-VOZ DA DESLEALDADE.

HELIO FERNANDES
01.04.15

A CPI dita da Petrobras, mas que na verdade é uma incógnita, se reuniu ontem mais uma vez. Tão perdulária que deputados pediram ao depoente, que fosse mais “sintético e efetivo”. Seu nome: Colepicolo Legatti, usava termos e que ninguém entendia.

E afirmava com toda convicção: “Não pode ter havido propina ou pagamento de propinas, pois tudo era feito eletronicamente, nem eu sabia quanto custaria”. Isso sobre a refinaria Abreu e Lima. Seu preço inicial previsto e contratado, de dois BILHÕES. Mas a partir do escândalo, constatou-se que já estava em 20 BILHÕES.

Quando perguntaram a razão de “ter sido afastado do cargo”, respondeu simplesmente: “Rotina”.  Sobre os “aditivos que assinou”, garantiu que “Não elevavam o custo, subiam por causa da alta do dólar”.

Seu depoimento durou quatro horas e quarenta, afirmou que não conhece “ninguém das empreiteiras, não tenho medo de ser preso, jamais recebi propina”. Visivelmente os membros da CPI não concordavam, e diziam para os outros: “Citado daquela forma”.

Eleição de quem tem voto.

O ex-deputado Michel Temer é um abençoado e protegido personagem do sistema político eleitoral. Nunca teve voto, o máximo que conseguiu é ficar como primeiro ou segundo suplente (e até terceiro), mas assumiu por maquinações de cúpula, um dos seus mestrados.

Ambíguo, melífluo, intrínseco e sem preocupação com a ética, se elevou a vice da República. Nem digo eleito, continua sem votos ou necessidades deles, é simples e pura escolha.

Continuando no seu tradicional estilo (?) de unicamente se servir e aos amigos, declarou publicamente: “No primeiro mandato foram cometidos muitos equívocos econômicos”. Não ha duvida. Mas ele era intimo da presidente, desfruta de quilômetros de propriedade para seu gozo pessoal, mas não alertou a parceira do poder, que existiam equívocos, como revela ou confessa agora.

O deputado Rodrigo Maia, relator da Comissão do fim das coalizões e a eleição dos que têm voto, acertou: “Os deputados Federais de todos os estados, serão os mais votados”. Traduzindo: o Estado do Rio elegerá os 43 deputados mais votados. São Paulo os mais 70. Temer não ficaria nem entre os 140 na preferência do eleitor.

Os mais veementes e acintosos, de Mato Grosso do Sul, Roraima, Pernambuco. O que mais reclamava da Paraíba. Os da oposição, até esqueciam as boas maneiras. Os do PT e do PMDB não investigados pela Lava-jato com extensa lista de “realizações” de um governo que não realizou nada.

Levy colocou problemas na realidade e soluções no tempo. Os que pretendiam que problemas fossem resolvidos na hora, ficaram frustrados. Mas a maior gritaria foi pela negociação da dívida dos estados. Os cinco maiores devem 477 BILHÕES. Os outros 22, não passam de 44 BILHÕES.

Respondeu a todos, até deu conselho ao representante de Roraima: “Pela posição geográfica, seu estado é grande exportador para os países vizinhos, começando pela Venezuela”.

Dona Dilma deveria ter telefonado para ele com camaradagem e generosidade, grandeza; “Muito obrigado, Levy, você é um vencedor”. Ontem foi mesmo. Por quê? Deixou determinado: “A negociação das dívidas começará em 1º de fevereiro de2016. Isso se o ajuste fiscal der certo”. Mais claro é impossível.

Resposta.

Wilson Trigueiros, desculpe que teu nome tenha saído errado. Aproveito a retificação, para completar a nota de ontem sobre o Charlie. Não circulará hoje, quarta-feira, mas é quase certo que volte semana que vem, com regularidade.

