Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 18 de março de 2015

EM 24 HORAS, TEMER ENTREGA A DILMA PACOTE DE REFORMA POLÍTICA BURRA. LAVA-JATO HISTÓRICA: “FALTA ALGUEM EM NUREMBERG”.

HELIO FERNANDES
18.03.15

Anteontem, segunda Temer tomou o farto café da manhã pago pelo contribuinte, no seu palacete residencial. Ontem, terça, entregou a Dilma, “pacote da reforma política”. Nada consistente, coerente, competente. Praticamente só trata do financiamento de campanha, um dos itens relevantes.

Não tocou, ninguém vai tocar, ficará como está, incompatibilidade completa e irreversível: sistema político PRESIDENCIALISTA-PLURIPARTIDÁRIO. Aberração. Absurdo. Extravagante. Isso é “o pai e a mãe” de todos os erros e equívocos.

Daí surgem os 32 partidos, os 39 ministros, o troca-troca imoral e derrotista. Só existem três tendências. Centro, esquerda, direita. Podemos admitir direita radical, esquerda radical. Em 227 anos de República e independência, os EUA surgiram com 2 partidos, continuam até hoje com 2. O próprio Lincoln quis fundar o terceiro.

Lá mesmo existe espaço para um terceiro partido, que não surge nunca. Povo, políticos e especialistas, dizem; “Um terço do eleitorado nasce e morre Democrata. Um terço nasce e morre Republicano. O outro terço decide a eleição presidencial”.

Há mais de 30 anos se debate a reforma político-partidária. Temer, com todas as limitações, entrega um pacote, que vai diretamente para o lixo, ainda mais agora, com a greve dos garis.

Lava-jato histórico.

A apoteose da manifestação das ruas ficará inesquecível, já vai provocando mudanças, pelo menos de comportamento. Para analisar o impacto, Dona Dilma fixou uma linha inflexível, que tem que ser seguida por todos, começando por ela mesma: “A manifestação foi legitima, tranquila, democrática”. E conclui: “Mostrou que no Brasil, todos podem criticar até mesmo a presidente”. (Por que não usou presidentA, que exige dos subalternos, até ministros?).

Os ministros vaiados no domingo, foram abandonados. O mais servil, Eduardo Braga, derrotado fragorosamente no primeiro e no segundo turno, para governador do amazonas, foi feito ministro para que sua mulher suplente, assumisse no senado. Tem que exagerar na subserviência: “só não erra quem não faz”. Tolice e logo desmentido pela própria Dilma.
                           
Já na segunda-feira, ainda no rescaldo da gigantesca fogueira da véspera, a Dilma que chegou ao Planalto era outra, completamente diferente. Confessou que errou, (o país inteiro já sabia), “vamos mudar tudo”. Poucos acreditaram ou acreditam, mas pelo menos ela reconhece.
Telefonou para o patrono Lula, convidou-o para jantar no Alvorada, com mais 4 ou 5 ministros iluminados, no conceito dela. Só disse para o ex, que não podia ser cedo. “vou sair do Planalto tarde”. E realmente, pelo início da madrugada ainda conversavam, todas as luzes acesas, o estacionamento começou a se esvair por volta das duas horas. (Tanto que ontem, terça, pela manhã ninguém sabia nada, nenhuma informação).

Dona Dilma deu entrevista mais descontraída, se permitiu a caminhada pela inutilidade. Por exemplo: “A corrupção não nasceu agora, é uma senhora bem idosa”. Que não nasceu hoje, lógico, mas a imagem da “senhora idosa”, precária, medíocre, inócua.

Há mais ou menos 100 anos, Nova Iorque era dominada por bandidos, o desgoverno, total. Existe um belíssimo filme de Martin Scorceze, “As gangues de Nova Iorque”. Combatida, hoje pode ser uma “senhora idosa”, mas rigorosamente honesta.

Outro exemplo rápido: Chicago, de 1920 a 1933, ocupada por gangsteres, que dominavam tudo, assassinavam com armas moderníssimas, travavam guerra entre eles, mas todos enriqueciam. Por que essas duas datas que citei? Em 1920 foi aprovada a emenda á Constituição, (número 19) chamada de “Lei seca”, proibia totalmente bebidas publicamente.

Em 1932 Roosevelt foi eleito presidente tomou posse em 1933, a primeira emenda á Constituição aprovada, (número 20) acabava com a “Lei seca”. Aí podendo beber á vontade, em qualquer bar ou restaurante, derrota dos gangsteres. Al Capone, o mais famosos de todos, foi preso, morreu na prisão.

A ditadura sem Lava-jato.

Essa décima fase da maior investigação que já houve no Brasil, que começou segunda-feira, se chama “que país é esse?”. Muito repetida, copiada, usurpada, tem um autor inconfundível: Francelino Pereira, deputado e presidente da Arena, o partido da ditadura. Diziam que era “sustenta-lo do governo”, tolice completa. O golpe que se transformou em ditadura, se mantinha no poder por violência, a tortura, as armas. Não precisava da Arena ou do Francelino.

