MISTIFICAM E DESENGANAM COM O
DESEMPREGO. O PDT MORREU JUNTO COM BRIZOLA.
HELIO FERNANDES
25.05.15
Quando o
segundo Joaquim tomou pose na Fazenda e Nelson Barbosa no Planejamento, comentei
aqui, podem procurar no arquivo, se passaram apenas seis meses: “Nelson
Barbosa, executivo de Mantega, queria substituí-lo, não conseguiu, foi embora.
Agora assume o planejamento como suposto, possível ou previsível substituto na
Fazenda”.
As coisas
estão se encaminhando, depois de controvérsias com a própria Dilma, e protestos
insistentes do PT. “Levy é muito conservador”, ele encontrou um ponto de apoio:
o “ajuste fiscal”. Sofrendo oposição de todos os lados, se mostrou muito mais
esperto do que pensavam, foi buscar apoio para esse “ajuste” no exterior.
Viajou para o
exterior, fez contatos demorados com Agencias de classificação de risco,
conversou lá fora, trouxe até uma delas ao Brasil, conseguiu que as duas mais
importantes deixassem bem claro: “Sem ajuste fiscal o Brasil não escapará do rebaixamento”.
Pânico total
e absoluto. O que permitiu que Levy conversasse no congresso com os que fazem
oposição a Dilma: PT e PMDB.
(O PSDB de
Aécio inteiramente desligado do que deveria ser o seu papel, só trabalha e trata
do impeachment, o que não vai acontecer. E se acontecer destrói a remotíssima possibilidade
dele e o seu partido chegarem ao poder em 2018).
Chegou a hora
final, a mesa preparada com duas plaquetas e duas cadeiras. Ministro da
Fazenda, Ministério do Planejamento. Este, sozinho “informou” que Levy estava
com gripe. Levy não aceitou o “ajuste fiscal”, fico trabalhando até tarde no
seu ministério, e ainda acrescentou que não estava nada satisfeito.
Agora tudo e
incerto, até mesmo o tempo que Levy demorará, para ficar ou sair. O ajuste é
uma incógnita, a permanência de Levy nem tanto. Dona Dilma é a mais preocupada,
nenhuma surpresa. No primeiro mandato gastou ou desperdiçou mais do que devia.
No segundo, deve mais do que pode pagar, cortar os gastos seria a forma de “arranjar”
recursos para o inusitado “superávit primário”.
Em matéria de
micro ou macroeconomia, a questão e apenas de “ser ou não ser”. Mas nesse palco
cambaleante, nenhum personagem tem formação “shesquepereana”.
Desemprego.
O governo
anuncia que a taxa dos que não têm trabalho, está em 6,4 por cento. E conclui: “Assim,
1 milhão e 600 mil pessoas estão desempregadas”. É inacreditável que jornais,
televisões e comentaristas, aceitem tranquilamente esses números.
Essa taxa “encontrada
e divulgada”, é sobre a “população economicamente ativa”.
Há um evidente
“confronto” entre a realidade e o que o governo considera razoável e que pode
ser aceito pela comunidade. 6,4 sobre a “população ativa” que deve ser de 80
milhões, provocaria mais ou menos cinco milhões de desempregados. Para combinar
os dois números, a “população ativa” teria que ser de apenas 25 milhões,
impossível para um país com 206 milhões de habitantes.
Nos países desenvolvidos,
a “população ativa” costuma ser um terço dos habitantes ou um pouco mais.
Fiquemos nesse terço. EUA: 300 (hoje 306 milhões), portanto 100 milhões “ativos”.
Na Europa praticamente a mesma coisa.
Com 200 (204)
milhões de habitantes, esses 25 milhões, impossível de aceitar. Digamos que
essa população “ativa” seja de 50 milhões, um quarto dos habitantes, entre 3
milhões e 3 milhões e 500 mil desempregados. Por favor, retifiquem, os
desempregados estão entre 5 e 6 milhões. (Fora os que ganham de 30 a 50 reais
por dia, mas isso já é outra história).
