Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Nos EUA, três tentativas de impeachment.

22.12.15
HELIO FERNANDES

Os conquistadores da independência e da República, tiveram que enfrentar a terceira e definitiva, promulgação da Constituição. Se entregaram á tarefa com total dedicação, eles mesmos se intitularam de "país fundadores”, como está no texto. A grande preocupação era evitar qualquer golpe de Estado, como aconteceu em muitos países. Em 228 anos, não ocorreu nenhum. 

Não pensaram em assassinatos, muitos foram mortos em pleno poder, incluindo Lincoln e Kennedy, mas foram substituídos pelos vices. O que interessa hoje, pela comparação, é o processo do impeachment. Foram três, em dois a deposição foi derrotada. O presidente do terceiro estava no fim do mandato , o impeachment foi transformado em renuncia. 

1- Lincoln foi "nominado" candidato pelo Partido Republicano em 1860. A tradição determinava que o vice fosse escolhido por ele, sem consulta a ninguém. Indicou o governador do Tennesse, Johnson, com todas as credenciais, mas uma surpresa: pertencia ao Partido adversário, o Democrata. “Disputaram e ganharam a eleição, Lincoln explicou publicamente: “Acreditamos que é preciso um novo partido, apenas dois não cumprem as convicções de toda a população”“. Como governaram os 4 anos em guerra, não puderam tratar do assunto.

 Reeleitos, Lincoln foi assassinado quando comemorava o primeiro mês do mandato, Johnson assumiu. Imediatamente o Partido Republicano, se julgando prejudicado entrou com impeachment contra ele. Como a legislação não é complicada, como aqui, houve a votação, Johnson ganhou pela diferença de 1 voto, cumpriu o mandato inteiro, fez belíssima carreira.  

2- Nixon, derrotado por Kennedy em 1960, se elegeu em 1968, foi reeleito em 1972, já chamuscado pelas labaredas do Watergate. No fim de 1973 quase 1974, o Procurador Geral, que trata do assunto lá, fez um acordo com o vice corruptíssimo, Spiro Agnew, não queria tirar o efetivo, e entregar o cargo ao vice. Começou então a cuidar do impeachment de Nixon que já estava todo acertado.

Conversou com o presidente, ele pensou um pouco, pela nova emenda 24 de 1952, ficaria mais 2 anos, depois não seria mais nada, nem eleito nem nomeado. Renunciou. Então, pela primeira vez na Historia dos EUA, assumiu o Presidente da Câmara, Gerald Ford, para cumprir os últimos 2 anos. Pela tradição, escolheu como vice, o bilionário Nelson Rockfeller. Até hoje falam num grande negocio e não numa escolha.

3- O ultimo ia atingindo o Presidente Clinton, não pelo escândalo com a estagiaria da Casa Branca, mas por um dos crimes mais punidos nos EUA, o perjúrio. Criada a Comissão para julgar o presidente por perjúrio, ele se salvou com uma negativa e uma afirmação: “Eu não fiz sexo, apenas servi de objeto para um ato oral". Tecnicamente era verdade, política ou moral não houve crime, o processo foi arquivado. É hoje um dos ex mais populares Esperemos o que acontecerá no Brasil, no segundo impeachment.

Datafolha, sem data e com falha.

Pesquisa inusitada, despropositada, sem inicio, meio e fim. Se é para 2018, imprudência completa, é impossível analisar ou até adivinhar o que acontecerá nos próximos três anos. Juntando as 10 maiores agencias do mundo, nenhuma aceitará o trabalho.  Se é para uma eventualidade, como localizar e com que personagens, no tempo e no espaço, essa eventualidade? 

Se afastarmos a decadência da vida publica, o desgaste geral, a corrupção que atingiu níveis devastadores, a falta de constrangimento que se localiza em todos os partidos, pode parecer contraditório, mas 2018 está muito mais perto. A lista de candidatos apresentado pelo Datafolha é a mesma de sempre , com Dona Marina colocada pela terceira vez como quase favorita, e duas vezes sem ir sequer para o segundo turno.

E o prefeito Eduardo Paes que por causa das Olimpíadas e da parte boa da administração, está aparecendo de forma fulgurante nos holofotes, é tido e havido como candidato do PMDB. Lógico, se houver eleição agora ou depois. Pois o Datafolha coloca o prefeito com 1 por cento dos votos. 

A leniência de Dona Dilma.

A presidente mandou medida provisória para o Congresso, visivelmente tentando destruir o trabalho sensacional e inédito da Lava Jato. Aprovada essa medida, (que Dona Dilma e os palacianos chamam de a "delação premiada" das empreiteiras), essas empreiteiras corruptas e corruptoras, poderiam assinar contratos com órgãos públicos.

