1930,34,38.42, VARGAS NÃO SAIU DO PODER, SEM VOTO, POVO, URNA, ELEIÇÃO. IDEM, IDEM PARA OS GENERAIS DE 1964.
Parte –
II
HELIO
FERNANDES
Publicada em 16.06.14
A ditadura do
Estado Novo
Em 1934, Vargas
“nomeou” para a Constituinte 17 deputados sindicalistas, chamados de “pelegos
trabalhadores”. E a seguir outros 17, que seriam os “pelegos patronais”. Como a
constituinte era formada por 143 parlamentares, Vargas já com 34 votos a favor,
facilmente transferiu a “direta” para 1938. Escândalo, vergonha, despeito e
desprezo democrático.
Tomou posse
indireta nesse 1934, em 1935, 1936 e início de 37, preparando a consolidação do
poder. No início de 1937, chamou o deputado Negrão de Lima, incumbiu-o da
missão: consultar os governadores para apoiar o que chamava de “Estado Novo”.
Negrão correu o
Brasil inteiro, recolhendo entusiasmo. Apenas três governadores discordaram.
Lima Cavalcanti, de Pernambuco, recusou com veemência, diante do que Negrão lhe
contou, 48 horas depois viajou para a Europa, não voltou mais.
Flores da Cunha
resistiu
Governador do
Rio Grande do Sul, conversou apenas cinco minutos com Negrão, mandou o recado a
Vargas: “Lutarei pela democracia com os “Provisórios”. (Era a tropa do estado).
Com Juracy
Magalhães, da Bahia (apesar de cearense) conversa rápida e a resposta: “Diga a
Vargas que não serei problema, mas vou conversar com ele pessoalmente”. O
Juracy oportunista de sempre, ainda foi importante no golpe de 64.
O Estado Novo,
ditadura como sempre torturadora
No dia 10 de
novembro o Congresso foi fechado, centenas de pessoas presas, Prestes preso
desde 1936, transferido para prisão pior e mais isolada. Negrão de Lima foi
feito embaixador, ainda não havia a “carreira”. O Instituto Rio Branco seria
criado em 1938, a primeira turma de diplomatas surgiria em 1941.
Flores da Cunha,
que fugira para o Uruguai, foi chamado
Julgado por
ordem do já ditador, Flores foi condenado a 2 anos de prisão, fugiu para o
Uruguai. 1 ano depois, Vargas mandou Batista Luzardo, (amigo dos dois)
comunicar a Flores que “poderia voltar, estava tudo esquecido”. Flores voltou,
foi preso assim que desembarcou, teve que cumprir os dois anos da condenação.
Esse era o Vargas de sempre.
Valadares
substitui Negrão
Os dois eram
mineiros, espertíssimos e altamente governistas. Todos os governadores foram
transformados em interventores, incluindo Valadares. Para interventor de São
Paulo, Vargas nomeou Armando Salles de Oliveira, genro do doutor Julio
Mesquita, dono do “estadão”.
Acreditaram que
não aceitariam, o que fizeram com a maior satisfação. Só que Vargas era como os
elefantes, “não esquecia”. Na noite do próprio dia 10 de novembro, o doutor
Julio Mesquita foi asilado em Portugal.
O que ninguém
entendeu foi o asilo do ex-presidente Artur Bernardes. Grande nacionalista,
como governador de Minas, acabou com o monopólio da Hanna Mining. E como
presidente da República, liquidou a multinacional.
O asilo foi tido
como medo de uma possível candidatura de Bernardes. Como se Vargas era um
ditador, apoiado “mil por cento” pelos militares?
Stalin manda
pedir a liberdade de Prestes
Em 1940 chegou
ao Brasil um alto membro do Politburo Soviético. Recebido logo por Vargas,
transmitiu o recado de Stalin: “Manda dizer ao senhor, que agora que somos
aliados, gostaria de ver Prestes em liberdade”. Rapidíssimo no que lhe
interessava, disse que precisava de um tempo.
