DESTRUINDO A TRIBUNA, O GENERAL DO SNI, QUERIA
SER O ÚLTIMO "PRESIDENTE". SOBEM MUITO AÇÕES DA PETROBRAS, E OS
INDÍCIOS DE UM NOVO MINISTRO DO SUPREMO
HELIO FERNANDES
15.04.15
Cresce
assustadoramente (a palavra é essa) não a exigência popular pelo impeachment,
mas a tentativa do PSDB de colocar o assunto como prioridade absoluta. Só que
os principais líderes da legenda, não aparecem nas ruas, não falam em público,
não defendem a derrubada do presidente de forma clara e límpida: "O
impeachment de Dona Dilma é a solução para recuperação do país".
Os
movimentos do PSDB são visíveis, apesar de só agirem nos bastidores, em plena
escuridão. Através de intermediários escusos, tentam inovar na matéria,
modificar o que está na Constituição, procurando obter a votação indispensável
na Câmara.
Não
por decisão parlamentar, mas através de um requerimento dito popular, não se
sabe com quantas assinaturas. Isso não está escrito na Lei Maior ou "Carta
Magna".
Quem
analisa, traduz, pensa, conhece historia, sabe que o pós-impeachment é uma
incerteza total. No Brasil só aconteceu um, contra o presidente Collor. Foi um
desastre completo, apesar um personagem serio, correto, politicamente acima de
desconfiança, Itamar Franco.
Mas
na época não havia reeleição, assumiu apenas 20 meses por “sugestões”
desequilibradas caiu no movimento pro-FHC.
Não deu
outra, foi releito. O mandato era de cinco anos, com medo de Lula, antes da
eleição, reduziu para quatro. Mas assim que se viu eleito, comprou a reeleição.
(Foi Ministro da Fazenda, Ministro do Exterior, teve todos os favores da
máquina).
Como
eu já disse, no impeachment, os articuladores não são sempre os vencedores. Se
houver o segundo impeachment, quais são os articuladores, quais serão os
vencedores? Pesquisas no último manifesto apontariam 33 por cento a favor do
impeachment. Mas 25 por cento desses traziam também, meio oculto, um papel, com
a chamada, “Volta, militar”.
Para
terminar por hoje, o debate sobre o assunto será longo e tumultuado, não
adianta nem teria sentido descarregar a arma com tanta precipitação. Sou
irrefutável e irrevogalmente contra o impeachment, o que não me leva por
instantes a defendê-la ou amenizar as criticas á sua desadministração,
contradição, falta de convicção.
Se o
vice que viesse depois do impeachment, se chamasse Nilton Campos, Afonso
Arinos, Osvaldo Aranha, Gustavo Capanema e alguns da mesma geração ou de uma
seleção de grandes homens públicos, talvez apoiasse a substituição.
Mas
com os “herdeiros” que se vê no horizonte, com o homem do “retrocesso de 80
anos em 8”, comandando o PSDB, os incautos se surpreenderão. E vou provar a
razão de dizer que FHC está debaixo dos holofotes.
Petrobras.
As
ações da empresa atingiram a maior cotação desde o ano passado. Em janeiro
estavam em 8,20 as ordinárias e 8,27 as preferenciais. Vieram subindo nos
últimos pregões.
Ontem
as ordinárias fecharam a 12,48 e as preferenciais um pouco acima de 13 reais. É
a maior cotação dos últimos tempos. Muito longe do auge em 43 reais, mas bem
melhor do patamar de 8 reais.
Supremo.
Indícios
de que o Tribunal passará a atuar completo. Dona Dilma não preenchia a vaga com
medo do veto de Renan. Este liberou três nomes para aprovação garantida, dois
deles agradam a Dona Dilma.
O
Presidente do senado, com processo antigo no Supremo, e agora investigado serio
na Lava Jato, recebeu informes de que havia insatisfação contra ele, fez
“acordo”. Ele não é de confiança, mas no momento, não tem muita resistência a
oferecer.
Respostas.
Celso
Pereira Junior quer saber se a "anistia ampla, geral e irrestrita"
foi uma blasfêmia totalitária. Isso e muito mais, na verdade muitíssimo.
