Resta
esperar 2016?
FERNANDO
CAMARA
A última semana de “agenda cheia” de 2015
começou com as manifestações em favor do impeachment, onde o público bem menor
do que o esperado pelos organizadores, embalado por uma carta político
passional do vice Michel Temer, deu ânimo ao governo. E não foi à toa: ontem, o
Datafolha registrou que a avaliação negativa de Dilma,que era de 71%, passou a
65%, ou seja, ela respira. Se voltará com novo fôlego em 2016 ainda não dá para
saber, porque o tempo e a Lava-Jato não param. Vejamos a semana passada,
dia-a-dia:
Segunda-feira
Bumlai, o
churrasqueiro do Lula, foi denunciado com mais 10 investigados , dentre eles o
filho, Maurício de Barros Bumlai, e a nora do pecuarista, Cristiane Dodero Bumlai,
os irmãos Salim e Milton Schahin e Fernando Schahin ,o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, os ex-diretores da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró
e Jorge Zelada, o ex-gerente executivo da estatal Eduardo Musa e o lobista
Fernando Falcão Soares.
Assim
segue a confirmação de que as ações da policia seguirão pautando o cenário
político. Há quem defenda a aplicação do sistema de quotas para a Polícia
Federal. Quotas de 50% para descendentes de japoneses.
Terça-feira
A Operação
Catilinária e a cultura romana entraram nos lares brasileiros, com
todos os jornais explicando a série de quatro discursos célebres do cônsul
romano Marco Túlio Cícero. Os políticos entraram de vez na Lava-Jato e, agora,
o difícil será saírem dela com vigor para concorrer às eleições. Mas alguns,
talvez saiam apenas arranhados, com chances de recuperação. Alguns, entretanto,
não terão tanta sorte.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, por exemplo, não teve o mesmo alívio que
conseguiu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O
ministro Teori Zavascki, do STF, responsável pela Lava Jato no Tribunal, negou
o pedido de busca e apreensão na residência do senador. Talvez tenha agido de
forma a evitar, naquele momento, comprar briga com os dois presidentes de outro
Poder. Mas, o que não se sabia era que àquela altura ele já havia
silenciosamente autorizado a quebra de sigilo bancário de Renan, em 9 de
dezembro. A decisão, entretanto, só veio à tona nove dias depois.
Passaram
despercebidos pela imprensa:
- Aldo
Guedes, ex-presidente da Copergas e ex-sócio de Eduardo Campos.
-
Alexandre Santos (PMDB-RJ), ex-deputado federal.
- Djalma
Rodrigues de Souza, ex-gerente executivo de Gás Natural da Petrobras.
Este,
pernambucano, está abaladíssimo, não tem perfil para firulas, e se sentir
estressado falará.
O Conselho
de Ética, após dois meses, aprovou por 11 votos a 9 o parecer pela
continuidade do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Tia Silvana, uma paulista panfletária, diz que um sujeito para entregar
todos os malfeitos ou é frouxo e não aguenta um tranco ou é forte e suporta
tudo.
O Governo
anunciou a redução da meta fiscal para 0,5% do PIB, sem avisar ao ministro da
Fazenda. Mais decente seria uma demissão com agradecimentos pelos serviços prestados.
E foi.
Quarta-feira
Manifestações
contra o impeachment e a favor do pedido o afastamento de Cunha. O PT mostrou
que pode pôr gente nas ruas.
No mesmo
dia, Luiz Edson Fachin faria a alegria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
ao colocar em cena um voto em que mantinha a votação secreta para eleição da
comissão especial com a escolha da chapa alternativa. Cunha já se preparava
para eleger o restante da comissão, influindo inclusive para colocar João
Barcelar e Wellington Roberto, integrantes da tropa de choque cunhista como
suplentes. Mas, no dia seguinte...
Quinta-feira.
O voto
dos demais ministros...
Julgamento
no STF...
O STF acabou com o discurso do Golpe.
O STF
concluiu com tensão o processo de desarmonização dos Poderes, e
interferiu nos entendimentos internos da Câmara dos Deputados.
O
ministro Luís Roberto Barroso disse que a Câmara não escolheu e como não
escolheu, ele considera inaceitável a chapa avulsa. A partir deste princípio, a
Câmara passará a viver uma ditadura dos Líderes onde, se a bancada discordar de
uma determinação do líder, não poderá se manifestar contra.
Absurdo!
A senadora Rose de Freitas PMDB/ES concorreu, e perdeu no voto contra o líder
Henrique Alves PMDB/RN, que se tornou presidente da Câmara. O atual
segundo-vice-presidente, o deputado Giacobo PR/PR, concorreu em chapa avulsa,
sem a indicação do líder e venceu, em votos, do deputado Lúcio Vale PR/PA.
Todos respeitam, civilizadamente, os resultados. Não entendem como se organiza
e como funciona o Legislativo.
Candidaturas avulsas são rotina.
Picciani
foi um candidato avulso! E
agora tendo contra a sua "orientação" 51% dos parlamentares no
exercício do mandato, indicou oito contra o impeachment, sem política na mente,
ele mesmo provocou a revolta na sua bancada.