Resposta.
Tadeu Lopes,
obrigado pela correspondência, mas são tantas perguntas, que tenho que responder
de forma entrelaçada, alguns fatos rigorosamente históricos, jamais publicados,
rigorosamente verdadeiros. Começo pela visita de Brizola á Tribuna da Imprensa,
o descontentamento de muitos funcionários, não sei como você pôde ou pode saber
disso.
Funcionários (não jornalistas) cm 30 anos de casa, (o jornal foi fundado
em 1949, isso aconteceu em 1979) não gostaram da ida dele ao jornal.
Uma tarde, da
portaria me avisam, “o governador Brizola está aqui, quer falar com o senhor”.
Nunca havia falado com ele que fez toda carreira no RGS, (deputado estadual, prefeito
da capital, Governador), com uma exceção até então: Candidato a deputado
federal pela Guanabara com Lacerda governador. Vitória estrondosa. De cada 10 eleitores,
quatro votaram neles. Mandei subir, lógico, o que fazer?
Me abraçou,
amistoso, amável, agradável: “Tinha um compromisso comigo mesmo”. “A primeira
vista teria que ser você. No exílio éramos mais ou menos uns 20, já não mais em
Montevidéu. Todo dia chegava 10 Tribunas, disputávamos. Teu artigo sobre
Castelo Branco, é Histórico, ficará para sempre. Prova de coragem, grandeza,
desprendimento”.
Passou a
relatar seus projetos. “Vou recriar o PTB, fundado por \Vargas”. 15 anos fora
do Brasil, desinformado, não sabia que a “anistia” era uma farsa, os generais
continuavam mandando. Principalmente Golbery, que mobilizou o Tribunal
Eleitoral, tirou o PTB de Brizola, entregou a Ivete Vargas, que colaborara com
a ditadura.
Fundou o PDT,
disputou e ganhou o governo da Guanabara, quase não tomou posse por causa da
Procosult e da campanha da Sujíssima Veja, sempre utilíssima e servil á
ditadura. Brizola naturalmente queria a presidência da república, tentou
prorrogar o mandato de João Figueiredo para 1986 assim a eleição seria direta.
Não conseguiu.
Depois da
vitória e da morte de Tancredo, a primeira direta em 1989, sucedendo aos 21
anos da terrível ditadura. Muitos candidatos. Ulisses, Mario Covas, Lula, Brizola,
Fernando Collor e outros. Collor foi para o segundo turno com Lula que venceu
Brizola por meio ponto.
Foi parta a
fazenda no Rio grande, chamou Lula de “sapo barbudo”, voltou, teve que Apoia-lo.
Me disse: “eu ganharia de Collor”. A eleição de Collor, ou melhor, o seu
impeachment mudou a Historia do Brasil. Todos conspiraram contra ele, a começar
pelo seu líder na Câmara, Renan Calheiros. Traição completa, Collor não
percebeu nem acreditou. A grande campanha do impeachment foi liderada por Renan,
com FHC e se aproveitando do irmão de Collor que estava morrendo de câncer.
Usaram a Sujíssima Veja como sepultura, o velório dele e da revista.
Assumiu o
vice Itamar, como não havia reeleição, ficou apenas dois anos. E logo preparou
a candidatura de FHC, que foi feito Ministro da Fazenda, e a seguir,
simultaneamente Ministro do Exterior. De senador sem importância e em fim de
mandato, a presidente, com os cargos, os privilégios e a máquina do governo.
Sem nenhuma
generosidade mas com temor evidente, FHC nomeou Renan ministro da justiça. De “advogado
de porta de Xadrez” a Ministro, Renana continua o destino controverso mas vitorioso.
Do impeachment até agora, 23 anos debaixo dos holofotes.
Antes
intimidava o presidente, era feito Ministro. Agora confronta e enfrenta outro
presidente, o preço é mais relevante: quer escapar da Lava-jato.
