Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 18 de agosto de 2015

HELIO FERNANDES 
Publicada em 21.04.14

PARTE I

O Exército sempre mandou no Brasil, aética e imoralmente, mas não perseguiu, torturou, violentou e assassinou cidadãos com a intolerância e arrogância desses 21 anos. E não mandaram apenas na República.

Caxias chegou a general com 18 anos, marechal aos 25, Duque aos 28 anos. É o único duque de toda a história do Império. Comandou as tropas brasileiras na estranha e deprimente Guerra do Paraguai. Veio embora em 1868, dizendo, “a guerra acabou”. Só acabaria em 1870.

Três países, Brasil, Argentina, Uruguai, devastando e destruindo o Paraguai por ordens da Inglaterra, que então dominava o mundo, política, territorial e militarmente. 

Em 15 de novembro, Deodoro e Floriano traíram o Imperador e a República

Os “Propagandistas da República” e os “Abolicionistas”, (que geração esplêndida de brasileiros) vinham há anos lutando pelo fim da escravidão, que já acabara em muitos países. E pela República. Foram derrotados e ultrapassados por esses dois marechais, que como coronéis, vieram brigados do Paraguai.

Na madrugada de 15 de novembro de 1889, se reconciliaram, derrubaram o Imperador de quem se diziam grandes admiradores, traíram os civis que lutavam sem esmorecimento pelo progresso, libertação e a tão ansiada República. Deodoro e Floriano tomaram o Poder, indiretamente, ficaram até 25 de fevereiro, quando foi “promulgada” a primeira Constituição da República.

Mas era uma Constituição falsa, tudo continuou igual. Deodoro, que era presidente indireto, foi confirmado como presidente novamente indireto. Floriano, vice indireto, também garantido indiretamente. E Deodoro foi forçado a nomear o próprio Floriano Ministro da Guerra. 

Deodoro dá outro “golpe”, mas logo é derrubado por Floriano

Em 8 de novembro do mesmo 1891, Deodoro cansou de ser o segundo de Floriano, decidiu se libertar. Fechou o Congresso, demitiu Floriano, mas não tinha força para se manter. 15 dias depois foi afastado do cargo, quem tinha a força era ele, Ministro da Guerra. 

Floriano assume inconstitucionalmente

A Constituição de 1891 determinava: “Se o cargo de presidente ficasse vago na primeira metade. O vice assumiria, convocaria eleição DIRETA, em 30 dias”. Floriano assumiu e ficou até o fim, se julgava Imperador.

Mas em 1894 veio Prudente de Moraes, o primeiro civil, embora os militares mandassem de verdade. Não assassinando, mas gozando dos privilégios e mordomias, que se repetiriam mais ainda, com a criação de Brasília. 

Sem violência, militares se satisfizeram com mordomias e grandes privilégios

Os 41 anos da chamada “República Velha”, ganharam essa denominação pejorativa por causa de alguns civis mas também por muitos militares. Estes inventaram a ocupação de dois cargos ao mesmo tempo, um militar e outro civil. Acumulavam dois cargos, recebiam os dois salários, mas só ocupavam um.

Os “heroicos” e “bravos” tenentes de 1922, 24 e 26, tomaram o poder de verdade em 1930. E logo fizeram o maior festival de imoralidade e falta de ética. Ressuscitando as “capitanias hereditárias”. Então, cada um assaltou (a palavra é essa), um estado, se transformaram em governadores, secretários, Ministros, depois senadores. 

Todos “continuaram” oficiais acumulando com cargos civis

Vou citar alguns casos, seriam centenas. Em 1932, o Segundo Tenente, Ernesto Geisel saiu da Academia com 21 anos, foi mandado servir na Paraíba. O governador, Gratuliano de Brito, logo nomeou-o Secretário da Fazenda. Recebendo os dois salários, sem ir ao quartel, mas com todos os “direitos” às promoções.

Em 1934 Geisel foi promovido a Primeiro Tenente, quando um oficial é promovido, logo é “remanejado”, linguagem da tropa. Foi para o Rio Grande do Norte, praticamente bastava atravessar a rua. Novamente: Secretário de Finanças mudava de nome, de estado para estado.

Como major, foi Superintendente da Refinaria de Cubatão. Chegou a quatro Estrelas sem conhecer nenhum quartel. E ainda foi para o STM, fugindo de Costa e Silva “presidente”.

*Amanhã parte II
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