HELIO FERNANDES
publicada em 13.08.14
A Teoria dos Três Poderes tem pelo menos mil anos, Executivo,
Legislativo e Judiciário. Se o que foi chamado de regime do povo, pelo povo e
para o povo, tivesse que ser reduzido para dois, através de um plebiscito,
referendo popular e direto, qual seria eliminado?
O Executivo tem que ser mantido, ou não seria Democracia e sim anarquia
e nihilismo (Paulo Solon). O Judiciário tem errado muito através dos tempos,
principalmente tempos ditatoriais e “funcionando” ostensivamente.
Mas é indispensável. Como viver sem Justiça, mesmo eventualmente
contestada ou desfigurada? O próprio Rui exaltava a Justiça como um todo,
embora desprezasse individualmente juízes venais. Como escreveu neste libelo de
1899, no jornal “A Imprensa”, que infelizmente durou pouco tempo.
“Todos os juízes tíbios, acreditam, como Poncio, salvar-se lavando as
mãos do sangue que vão derramar, do atentado que vão cometer. Como quer que te
chames, prevaricação Judiciária, não escaparás ao ferrête de Pilatos: O bom
ladrão, salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde.”
Sobre o Legislativo, que pelo menos no Brasil (e não apenas no Brasil)
vai se degradando cada vez mais. E seria prazerosamente descartado, se o povo
tivesse Poder. Trabalham apenas um dia por semana, deixam acumular 3 mil vetos
presidenciais, como se não tivessem importância.
Recebem, votam (a favor) e aprovam as inconstitucionais Medidas
Provisórias, como se fossem manifestações legais e irrefutáveis. Sem falar nos
atos de corrupção. Não adianta repetir como tantos tolos, “é melhor um
Congresso funcionando precariamente, do que um Congresso fechado”.
Esse Congresso, em 1934 transformou a
eleição DIRETA em INDIRETA. Em 1964, sancionou o ditador Castelo
Branco.
Em 1997/98 aceitou o pagamento (bolso a bolsa, em dinheiro vivo) para
reeleger FHC, a primeira vez que isso acontecia no Brasil. Em algum desses
casos, e em centenas de outros, serviram ao povo? São servos, submissos e
subservientes, pensam (?) apenas nos seus interesses pelo Poder.
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A versão mais próxima da morte de JK
Juscelino Kubitschek faleceu em
22 de agosto de 1976, durante viagem de carro na rodovia
Presidente Dutra, segundo as autoridades de então, a história oficial que
relatava sua morte em um mero acidente automobilístico, no antigo quilômetro
165 (atual quilômetro 328) da Rodovia Presidente Dutra, na altura da
cidade fluminense de Resende.
O automóvel em que
viajava, um Chevrolet Opala, colidiu violentamente com uma carreta
carregada de gesso após o carro ter sido fechado por um ônibus, mas o corpo do
seu motorista e amigo Geraldo Ribeiro, que também perdeu a vida nesse acidente,
apareceu com uma perfuração semelhante as deixadas por um disparo de arma de
fogo na cabeça, segundo fontes da segurança em 1976, o que levou muitas pessoas
a afirmarem que o ex presidente havia sido vítima de assassinato.
Até hoje, “o local do
acidente é conhecido como "Curva do JK", antes conhecido como "
Curva do Açougue".
Mais de 300 mil pessoas assistiram ao seu funeral em
Brasília, onde a multidão cantou a música que o identificava: Peixe
Vivo. Seus restos mortais repousam no Memorial JK, construído em 1981, na
capital federal do Brasil, Brasília, por ele fundada.
Teoria da conspiração a respeito da morte de Juscelino Kubitschek
Duas semanas antes do acidente
que teria vitimado o ex presidente JK, uma notícia a respeito de sua morte, em
um acidente de carro, já tinha corrido o país, mas, depois, confirmou-se que se
tratava de um boato. Algumas pessoas acreditam que o boato teria sido espalhado
para funcionar como um teste, para saber a reação da população, afinal o ex
presidente era uma figura muito popular, o que era visto como um problema pelos
militares.
Quando aconteceu o acidente que
vitimou JK, o carro em que Juscelino estava não foi periciado, e, na exumação
do corpo do motorista, que também morreu no acidente, foi encontrado um objeto de
metal em seu crânio. Há duas versões para a origem desse metal: A versão
oficial fala que o objeto era um prego que se soltou do caixão, causando um
buraco no crânio, já os defensores da teoria de que JK teria sido assassinado a
mando dos militares, afirmam que tratava-se de um projétil. As fotos de
ambos não foram incluídas nos laudos “por recomendação de ordem superior”. Um
perito contratado pelos responsáveis pela reabertura do inquérito, em 1996,
disse que o ônibus não encostou no carro.
