QUANDO
ABRIR A “CAIXA PRETA” DO BNDES, A “CASA VAI CAIR”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
11.03.15
A presidente Dilma Rousseff
“não sabe de nada”! Não é novidade para ninguém que a transparência das
instituições públicas do Estado, operam com dinheiro público, sujeito a
fiscalização pública e a prestação de contas, mais que qualquer instituição
privada. Mas e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)?
Ápice dos investimentos e
financiamento prioritários para os portos, estradas e ferrovias. Recente vazou
uma lista com mais de 3.000 empréstimos concedidos pelo banco para construção
de usinas, portos, rodovias e aeroportos no exterior.
Mas a história tem seu
protagonista. Desde que Guido Mantega deixou a presidência do BNDES, em 2006, e
se tornou Ministro da Fazenda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social tornou-se peça chave no modelo de desenvolvimento proposto pelo governo.
Desde então, o total de empréstimos do Tesouro ao BNDES saltou de R$ 9,9
bilhões — 0,4% do PIB — para R$ 414 bilhões — 8,4% do PIB.
Ocorre que empréstimos,
aqueles destinados a financiar atividades de empresas brasileiras no
principalmente no exterior, eram considerados secretos pelo banco. Quando em agosto de 2014 o Ministério Público
Federal (MPF) pediu à justiça a liberação dessas informações, o juiz Adverci
Mendes de Abreu, titular da 20.ª Vara Federal de Brasília, considerou que a
divulgação dos dados de operações com empresas privadas “não viola os
princípios que garantem o sigilo fiscal e bancário” dos envolvidos.
Assim, o BNDES é obrigado a
fornecer dados solicitados pelo Tribunal de Contas da União, o Ministério
Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). No entanto nenhuma ONG,
ou outro órgão tem acesso aos documentos, a não ser aqueles que por ventura a
mui comprometida imprensa obter através de fontes fidedignas e vazar para a
sociedade. Como
se pode observar a BNDES capta dinheiro emitindo títulos públicos, com base na
taxa Selic (11% ao ano), e empresta a 6%. Isso significa que ele arca com 5% de
todo o dinheiro emprestado. Dos R$ 414 bilhões emprestados no ano de 2014, R$
20,7 bilhões são pagos pelo banco.
Na
vasta lista de muy amigos, temos: Porto de Mariel (Cuba): Valor da obra – US$ 957 milhões (US$
682 milhões por parte do BNDES). Empresa responsável – Odebrecht.
Hidrelétrica
de San Francisco (Equador): Valor
da obra – US$ 243 milhões. Empresa responsável – a Odebrecht foi expulsa do
Equador e o presidente equatoriano ameaçou dar calote no BNDES. Entre outras
quase cem obras patrocinadas com a Odecrecht sempre presente nos contratos.
Nos mais de 3000 (três mil)
empréstimos concedidos via BNDES apenas no período entre 2009 e 2014, nem o
BNDES nem e o Governo Federal fornecem valores. O BNDES só revela os
beneficiários de 18% dos empréstimos. Goza das benesses de Dilma/Lula não
apenas “empréstimos” internacionais a juros baixos sem retorno social,
preconizado na Carta Maior, em seu artigo 3º. Bem lembrado que a JBS/Friboi
tornou-se a gigante das carnes no país com 10 bilhões do BNDES.
Eike Batista, foi outro
grande contemplado do BNDES. Hoje em desgraça, já pegou os “empréstimos” a 5%.
Fato é que o banco passou a se abastecer com dinheiro do Tesouro: foram R$ 450
bilhões nos últimos cinco anos (até 2014), sendo que os recursos do Tesouro são
pagos à taxa Selic, que estava em 11% ao ano, enquanto o BNDES cobrava módicos
5% para emprestá-lo aos protegidos do sistema.
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