Legislação
trabalhista: solução ou dissociação?
(...) A
proposta de modernizar a legislação trabalhista consiste em eliminar entraves
burocráticos e criar leis específicas que permitam aumentar a competitividade e
o diálogo entre patrões e empregados. Uma nova lei, um novo código, seria a
solução?
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
25.08.15
A modernização do
Direito do Trabalho vem ganhando densidade na medida em que novas e inovadas
fórmulas de aplicar penalidades ao empregador, se tornam mais agudas e até
exageradas do ponto de vista da praticidade, fazendo com que instigue a
propositura de recursos, frente nulidades nas decisões e sentenças.
Existem institutos que precisam ser aprimorados e
adequados à realidade atual com base na experiência de outros países, de modo
que a legislação trabalhista deixe de ser um entrave e passe a ser indutora do
crescimento econômico.
O tema não é único, eis que já se discute exaustivamente
há anos, essa “modernidade”, tendo como meio a própria reforma trabalhista que
tramita no Congresso, sem que um dos seus principais pontos, a redução da
jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanal saia do papel.
Sobre este aspecto discute-se nos dias 27 e 28 de agosto
em Porto Alegre o Colóquio Internacional: A modernização do Direito do
Trabalho, numa clara e insofismável demonstração da necessidade urgente de seu
ajuste aprimoramento. Cabe lembrar que o governo Lula, anunciou que promoveria
a reforma, no entanto decorridos 13 anos, isso não ocorreu.
Dados
da base Estatística da Justiça do Trabalho (2010) organizada pelo Conselho
nacional de Justiça, revela que apenas 31% dos trabalhadores conseguem
efetivamente receber seus créditos. Os números foram referendados pelo próprio
TST.
Tenho sido freneticamente um
critico da postura da magistratura trabalhista quanto a sua participação nas
questões de fundo do direito do trabalho, eis que entendo permissa venia, que este postulado unilateral juiz/estado negocia
uma situação que tem a forma e conteúdo ao gosto do julgador, e sendo assim, é
de estranhar que o juiz afeto a área teria a frente que julgar tema que ele
mesmo propôs.
Ocorre que entre o ano de
2000 a 2012, cerca de 25 milhões de ações trabalhistas foram ajuizadas, o que
corresponde a uma média de 2,5 milhões de ações por ano. Um número elevado, que
somado ao resíduo de 8 milhões de ações, transformaria (e foi o que ocorreu), a
JT num pandemônio.
A
proposta de modernizar a legislação trabalhista consiste em eliminar entraves
burocráticos e criar leis específicas que permitam aumentar a competitividade e
o diálogo entre patrões e empregados. Uma nova lei, um novo código, seria a
solução? Seria exatamente o que foi feito com o Novo Código Civil Brasileiro?
“Deveríamos ter pouca legislação e muita negociação”, defendeu o
ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianoto, no Seminário Trabalhista que a Amcham
– São Paulo promoveu nem fevereiro do ano passado na capital paulista.
Segundo
o ex-ministro, a legislação precisa parar de tratar os trabalhadores como “incapazes”.
“Quando criaram a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), usaram como
princípio que todo trabalhador é um relativo incapaz. Que somos
hipossuficientes e não temos discernimento”, criticou.
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