O vereador paulista, Gilberto
Natalini afirma, no entanto, que um passageiro que estava no ônibus depôs para
a Comissão da Verdade Vladmir Herzog e contou uma versão diferente, em que o
veículo dirigido por Geraldo Ribeiro teria feito uma ultrapassagem perigosa
pela pista da direita entre o ônibus e a carreta com que colidiu, atravessando
uma grade de proteção.
“A suspeita é de ele tenha
sofrido um atentado antes da ultrapassagem do ônibus”, afirma Natalini.
Uma coincidência de morte
Um fato particularmente
intrigante nessa história trata sobre uma estranha “coincidência”. Carlos
Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, as três maiores lideranças do
movimento Frente Ampla, em oposição à ditadura militar, e que articulavam o
retorno às eleições diretas, morreram em um intervalo de apenas 10 meses, todos
em circunstâncias estranhíssimas. JK morreu nesse acidente de carro ainda não
esclarecido. Carlos Lacerda foi internado na Clínica São Vicente com gripe;
recebeu uma injeção e, no dia seguinte, morreu vítima de uma infecção no
coração; e João Goulart, que teria tido um infarto, foi encontrado com um
travesseiro no rosto. A morte de Jango continua sendo investigada na Argentina,
país onde ele estava exilado.
Uma conspiração Sul Americana
Um outro fato importantíssimo a
favor da teoria do assassinato de JK é a carta que Manuel Contreras, chefe da
polícia secreta de Pinochet, enviou ao general João Figueiredo, então chefe do
SNI de Geisel, em 1975. Nela, Contreras se mostrou preocupado com a possível
vitória de Jimmy Carter nas eleições americanas, o que beneficiaria dois
inimigos: JK e Orlando Letelier, ex-chanceler do governo de Salvador Allende e
opositor de Pinochet. Nessa mesma carta, Contreras ainda manifesta apoio ao
“plano” de Figueiredo. Um ano depois, JK e Letelier morreram – o último, em uma
explosão de bomba em Washington – com um intervalo de apenas um mês. Há
suspeitas de que todas essas mortes fariam parte de um plano chamado Operação
Condor (clique aqui para ler mais a respeito), que
objetivava a eliminação de opositores das ditaduras sul-americanas.
Investigações a respeito da morte de JK no Brasil
Em 1996, seu corpo foi exumado,
para se esclarecer a causa de sua morte, levantando-se novamente a polêmica
sobre o caso. O laudo oficial da exumação novamente concluiu que foi
apenas um acidente de trânsito, sendo tal laudo contestado pelo secretário particular
de JK, Serafim Jardim, no livro "JK, onde está a verdade".
Em 2001, a Câmara dos Deputados
instituiu uma Comissão Externa - requerida pelo marido da neta de JK,
ex-deputado Paulo Octávio - para averiguar as suspeitas de assassinato do
ex-presidente. A apuração final da Comissão foi taxativa: "Por mais que se
exercite a imaginação e a criatividade, não se consegue encontrar um argumento
sólido, balizado, lógico e técnico que possa apoiar a tese de assassinato. Os
menores detalhes não passaram despercebidos. Investigamos todas as dúvidas,
todas as suspeitas. À medida que as questões foram sendo esclarecidas e
respondidas, a conclusão foi-se impondo inexoravelmente. Ao final destes
trabalhos, não restam mais dúvidas de que a morte de Juscelino Kubitscheck foi
causada por um acidente automobilístico, sem qualquer resquício da consumação
de um assassinato encomendado."
Em 2012, a Comissão Nacional da
Verdade que analisa os crimes políticos ocorridos entre 1946 e 1988, decidiu
analisar o inquérito sobre a morte de Juscelino. Finalmente, em 9
de dezembro de 2013, a Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, da cidade
de São Paulo, anunciou que o ex-presidente na realidade foi assassinado. Em 22
de abril de 2014 a Comissão Nacional da Verdade, concluiu que a morte de
JK foi acidental.
"O ex-presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em
decorrência de lesões contundentes, sofridas quando da colisão frontal entre o
veículo Chevrolet Opala, em que viajavam, e o Scania Vavis", destaca o
relatório apresentado hoje pela Comissão Nacional da Verdade. "Não há nos
documentos, laudos e fotografias trazidos para a presente análise qualquer
elemento material que, sequer, sugira que o ex-presidente e Geraldo Ribeiro
tenham sido assassinados vítimas de homicídio doloso".
*
Matéria
publicada originalmente no Blog Noite Sinistra.
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