Vergonha “e escândalo, a justificativa, é que diminuiria o desemprego”. E  os bilhões  e bilhões  roubados da Petrobras ? Esse Congresso que está aí é capaz de aprovar essa medida sem nenhuma restrição. E Dona Dilma ficaria feliz.

Posso acreditar que Dona Dilma não rouba, embora a roubalheira passe bem perto dela. Carlos Lacerda foi um grande governador da Guanabara, não roubava nem deixava roubar. Não houve nenhum processo, todos tinham pânico do desperdício, hoje todos dizem, "eu não sabia de nada". 

Como não saber, em Pasadena, na Petrobras, como também disseram que não sabiam no mensalão. Talvez essa "leniência” possa ser pensada, cogitada, admitida, até realizada, mas com uma condição garantida. Teriam que devolver todo o dinheiro roubado, com juros e correção. E não haveria perdão criminal nem financeiro.
  
A própria presidente já disse varias vezes no mais abrangente e poderoso órgão de comunicação que é a televisão: "Não respeito nem aceito delator". Agora quer favorecer esses delatores ladrões que fizeram fortunas bilionárias roubando o povo? Durante um tempo, podem assinar cheques de indenização da cadeia mesmo. Mais tarde, em prisão domiciliar, continuarão preenchendo o resto dos cheques, as  
tornozeleiras não atrapalharão.

Ciro Gomes, o trovão da madrugada.

Foi a melhor entrevista dos últimos tempos. O ex-prefeito, governador, ministro , duas vezes candidato a presidente da Republica, respondeu a todas as perguntas. E o jornalista Jorge Bastos Moreno, que comanda o programa "Preto  no Branco", não deixou de fazer nenhuma."(Net , l50, Canal Brasil,a verdade de cada um).Ciro contou tudo o que sabia e que constava da pergunta. Ridicularizou e gozou Michel Temer, por causa da carta infantil que mandou a Dona Dilma. E acrescentou textualmente:" Temer assinou as mesmas coisas que Dona Dilma ,descobri por que iria esconder ?”.

Disse que é amigo de Aécio Neves "ha 37 anos", mas não concorda com seu comportamento, depois de derrotado na eleição presidencial. Perguntado sobre a razão de não ter aceito ser Ministro de FHC, respondeu em duas etapas. Primeiro disse que não tinha confiança. Depois, mais extenso, "FH não mantém postura adequada para um ex-presidente”. Falou sobre a compra da reeleição, deu até o nome do ex-ministro que fez o pagamento, "Sergio Motta". Quando este repórter escrevia sobre o assunto, com FHC no poder, não dava o nome do Ministro, ele morreu cedo. Mas Ciro tem todo o direito de dizer o que quiser.  Entrevista é para o cidadão contribuinte eleitor saber das coisas, e essa cumpriu sua obrigação jornalística. 

Nelson Barbosa o Ministro incipiente.

O dólar passou de 4 reais pela primeira vez nos últimos 2 meses. A bolsa caiu mais uma vez. Os juros vão subir e a inflação também. Mas o Ministro joga toda a culpa na Previdência, diz que já no inicio de 20l6, apresentará projeto de reforma da Previdência. Por que não apresentou antes? E que reforma será essa, se ha pouco foi aprovada uma, ruidosa, conhecida "como 85\95?

Petrobras amaldiçoada. 

Ontem suas ações vieram a 8,23, o mais baixo dos últimos tempos. (No ano passado chegou a 7,22).Tudo é grave e quase irrecuperável na vida da empresa que já foi orgulho nacional. Alem da desgraça, a tragédia, do escândalo nacional em massa, da quadrilha que foi e continua sendo o apogeu da corrupção, a queda voluptuosa dos preços internacionais do produto.

Ha 2 anos, um barril de petróleo valia entre 120 e 130 dólares. Ontem, em Nova Iorque, esse mesmo barril não obtinha mais do que 34 dólares. No apogeu da euforia, para retirar 1 barril dos subterrâneos do pré-sal, a Petrobras gastava entre 48 e 55 dólares. Vendia no mínimo por 120, que maravilha. Agora, por cada barril retirado, perde 20 dólares. Aguentará quanto tempo. Na Arábia Saudita, Rússia e outros grandes produtores, falam sem qualquer duvida: “O preço do petróleo começará a se recuperar, mais ou menos dentro de 5 anos. Arábia por que eu iria esconder?". 

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