Inicialmente foi a tentativa de livrar ou absolver Médici e Geisel os dois
"presidentes" que ainda estavam vivos. E mostrar ou demonstrar
generosidade.
Não
consultaram ninguém, apenas alguns coronéis também torturadores, muito civis
que colaboraram com a ditadura, e principalmente o General Otávio Medeiros,
Chefe do SNI, e que aparece igualmente o 1º de maio de 1981. Fato que
comentarei, a seguir, respondendo a outro leitor, que esqueceu de assinar, (ou
não quis, se quiser pode fazê-lo agora, o assunto é importantíssimo).
Os que
combateram a ditadura de armas nas mãos (apenas 60, chamados de
"guerrilheiros" e muitos outros assassinados nos subterrâneos da
ditadura) não podiam se beneficiar. Os que estavam no exterior, asilados ou
exilados, puderam voltar, "grande benefício".
Os
generais (e coronéis ainda não promovidos) queriam se livrar de punições,
tinham pânico de morrer na cadeia como aconteceu na Argentina e no Chile.
Conseguiram a auto-absolvição e a proclamação da inocência avaliada pelos
civis, tão culpados quanto eles.
Bastam
dois exemplos para mostrar qual a intenção deles. Dois anos depois dessa
"anistia" demoliram a Tribuna da Imprensa. Pura vingança por tudo o
que o jornal representou na luta contra eles. E o fato do repórter não ter
saído do país nos 21 anos em que torturaram, assassinaram, perseguiram, fiquei
agressivamente combatendo.
E um
episódio que não esqueceram: o fato de logo em 1979, vários advogados famosos
entrarem com pedido de indenização (com minha autorização) não contra a União,
mas pessoalmente responsabilizando Médici e Geisel. Tiveram contratempos, foram
incomodados, precisaram se defender no então Tribunal Federal de Recursos (que
acabou com a Constituição de 88) e no Supremo Tribunal Federal. Este teve a
covardia de declarar: "Geisel e Médici não tem nada com isso, responsável
é a União".
Ainda bem
que nenhum dos ministros de hoje integrava a tribunal de 1979/80. Os ministros
de 1979/80, se comparam aos ministros do Supremo da Era Vargas, Estado Novo,
mas com o Supremo funcionando que autorizaram o ditador a entregar Olga Benário
aos nazistas. (Ela nunca foi Prestes).
Esse general
Chefe do SNI, poderosos, pedia a prorrogação da ditadura, pois era
candidatíssimo a "presidente" em 1985. Foi o autor e realizador em
comando de tudo o que aconteceu cm a Tribuna em 1981. Fui então depor na CPI do
Terror que funcionava no Congresso. O relator Franco Montoro (depois seria
governador de São Paulo) veio ao Rio me convidar, fui depor, construí um libelo
nominal que durou 6 horas.
Esse
libelo desapareceu completamente. Tempos depois precisei consulta-lo, (falo
sempre de improviso), não conseguiram encontra-lo. Ninguém sabia do 1º de maio,
desse mesmo 1981, nova tentativa de prorrogação da permanência dos generais, no
caso o mesmo Otávio Medeiros.
Foram
incompetentes, a bomba era para explodir em outro lugar e não no carro, matando
militares. Para os autores, um desastre. Era preciso fazer inquérito, a
repercussão foi enorme. Garantiram a transição com a "eleição
indireta" de 1985, monitorada por eles, chamada de "transição".
E o inquérito?
O chefe
do SNI providenciou tudo. Conhecia um coronel negro (já morto) que não seria
promovido a general, chamou-o e determinou: "Você vai assinar o inquérito
sobre o "Atentado do Rio Centro". Não terá nenhum trabalho, é só
assinar. E será promovido a general".
Não podia
recusar, se o fizesse seria preso, teria um fim de carreira injusto. O
inquérito foi o mais incompreensível, logo arquivado. Mas os generais
torturadores continuaram mandando. Eleição direta só em 1989. Com tanto tempo
sem povo, sem voto, sem urnas, surgiram oito candidatos.
O general
Otavio Medeiros morreu 5 anos depois completamente desconhecido. Continuou
morando em Brasília, ia ao supermercado sem segurança alguma, não era
incomodado, ninguém sabia quem era.
Fardado,
parecia gigante. A paisana era um pigmeu.
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