Voto
aberto (decidido por 6x5) prejudica
o voto favorável ao impeachment, nenhum parlamentar pode votar contra a vontade
do Governo sem por em risco possíveis retaliações, na sua base, ou na sua vida
pessoal, fato que aconteceu com as deputadas Elcione Barbalho PMDB/PA e Simone
Morgado PMDB/PA, mãe e madrasta do ministro Helder Barbalho,
que votaram contra o Líder Picciani e tiveram que envergonhadamente
modificar o voto. Lívio ficou surpreso...
Decisão
positiva é que o STF não irá determinar se Dilma praticou crime e o pedido de
Impeachment está aceito. A defesa
será feita no curso do Processo. Não considero que Dilma terá vida boa, diante
das decisões que parecem ser favoráveis à permanecia dela a frente do Governo,
ela não tem e não terá a maioria na Câmara e sempre terá que negociar com
Senado, cada ação, cada projeto.
O Senado
pode barrar (8x3), e
na decisão indica que pode barrar na entrada por maioria simples! Isto é, o
Senado, sendo a casa revisora e formada por representantes dos Estados,
reunidos em 41 membros, abrem uma sessão e22 senadores podem rejeitar uma
decisão de 342 deputados, representantes do povo. Que definições
esdrúxulas! Assim é difícil mostrar ao mundo que no Brasil tem segurança
jurídica.
Marco
Aurélio de Mello, que
votou em todos os itens a favor do Governo assim como Luiz Fux, está
feliz com a nomeação da sua filha Letícia Mello, nomeada na
quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff desembargadora do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo); ela disputou a vaga com
outros dois advogados mais experientes; aos 37 anos. Vejam como cada um dos
ministros votou:
Ministro
|
1) Chapa alternativa
|
2) Votação secreta
|
3) Defesa prévia
|
4) Senado pode barrar?
|
sim
|
sim
|
não
|
não
|
|
não
|
não
|
não
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sim
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|
não
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sim
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não
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sim
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não
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não
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não
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sim
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não
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não
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não
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sim
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sim
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sim
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não
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não
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não
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não
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não
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sim
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sim
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sim
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não
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não
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não
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não
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não
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sim
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sim
|
sim
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não
|
sim
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|
não
|
não
|
não
|
sim
|
|
RESULTADO FINAL:
|
Com este conjunto de decisões, parece que Dilma ficou refém do Renan e Picciani retornar à Liderança.
Sexta-feira.
Troca o
comando no ministério da Fazenda. Levy segue o seu caminho e o nó continua.
Levy não tinha mais como permanecer. Boicotado por todos do Governo, ele não é
do PT, não é convincente nem maleável como o Meirelles.
Nelson
Barbosa, por sua vez, conseguiu conquistar um sonho.
As
Agências de Classificação Econômicas concluíram que o Governo atrapalha e
atrapalhará a vida econômica. Assim elas se afastam e rebaixam os índices
econômicos do Brasil.
Dilma
chegou a procurar um nome no mercado, mas na falta de quem quisesse assumir,
ficou com a solução caseira que pudesse agradar ao PT. Só Nelson serve para
cumprir o papel de ratificador da política econômica de Dilma.
Ela fez a
opção pela sobrevivência e
de trabalhar para reconquistar sua base social, utilizando o dinheiro que
puder, e aumentando a inflação. Seguirá na cooptação de segmentos sociais
organizados: Índios, operários, desempregados, sem terras, sindicatos.
Dilma não
tira férias em janeiro, e nem Temer assumirá a presidência.
Cerveró
contará mais
Delcídio
continua preso e Cerveró (que foi diretor internacional da
Petrobras e não fala inglês) vai passar o Natal em casa. Cerveró
disse que se comprometeu repassar US$ 2,5 milhões ao senador Delcídio e que
ajudou a destinar US$ 6 milhões de propina para Renan Calheiros e Jader
Barbalho.
Ameaçou
entregar mais uma operação em que envolveria um atual diretor da Petrobras e
mais parlamentares por mais uma operação, a de compra de quatro navios
petroleiros que foram comprados, por um intermediário da Frontline, conhecida
empresa de transporte de petróleo bruto, e em seguida revendidos para a
Petrobras por mais que o dobro, em 2011. Esta operação assustou ao Mariozinho
(um simpático broker experiente) na época, pois não entendeu nada, mas agora
poderá ser esclarecida.
Sábado
Ufa! Até
o japonês descansou.
Nova
Comissão Especial
Renan será o próximo alvo, e se despediu do ano
legislativo com as seguintes palavras: "O ano que não começou e não
terminou ". Ele acha que serão esquecidas as denúncias contra ele. De
novo? Renan assume para si a tarefa de unir em outra direção.
Lula
entregou José Dirceu
Afirmou
no depoimento em prestou à PF, que as nomeações dos diretores da Petrobras
forma feitas por José Dirceu... De 2004 pra cá muia coisa mudou...
Randolfe
o fotogênico
Reparem
como o senador Randolfe Rodrigues ganhou espaços na TV Globo após a troca de
partido, do PSOL pela REDE. Até no Fantástico ele está presente.
Com esse
"excesso" de democracia, nos despedimos deste 2015, desejando a todos
um Feliz Natal e uma boa festa de Ano Novo, à espera do que possa vir em 2016!.
Voltarei
em 11 de janeiro de 2016!
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