Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 19 de maio de 2015

CASSADO, HELIO FERNANDES PASSOU A SER JOÃO DA SILVA. FRANCISCO REUNIU EUA-CUBA, PODE FAZER CONVIVER JUDEUS E PALESTINOS.

HELIO FERNANDES
19.05.15

Hoje, terça, o plenário do Senado decide se o advogado Luiz Edson Fachin realiza a sua quase obsessão de ser Ministro do Supremo. Está com 57 anos, aos 47 foi sabatinado pelo então presidente Lula. Queria apresentá-lo para a importante representação, ficou "assustado com seu radicalismo". (Fato público e notório).

No seu primeiro mandato, tendo que preencher uma vaga no Supremo, Dona Dilma, da mesma forma que o já ex-presidente, admitiu examinar o nome de Fachin.

Consultou Lula, recebeu o conselho: "Não faça isso, eu também pensei e recuei". (Outro fato público e notório), (Dilma também recuou). Agora, inesperada e insensatamente, volta com o mesmo nome, abandonado por Lula e por ela. Como se não houvesse outro, depois de oito meses de aborto a vaga.

O plenário, depois do show na Comissão, deveria RECUSA-LO sumariamente, e caminhar para uma possível recuperação. Ou REFERENDA-LO e partir para desagradável confronto e não apenas co m a opinião pública.

Nem precisava ou precisa da justificativa, bastaria examinar a inimaginável campanha que fez durante quase um mês. Montou equipe de "comunicação", em jornais, televisões, internet, blogs e sites. Contratou especialistas, visitou senadores (muitos deles se recusaram a recebê-lo, constrangidos), acompanhado primeiro pela própria mulher, que parou de segui-lo, declarando publicamente: "Não aguentava mais tanta caminhada".

Para os prováveis ou futuros Ministros, a Constituição de 1891, (Rui Barbosa) exigia “saber jurídico”. Admitamos que tenha, mesmo depois que a esdrúxula “reforminha” constitucional de 1926, tenha acrescentado a palavra “notável”.

A complicação para o doutor Fachin, começa com a interpretação das duas palavras, colocadas DNA mesma “reforminha” de 1926: “Ilibada reputação”. Levem logo para o lado financeiro, irregularidades em matéria de dinheiro, suposto enriquecimento ilícito.  O doutor Fachin pode passar pelo Edifício da Petrobras sem pensar em Lava-jato.

Para ele, o “terremoto do Nepal”, se agrava com o depoimento de 12 horas. Afirmou, negou, mentiu, recuou, disse e desdisse, para definir sem remissão: t-e-r-g-i-v-e-r-s-o-u. Palavra sem volta que nãoi pode ser usada por um Ministro do Supremo.

Seus votos, se for (ou fosse) aprovado, seriam todos contaminados pelo desdém e o desprezo que demonstrou pela falta de ética, de convicções, de sensibilidade com a verdade. Não pode ir para o Supremo, um “pulinho” territorial de onde será sabatinado. Mas para ele, intransponível.

Francisco, o roteiro da convivência.

Por tudo o que já fez, Francisco conquistou admiração quase geral. Mas fatos importantes podem leva-lo á canonização, milagres. 1 – Escreveu o roteiro do reencontro CUBA-EUA, depois de 54 anos de desequilíbrio e desentendimento, juntou Obama e Raul Castro. Esteve pessoalmente com os dois, a realidade de hoje, satisfação geral.

2 – Agora, o que ninguém conseguiu. Reconheceu oficialmente o Estado Palestino, recebeu carinhosamente no Vaticano o presidente Abbas. E com o novo roteiro na mão, parte para convencer Israel, que essa separação de 67 anos, é inacreditável.

O mundo inteiro, até mesmo os agnósticos, rezam por essa convivência de Israel e o Estado Palestino. E para mostrar que estava decidido a conversar e convencer os líderes israelenses, de que a paz unirá e libertará os dois países, canonizou pessoalmente duas freiras palestinas do século passado.

Respostas.

Zeli Miranda, Gutierrez Gonzalez, parabéns pelo seu importante trabalho. A censura nas redações só comeou oficialmente em 1968, com a chegada dos censores. Durou exatamente 10 anos, até 1978. Mas mesmo antes existia veto e alguns que escreviam com o próprio nome, não conheço textos com pseudônimos.

O meu caso, para qual você pede esclarecimento, não aconteceu por vontade minha e sim intervenção da ditadura. Em 1966  eu era candidato a deputado Federal pelo MDB da Guanabara. As pesquisas me davam a maior votação, havia minha participação ininterrupta e a ausência de muitos, asilados ou exilados.

Escrevi varias vezes, “não sairei do Brasil, haja o que houver”. Não saí mesmo,, “houve perseguição” de todas as formas, cumpri minha palavra.