Se Collor
tivesse cumprido o mandato inteiro, em 1994 os candidatos naturais seriam
Brizola e Lula. Com qualquer dos dois, a História seria diferente. Em 1998,
numa madrugada de “café gaucho”, (que eu não conhecia) disse a Brizola que ele
não podia ser vice de Lula, não ganhariam. FHC já havia comprado a reeleição,
ficou até 2002.
Lula depois
de FHC, já era muito tarde. E com a morte de Brizola, morreu também o PDT.
Assumiu Carlos Luppi, essa mesma decepção que está aí. Tinha uma banca de
jornal quase na esquina do edifico onde Brizola morava. Descia todo dia para
comprara jornais, conversavam, não sei o Brizola viu nele, levou-o para o
partido, ficou intimissimo.
Assumi
discricionariamente, está até hoje. Foi Ministro do Trabalho, demitido por
Dilma, respondeu pelos jornais e televisões com ridícula “declaração de amor”.
O PDT até hoje é a cara do Luppi, não entendo a razão de não ser afastado. A
subserviência tem muitos adeptos.
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Helio Fernandes
O texto abaixo retrata o mais próximo dessa
realidade que envolve o HSBC. Completando as suas matérias, que deixaram de fora
pontos técnicos e essenciais para informar o leitor. Quando informamos entendo
seja importante fornecer maiores subsídios. Sou da área econômica e conheço a fundo a questão. Queira por gentileza aceitar minhas considerações.
O HSBC no Brasil com ativos totais de 150 bilhões
de reais, trata-se do quarto banco privado no Brasil, antecedido por Itaú,
Bradesco e Santander, e o sétimo na classificação geral. Bradesco, BTG Pactual
e Santander compõem a relação de possíveis compradores, seguidos pelo canadense
Scotiabank, por chineses como o Industrial & Commercial Bank of China e o
espanhol Bilbao Vizcaya. O que vão adquirir esses bancos? A quadrilha de
golpistas internacionais, muitos aqui do Brasil? Isso pode e deve acontecer?
O motivo do fechamento de 77 negócios nos
últimos quatro anos. Entre 2013 e 2014, a instituição foi investigada na Europa
por manipulações nos mercados de câmbio e de taxas de juro. A situação
agravou-se com a descoberta, em fevereiro deste ano, das contas secretas de 106
mil clientes de 203 países na filial suíça, com mais de 100 bilhões de dólares
em depósitos feitos entre 1988 e 2007 por governantes, empresários, políticos,
celebridades e criminosos, no escândalo apelidado SwissLeaks. O banco é
suspeito de cumplicidade com a sonegação provavelmente cometida por 95% desses
clientes. Com 7 bilhões de dólares em 8.667 contas, o Brasil é o nono colocado
em volume de depósitos e o quarto em quantidade de contas correntes secretas.
A Receita Federal e uma Comissão Parlamentar de
Inquérito instalada em março no Senado investigam as suspeitas de
irregularidades nessas contas, abertas por empresários, donos de grupos de
mídia, políticos e empresas, neste caso para pagamento, na Suíça, de parte da
remuneração de executivos. Compõe a vasta lista, banqueiros, empresários,
políticos, donos de empreiteiras e outros.
A provável saída do HSBC marca o fracasso da
abertura financeira dos anos 1990, anunciada pelo malfadado governo FHC como um
caminho para o aumento da eficiência do sistema financeiro local pela sua
exposição à concorrência externa. A Constituição de 1988 vetou a entrada de
capital do exterior, mas deixou uma brecha, no artigo 52, utilizada pelo
governo em 1995 para permitir o ingresso.
O efeito foi, porém, oposto ao anunciado. “A
ampliação da presença estrangeira no sistema bancário brasileiro não teve o
impacto previsto pelas autoridades econômicas na redução dos custos do crédito
e dos serviços bancários oferecidos à população e no alongamento dos prazos das
operações de crédito”, ao contrário, acabou se transformando num esbulho aos
correntistas. Que Brasil estamos vivendo!
Jonathan Lucas de Freitas – São Paulo.
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