Compreendeu logo
o “trunfo” que tinha na mão. Transferiu Prestes para a Penitenciária da Frei
Caneca. Construíram para ele, uma casinha de madeira, dois quartos e uma sala.
Liberdade total para receber amigos e correspondência.
E manteve
contatos com ele, através de amigos. Até que no fim de 1945, libertou Prestes
que imediatamente lançou o slogan: “Constituinte Vargas-Prestes”. Mas seu fim
havia chegado, não percebera.
No dia 29 de
outubro de 1945, às 5:10 da tarde saiu preso do Catete. Às 9 da manhã nomeara o
irmão “Beijo”, estroina, bêbado que varava as madrugadas nos cassinos, para o
cargo de Chefe de Polícia. Foi um ato de desespero, civis e militares retiraram
o apoio o apoio a ele. Mas durou 15 anos.
O absurdo da
volta, a tragédia do suicídio
Dutra que
durante 15 anos era chamado de “condestável do Estado Novo”, mantendo o apoio
dos militares, herdou o Poder. Em 1950, empossado em 1951, Vargas devia ter
ficado no Rio Grande do Sul. Além do mais não sabia “governar
democraticamente”.
Criou tantos
problemas, que os militares ficaram contra ele. Pouco mais de 3 anos da posse,
não tinha mais condições de continuar. Depois de uma reunião ministerial
tumultuadíssima, subiu, deu um tiro no coração, “deixo a vida para entrar na
História”.
Nada improvisado,
o texto já estava escrito pelo jornalista Maciel Filho. Entrou realmente na
História, mas o país no mais completo caos.
JK quase não
toma posse
Eleito em 1955,
para tomar posse, teve que receber o apoio militar, enquanto outro grupo de
militares decidiu que não poderia tomar posse. Seu grupo militar era mais
forte, governou os 5 anos, passou o cargo a Jânio, “tréfego peralta”.
Este “garantido”
por generais, queria dominar para sempre. Não conseguiu. 10 anos depois de
Vargas sair de cena de forma magistral, outro golpe que duraria 21 anos.
Para onde
estamos caminhando?
A nossa frente,
o precipício da incompetência. Dos que estão no Poder e dos que pretendem
conquistá-lo. Preparam um golpe branco ou serão surpreendidos por uma
interrupção, que pode ser chamada de impeachment. Haja o que houver, a lâmpada
incandescente está se apagando, com reeleição ou sem ela.
Pergunta
trágica, dramática, praticamente sem resposta. Nos 125 anos de República,
quantos de democracia o país conheceu? Qual o número de vices assumiram no
lugar dos verdadeiros?
Impeachment só
um, por quê? Oportunidades para outros, existiram. O sistema que sairá das
urnas de outubro tem validade de mais quatro anos?
PS – E esses
CONSELHOS que Dona Dilma quer impor e implantar quase em cima da eleição, que
validade democrática terão?
PS1 – Não são
eleitos diretamente, e então são absurdos. Estarão invalidando a
representatividade popular, por mais irregularidades que estas pratiquem.
PS2 – Esses
CONSELHOS têm mais semelhanças com os Soviets, que Lenine começou a disseminar
em 1905, aproveitando a guerra sino-japonesa. Com o protesto e a não
concordância de Trotski, com outras ideias.
PS3 – Lenine que
já estivera preso e fugira várias vezes, sofreu um atentado, ficou com uma bala
“colada” no coração. Foi morar na Suíça, com a primeira mulher, Sônia
Krupskaya, nenhum cirurgião quis operá-lo.
PS4 – Todo cuidado
é pouco para a existência desses CONSELHOS. É preciso combatê-los desde agora,
é traição aberta e ostensiva ao regime democrático.
PS5 – Ontem eu
dizia, que nos 125 anos de República, poucos foram democráticos. Violentaram a
República com REVOLUÇÕES, GOLPES, agora surgem esses CONSELHOS.
PS6 – Todo cuidado
é pouco, indispensável cada vez mais RESISTÊNCIA. Qualquer que seja a
identificação da tomada do poder, ela é CONTRA O CIDADÃO.
(FIM)
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