Em 1976, o general Geisel. Igual a todos os outros, anunciou: “Em 1978 haverá eleição direta para governadores de todos os estados”. Ninguém acreditou, é claro, quem combatia de verdade, ironizou a afirmação do “presidente”.

Francelino então apareceu e fez a frase famosa, que precisa ser citada na íntegra: “Que país é esse que não acredita na palavra do presidente da República?”. Só que Geisel não era presidente, (as aspas são indispensáveis) e não houve nenhum governador eleito em 1978.  Isso só aconteceria em 1982, com o povo nas ruas, em massa.

A volta das eleições diretas para presidente só aconteceu em 1989, 13 anos depois da fala do “presidente” em 1976. E diga-se com justiça: o general Figueiredo cometeu erros, mas trabalhou muito por essas diretas, em homenagem á memória do pai, general perseguido e preso na ditadura do “estado novo” de Vargas.

Fez uma frase. “prendo e arrebento”, que precisa ser publicada inteira: “Prendo e arrebento quem ficar contra a eleição direta”. Infelizmente teve que se operar do coração nos EUA, não pôde concretizar o que para ele era uma questão de honra. Quem foi o maior adversário das diretas, foi seu chefe do SNI, Otavio Medeiros, que queria o poder.  

Para terminar: essa eleição poderia ter sido conquistada democraticamente, comandada pelo povo nas ruas, com a provação do que se chamou de "Diretas já". Os grandes jornais e órgãos de comunicação ficaram contra, faltaram 23 votos para que houvesse a direta.

A eleição indireta aconteceu em 15 de março de 1985, no domingo se completariam ou se completavam 30 anos. A manifestação estrondosa e que está repercutindo aqui e no exterior é consequência da outra, não foi coincidência de datas e sim de objetivos.

Agradeço a dezenas de leitores pela solidariedade. E especialmente a Bartolomeu da Maranhão, que citou um a um os grandes jornais do mundo, que publicaram e comentaram o acontecimento popular. E termina: "Até no alemão Der Spiegel, matéria com fotos dos atos".

Espero que esses jornais, mesmo os comprometidos com a corrupção no formato financeiro, noticiem a condenação dos que dominam o Executivo e Legislativo, os bancos, os grandes e poderosos empresários, as empreiteiras, estas então, no caminho limpo da impunidade.

Não esqueço nem absolvo antecipadamente o judiciário, mesmo membros dos mais altos tribunais. A corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelou publicamente: "O Brasil tem 94 milhões de processos sem julgamento, em 2020, serão 114 milhões". Alguém é irresponsável e deve ser responsabilizado.

Expectativa da terça feira.

Poucos fatos, atenção intensa, sussurros e boatos quase todos com possíveis prisões. Um dos mais visados: João Vacari Neto, tesoureiro do PT. Nestor Duque está preso, ele e Vacari eram ligadíssimos. Duque vai depor amanhã na CPI, com autorizações do juiz Sérgio Moro. Será levado de Curitiba para Brasília, pela Polícia Federal. Seu advogado já aconselhou: "Não responda nada é um direito seu".

Isso serve ao PT, que passou as ultimas 48 horas preocupado com o tesoureiro. O partido está dividido. O perigo está na porta do PT, querem a demissão dele ou pelo menos o licenciamento. Lula e Rui Falcão, acham que é preciso esperar o depoimento do Duque.

Dona Dilma não quer nem ser ouvida, aprisionada pelo passado: "Todos têm que pagar, doa a quem doer, não pode sobrar pedra sobre pedra". Ela se julga intocável e não pode ser "investigada ou acusada". Não é bem assim, o tempo passa e as coisas mudam.

PS- Segunda feira, Mario Sérgio Conti entrevistou Eduardo Cunha para o horário das 21,30. Dos vários programas de meia hora, esse atinge as vezes 16% da audiência da própria Globonews. Antes, publicaram trechos enormes antecipando. Ontem terça mais duas repetições, uma pela manhã. Exagero, desperdício do não jornalismo.

PS2- Começou anteontem, segunda feira a novela da Globo e de Gilberto Braga. Majestosa, produção irrepreensível. As cenas de Paris, muito bem selecionadas. Nisso a Globo é insuperável. Começa com um bloco de 52 minutos, intervalo rápido, mais 46 minutos admiráveis.

PS3- O anuncio de uma dessas cervejas ditas artesanais, fez grande publicidade. Vergonhosa. Pejorativa. Apela á sedução sexual a mais vulgar. Devia ser proibida, nenhuma censura á liberdade. Onde está o órgão regulador da publicidade? Intitulava de "Vera-Verão", exibe a personagem em requebros e devaneios indecentes.
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