A insistência e o desprendimento vieram da direção do jornal diário, “Liberation”. O diário e o semanário (que se chamava “haraquiri”. Mudou para “Hedbo” e finalmente “Charlie’’), têm a mesma idade, a mesma origem e inspiração e o mesmo objetivo jornalístico.

Surgiram da grande exigência de mudança de 1968, que continuou e repercutiu no mundo, até mesmo em países dominados por ditadura cruel como o Brasil.

O “Liberation” e o agora “Charlie” não tinham recursos para nada, só conseguiram a concretização em 1970. Mas encontram um comprador-leitor ávido, que logo garantiu os dois.

É lógico, nesses 40 anos, grandes mudanças, rodízio de jornalistas, mas continuaram firmes. Se não fosse o “terrorismo dos terroristas”, o “Charlie" teria continuado firme e consolidado. Mas voltará. Cada vez que desaparece ou morre um órgão de comunicação, qualquer que seja sua orientação, quem perde é a comunidade. A nova tecnologia realmente inovadora e revolucionária, pode divulgar mais rápido. Mas não empolga nem conquista com tanta convicção quanto o jornal impresso.

O jornalismo tem dois itens básicos: informação e opinião, ambos, ambos fundamentais e imprescindíveis. A internet pode informar, mas não se preocupa em opinar.

PS- Eduardo Cunha, logo que se viu eleito Presidente da Câmara, lançou um projeto “itinerante”, para se tornar conhecido nacionalmente, preparado para qualquer emergência. Vaiado em (São Paulo e Rio Grande do Sul) voltou irritado.

PS2- Já em Brasília, disse aos auxiliares? ”Continuarei com esse projeto de levar a Câmara ao contato do povo, haja o que houver”. Oposicionistas que ouviram, fizeram a sugestão que o irritou: ‘Basta mudar o nome, presidente, para “vaia itinerante”.
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Jornalista Helio Fernandes,
É sobre o BNDES, conforme você já vem abordando. Desculpe a extensão da matéria:
As doações públicas do governo brasileiro através do BNDES não é novidade para ninguém. O banco financia portos, estradas e ferrovias – não exatamente no Brasil, mas em diversos países ao redor do mundo. Desde que Guido Mantega deixou a presidência do BNDES, em 2006, e se tornou Ministro da Fazenda, em 2006, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tornou-se peça chave no modelo de desenvolvimento proposto pelo governo. Desde então, o total de empréstimos do Tesouro ao BNDES saltou de R$ 9,9 bilhões — 0,4% do PIB — para R$ 414 bilhões — 8,4% do PIB.
Alguns desses empréstimos, aqueles destinados a financiar atividades de empresas brasileiras no exterior, eram considerados secretos pelo banco. Só foram revelados porque o Ministério Público Federal pediu na justiça a liberação dessas informações. Em agosto, o juiz Adverci Mendes de Abreu, da 20.ª Vara Federal de Brasília, considerou que a divulgação dos dados de operações com empresas privadas “não viola os princípios que garantem o sigilo fiscal e bancário” dos envolvidos. A partir dessa decisão, o BNDES é obrigado a fornecer dados sobre que o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) solicitarem.

Os juros são abaixo do mercado ao subsidiar os empréstimos, o BNDES funciona como um Bolsa Família ao contrário, um motor de desigualdade: tira dos pobres para dar aos ricos. Ou melhor, capta dinheiro emitindo títulos públicos, com base na taxa Selic (11% ao ano), e empresta a 6%. Isso significa que ele arca com 5% de todo o dinheiro emprestado. Dos R$ 414 bilhões emprestados este ano, R$ 20,7 bilhões são pagos pelo banco.  A seleção dos recebedores destes investimentos, porém, segue incerta: ninguém sabe quais critérios o BNDES usa para escolher os agraciados pelos empréstimos. Boa parte das obras financiadas ocorre em países pouco expressivos para o Brasil em termos de relações comerciais, o que leva a suspeita de caráter político na escolha. Fale mais sobre isso. Você já tem nomes dos atores dessa tragédia financeira?  – Narcizo Villas Martins – Maricá – RJ.

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