Parte -
I
HELIO FERNANDES
Publicada em 16.06.14
Getúlio Vargas não gostava de voto, urna, representatividade. Em 1930
tomou o poder, já perdera uma disputa para Julio Prestes, governador de São
Paulo, eleito para suceder o também paulista Washington Luiz. Não havia eleição
e sim escolha pelo partido único, o Republicano.
A prática era a mesma e funcionou (?) durante 41 anos da chamada
“República Velha”. Os presidentes escolhiam o sucessor, mandavam telegrama aos
governadores pedindo apoio. Todos apoiavam, respondiam afirmativamente.
João Pessoa não concordou
Governador da Paraíba, sobrinho do futuro presidente Epitácio Pessoa
(que em 1919 ganhou de Rui Barbosa sem sair de Paris) respondeu ao telegrama do
Presidente, apenas com uma palavra que fugia do habitual, trivial, normal.
A palavra usada pelo governador, está há mais de 50 anos na bandeira da
Paraíba: “NEGO”. Washington Luiz ficou surpreendido, mas fez a eleição assim
mesmo, com Vargas adversário derrotado por Julio Prestes.
Getúlio se conformou
Ninguém protestou, não se conspirou para uma revolução, golpe ou outra
eleição. Acontece que pouco tempo depois, João Pessoa foi assassinado em
Recife. Não por motivo político e sim por inimizade pessoal. Seus amigos não
queriam que fosse a Pernambuco, foi morto covardemente numa confeitaria de
luxo. Aí voltou a vontade do poder e do golpe.
1930: o poder sem eleição
Os que coordenavam a candidatura Vargas, passaram a se reunir e impedir
a posse de Julio Prestes. Conseguiram no dia 3 de outubro, a posse seria em 15
de novembro, 42 dias depois. Vargas tomou posse em 24 de outubro, não como
presidente mas como “Chefe do Governo Provisório”. Não se incomodou sabia que
ficaria no poder, não passaria o cargo a ninguém.
De 1930 a 1945, sem parada para reabastecimento
Assumiu, logo cassou e prendeu muita gente. O país ficou sem
Constituição. Em 1932 os paulistas fizeram o que foi chamado de “Revolução
Constitucionalista”. Não era nem uma coisa nem outra. Em 1929 houve a quebra de
Wall Street que atingiu vastamente os “barões do café” de São Paulo.
Nessa época o Brasil exportava 96 por cento de todo o café bebido pelo
mundo, 92 por cento de São Paulo, 2 por cento pelo Estado do Rio, outros 2 pelo
Espírito Santo. Com a miséria implantada, o mundo deixou de comprar, São Paulo
em situação desesperada, fizeram esse movimento de 1932, quase uma guerra
civil.
A Constituinte de 1933/1934
Espertíssimo, Vargas destroçou os “revolucionários” de 1932, mas convocou
a Constituinte para logo a seguir. Fariam a Constituição e marcariam a eleição
direta para 60 dias depois de promulgada a Constituição de 1934.
A Constituição saiu, mas não houve a eleição direta. Frustração geral.
Vargas ficou no poder, transferiu a eleição direta para 1938. Como fez isso?
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