A eleição era no dia 15 de novembro, fui cassado no dia 11, saiu no Diário Oficial do dia 12. Ás 9 da noite Mario Martins, candidato a senador pela nossa chapa, me telefonou:"Helio, quase todos os candidatos estão reunidos aqui na minha casa, pedem que você compareça amanha ás 9h, no enceramento da campanha na PUC. Se você aceitar, só haverá discurso, o teu". Aceitei logo.

Ás 9 horas da manhã parava meu carro na PUC, o reitor me esperava. Falou: "Jornalista, na minha sala estão dois coronéis fardados, que disseram que o senhor não pode falar, está cassado. Respondi que consultei meus superiores, que me disseram que não recebe ordens do exército, e o que eu decidir, está decidido. Se o senhor quiser, pode falar".

Respondi imediatamente: "Se é assim, estamos perdendo tempo, devíamos estar no palanque". Fiz o discurso mais violento da minha vida, mostrando que a ditadura viera para ficar. "necessário e indispensável" (textual) que aumenta e a resistência, principalmente dos que escreviam.

Na hora que chegava á Tribuna a comunicação oficial, não escrita: "Helio Fernandes está proibido de escrever ou dirigir jornal". Não colocaram o artigo, o que incluía outros veículos. Examinei o dia todo o que fazer, escrever e dirigir era tudo o que fazia, Resolvi então utilizar um pseudônimo.

Lembrei de João da Silva, um "Pracinha" que morreu na Itália. E na véspera de primeiro artigo, fiz o seguinte. Para avisar os leitores e desafiar a ditadura, coloquei na primeira, um espaço em branco do tamanho de uma foto 3 por 4. E a legenda: "A partir de hoje, a tribuna da Imprensa tem um novo colaborador, João da Silva. Como ele é muito tímido e não se deixa fotografar, só podemos fazer a comunicação".

Revolta completa entre os golpistas, o que fazer? Logo depois, (mais ou menos três meses) vários advogados de primeiro time entraram com ação na Justiça para que devolvessem o meu direito constitucional de trabalhar. A ação caiu com o grande juiz Hamilton Leal, que era também presidente da LEC (Liga Eleitoral Católica).

Sentenciou como se esperava: "determinou que fosse suspensa a proibição ao meu nome”. Como a igreja já combatia e ditadura, aceitaram, achavam que seria o chamado "mal menor". Durou pouco, logo no meio de 68 (antes do tenebroso AI-5) a tenebrosa censura.

Quanto a encontrar os textos, o arquivo da Tribuna é fantástico (mas no momento impossível entrar no jornal) e muita coisa pode ser encontrada na Biblioteca Nacional. Só não abandone seu trabalho, é importante e será inesquecível.

Em tempo: Mario Martins, foi eleito senador. Ficou pouco tempo no senado, cassado pelo AI-5. Os generais se assustavam com seu passado de resistência. Não adiantou. O nome e sobrenome continuaram a assusta os generais e até assombrar no futuro que não sabiam que era quase presente.
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Ilustre Jornalista,

A falácia da atual gestão da ABI, já estava evidente durante a campanha eleitoral, cínica, mentirosa, debochada, pedante, pretensiosa, ridícula. Nada surpreendente que, após eleita, ela mostrasse a verdadeira cara, da mesma maneira como a chapa se conduziu durante o processo eleitoral. A Chapa Prudente de Moraes, tolhida, e aceitando sê-lo, sem condições de reagir à altura, perdeu. Dançou. Agora, a entidade, que já estava mal, ficou muito pior. Não sei o que possa ser feita, num momento em que o país está mergulhado na mentira, no deboche, no achincale, na corrupção mais desenfreada, afundando na montanha de dinheiro de propinas e outras falcatruas indizíveis. Nesse contexto, no qual os colarinhos brancos tomaram de assalto todos os centros de poder, como salvar uma instituição menor como a ABI, menor diante das gigantes que naufragam no mar de lama. Sim, este é o verdadeiro mar de lama. O mar de lama de que Getúlio foi acusado era menor que a Lagoa Rodrigo de Freitas, onde os peixes continuam morrendo às toneladas. Os peixes somos nós, brasileiros sem cidadania, subservientes, amedrontados, impotentes, coniventes com todos os descalabros que nos humilham, diminuem, aviltam.

Grande abraço
Bruno Torres Paraiso

Um jornalista que não é famoso, nem ilustre, mas que sempre exerceu a profissão com dignidade, com honra, que nunca se serviu dela, apenas a serviu.


Caro Hélio Fernandes,

Sempre o achei um dos maiores jornalistas brasileiros. Mas de um tempo para cá tem sido complacente nas críticas, que sempre fizera às Organizações Globo.
O senhor se recompôs  com o  PIG, mentiras e escândalos?
Gostaria que me respondesse.

Tal empresa com a Veja fazem coro com suas opiniões?
Cordiais Saudações,
Marco Antônio de M. Almeida



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